Estou de volta

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24 de outubro, 1576

Correr e procurar a vila por uma semana foi o bastante para que eu começasse a ver coisas que nem clarões em minha vista ou miragens. Não posso deixar de procurar por elas após descobrir tantas coisas do ancião. Se eu conseguisse correr com a mesma frequência, quem sabe eu já estaria lá. É no meio desses pensamentos que, enquanto descanso, a música que toca na vila vem aos meus ouvidos. Me enchi de esperança, estava perto! Eu começo a rondar aquela parte da floresta vendo se havia alguma parte com luz, mas apenas a música poderia me guiar naquela hora. É seguindo ela que eu começo a escutar o barulho do tambor, das damas pisando no chão e, passando por alguns galhos, eu tropeço e caio no chão da vila. A expressão de todas foi muito diferente do que eu estava acostumada. Para mim elas reagiriam com um  semblante de julgamento, mas desta vez elas estavam preocupadas. Elas me pegam no colo e cochicham entre si falando alguma coisa sobre casa Dríade e me levam para lá.
Assim que chegamos lá, consigo ver o que era isso que elas falavam. Era uma enorme mansão de madeira com parede de pedra. Havia várias fontes espalhadas por um jardim imenso que havia todos os tipos de flores que eu via em meu reino. Elas chegam comigo ainda em seu colo e procuram atendimento. Lá, elas começam a chamar por Uma tal de Lady Leo Nye Moors. De nome não conheço ninguém daqui mas, talvez de rosto eu saiba quem é. Elas me entregam para as damas que trabalhavam naquele local e asseguram que eu iria ficar bem, indo embora logo após. Eu não tinha muita opção a não ser ficar ali. Não penso em fugir outra vez, penso apenas em ficar aqui e aprimorar minhas habilidades o quanto antes do dia 31. No meio destes pensamentos chega uma mulher nova com cabelos ruivos se apresentando a mim. Ela faz parte da rodinha de Lady Joo, o que não me fez ficar surpresa.
- Bem vinda a Casa Dríade. Aqui seus ferimentos serão curados de forma rápida e indolor.
Após essa breve introdução ela começa a tratar os meus machucados, que inclusive eram muitos. Por eu estar descalça esse tempo todo meu pé ressecou e abriu alguns ferimentos mas não é nada de tão chocante. Assim que a Lady termina seu trabalho ela diz para eu descansar ou dar uma volta para conhecer o ambiente. É óbvio que eu irei dar uma voltinha. Preciso conhecer essa parte curandeira de coven. Eu sempre achei que curar tivesse a ver com a cor verde e eu estava certa, haviam flores e folhas para todos os lados e de todos os tipos. Também haviam muitos jardins, espalhados por todas as partes daquela enorme mansão. Enquanto andava começo a escutar um barulho de água caindo e, chegando um pouco mais a frente, me deparo com um jardim, não que nem os outros que eu tinha visto, era muito maior. Tinha muitas bruxas já em idades avançadas, que tomavam chá em suas companhias. Toda aquela cena me deixou pensativa sobre o quanto de suas vidas elas gastaram sendo parte de coven e mesmo assim estavam tão felizes tomando seus chás.
Sinto um breve aperto no peito, quero tanto ficar aqui por muito mais tempo do que até os meus dezoito anos. Me vieram muitas dúvidas em minha cabeça naquela hora mas foram embora mais rápido ainda quando Lady Leo Nye me chama.
- Não é belo? Este jardim costumava ser o meu ponto de repouso quando estava deprimida. Pode ter bastante velhinhas e alguns insetos que chegam e vão mas eu consegui encontrar uma paz interior nele.
Nós duas ficamos olhando para tudo aquilo por alguns segundos e ela joga...
- Quer saber de um segredo desse jardim?
Eu com curiosidade aceito e começo a seguir a Lady para uma parte mais escondida do jardim, atrás da pequena cachoeira que ali havia. Com algum tipo de chave em formato de folhas ela abre a passagem das rochas e me introduz a algo muito belo e novo, uma horta. Não era qualquer horta mas era uma horta de plantas medicinais onde pequenas Ninfas cuidavam. Acredito que não sabia como reagir a esse novo diante de mim e quis tocar nas plantas que ali estavam, porém, quando me aproximei demais, uma Ninfa me deu um tapa não mão. Fiquei em choque que elas eram tão agressivas mas Lady Leo Nye diz que elas faziam isso para proteger a horta que elas tanto amavam e cuidavam por mais de 100 anos. Ela também me comentou que havia bruxas que tinham o sobrenome " Nymph" pois haviam conexão com as ninfas e seus trabalhos de jardinagem. Saímos dali para dar continuidade aos meus exames e eu estava com outros pensamentos sobre o que fazer da minha vida, mas agora é definitivo, vou ficar!

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⏰ Última atualização: Oct 24, 2022 ⏰

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