Capítulo 6

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  No outro dia de manhã S/n chegou bem cedo ao refeitório e aproveitou para ajudar as cantineiras a preparar o café, apesar de tudo ela ainda tinha um pouco de humanidade.
Smiley chegou alguns minutos depois sem entender o porquê de S/n ter acordado tão cedo, era nítido em seu rosto que teve uma péssima noite de sono, aquilo o preocupava mas sentia mágoa de S/n, talvez seja pelo o que ouviu na tarde passada.
Decidiu não perguntar sobre nada, ele realmente queria ser amigo de S/n, mas depois de ouvi-la o xingando horrores no telefone era meio impossível, porque tinha que ser assim....

Queria preencher seu pensamento c "tanto faz" "eu não ligo para ela" "que seja", mas no fundo ele sabia que tinha alguma coisa errada com a garota, e isso o deixava bastante pensativo.

_ Bom dia. -disse ela tirando Smiley de seu transe

_ Bom dia.- disse e foi pegar seu café

S/n se sentou bebendo o achocolatado que havia na xícara sem se incomodar com a forma grotesca que acabará de ser respondida, ela já estava acostumada com essa forma de diálogo, respostas curtas e objetivas, seu pai era assim, a ensinou a não tomar o tempo de ninguém, ou do contrário você seria uma incoveniente e inútil.
S/n se privou de várias conversas que pareciam divertidas para seguir o conselho de seu pai, tinha medo de ser incoveniente com as pessoas, atrapalhar elas de alguma maneira, seu pai sempre se queixava de que S/n estaria atrapalhando ele seja apenas por sua presença, sempre reclamou por ter tido uma filha e não um filho, S/n se sentia culpada a ponto de um dia se vestir como um homem, na esperança de agradar o homem, que no momento estava em seu escritório trabalhando. Foi simplesmente a pior decisão de sua vida, coisas como: "você é uma vergonha" "não serve para nada" "eu tento te dar um futuro e você está perdendo tempo sendo assim?!" Foram escutadas por S/n e os vizinhos, aquele momento foi o fim de todos os sentimentos de S/n por seu pai, ela só queria distância de sua figura paterna, se é que podemos chamar assim.
Sua mãe nunca se importou muito com ela, então não há muito o que se dizer sobre a "mãe" de S/n até então.
  Desde que seu pai começou a colocá-la em escolas que os alunos não voltavam para casa na semana, ela se sentiu um pouco melhor, em qualquer lugar que esteja procura incansavelmente o silêncio, a calmaria, a paz...
Por mais que as vezes isso a deixe completamente isolada dos outros, é uma necessidade, para que ela consiga se manter em equilíbrio com ela e com mundo.
"A solidão nem sempre é algo ruim, depende do ponto de vista"

A manhã foi tranquila, as primeiras aulas passaram depressa, assim que ecoou o barulho irritante do sinal S/n foi na secretaria buscar a lista de presença, logo após começou a colher assinaturas, aluno por aluno, era algo realmente chato.
Sentia pena de Smiley por fazer isso todo dia sei lá por quanto tempo, agora estava explicado o porquê do mal humor, ela soltou um riso nasal enquanto lembrava da cara emburrada de Smiley logo de manhã.

"É... Parece que ele realmente não vai com a minha cara"

_ Ei! Você é a S/n certo?

_ Sim, eu mesma.

_ Falta eu colocar minha assinatura aí na lista, você esqueceu de mim! -ditou com ignorância

_ Não precisa gritar, me desculpe.

_ Você é uma inútil!

Por alguns minutos S/n enxergou seu pai observando-a de longe, mas sabia que aquilo não era real
"Eu sou inútil?..."

_ Ei! S/n!!

_ Me desculpe.... - disse com a voz trêmula, os olhos estavam marejados

_ S/n, sou eu Smiley! Não liga pra esse idiota, você tá bem?

_ Sim... eu sou preciso ficar um pouco sozinha....

  Saiu andando ainda aérea, Smiley não entendeu mas preferiu não entrar em detalhes naquele momento, ela parecia tão vulnerável

  "Me deixe te entender S/n...."

Seu Sorriso é Meu SolOnde histórias criam vida. Descubra agora