Os Opostos Se Atraem

Capítulo 03

Cecília 📍

Ainda na sala de aula, vejo o Felipe chegar, se sentar e ficar de cabeça baixa a todo momento. Por mais que eu estivesse ignorando as mensagens dele, ver ele assim, estava me deixando inquieta, porque algo em mim queria saber o motivo, queria tentar ajudar ele, mesmo não sabendo o que podia ser.

Não gosto de ver pessoas assim, tenho algo que sempre me faz querer ajudar o próximo, mesmo eu não conhecendo a pessoa e eu não sei se isso é uma qualidade ou um defeito. Desde pequena minha mãe me ensinou a a ser assim, me educou assim, e isso meio que acabou virando uma parte de mim, que nem todos conhecem.

Vejo a professora sair da sala, ficando somente nós dois, me levanto e vou até a porta, fechando a mesma, sabendo que só abriria na força do ódio, já que a porta tava mais fudida que meu irmão. Vou até o Felipe, me aproximando aos poucos, e ele permanecia de cabeça baixa.

- Ei, tá tudo bem?. - pergunto e vou me sentando na cadeira que tinha ao seu lado-.
Ele não responde, respiro fundo, e me aproximo mais, ficando de frente pra ele, podendo reparar ele todo.

Ouço um barulho de choro, ainda sem entender, coloco minha mão na cabeça dele e faço um cafuné, em seguida ele levanta a mesma e me olha. Assim que me olha, percebo que seus olhos estão vermelhos e seu rosto inchado, será que é efeito da maconha ou ele tava chorando mesmo, fico com essa dúvida.

- Ei, fala comigo

- Agora você quer falar comigo? Não bastou ignorar minhas mensagens?

- me desculpa.. - levo minha mão até seu rosto, e passo meus dedos sobre o mesmo, limpando suas lágrimas enquanto olho nos seus olhos, tentando passar certo conforto-.

- Por que você tá assim? Você não é assim, você tá mal

- Meu pai, Cecília.. - diz com a voz se embargando novamente-

Fico sem saber o que dizer, pois tinha entendido que alguma coisa grave teria acontecido com o pai dele, independente do pai dele ser um traficante, ele ainda sim, era um ser humano como eu.

Sem saber como lidar com essa situação, me aproximo mais um pouco e puxo sua cabeça, fazendo a mesma se encostar no meu peito, faço carinho por todo seu rosto, e automaticamente sinto suas lágrimas molharem minha mão.

- Você não precisa Cecília..-diz com voz de choro e a voz falhada-

- Eu não preciso, mas eu quero. - dou um beijo em sua cabeça e continuo o carinho, ficando em silêncio e apenas deixando ele chorar, enquanto tento passar um conforto pra ele.-

Felipe 📍

Eu não esperava essa atitude dela, confesso que estou surpreso pra caralho. E cá estou eu, deitado no conforto do seu peito, chorando igual uma criança menor, o conforto que essa garota tava me passando é surreal. Nunca fui de demonstrar fraqueza, chorar é uma delas, mas com essa garota eu tô mostrando, baixando minha guarda pra ela, por causa dela.

Sinto cada carícia dela, seu beijo na minha cabeça, sua respiração leve, que acaba me acalmando de uma forma que nem eu tenho noção, isso tá me fazendo tão bem, meu corpo relaxou com ela perto, reagiu de uma forma que nunca reagiu com ninguém. É estranho, pelo fato de nunca ter me ocorrido, muito menos com alguém que eu mal conheço menor, mas é o que essa garota me faz sentir.

- Cecília.. - a olho, já parando de chorar, fico olhando cada detalhe do rosto dela, admirando cada ponto.-

- Oi? Tá melhor?

- Graças a você, obrigado princesinha. - vejo ela dar um sorriso ao me ouvir chamar ela de princesinha, tirando um sorriso meu também-

Ainda olhando seu rosto, levo minha mão até seu rosto, acaricio o mesmo com as pontas dos meus dedos, vejo ela fechar os olhos enquanto recebe o carinho, relaxando totalmente.