Promete, ta?

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Pov: Robin.

Respiro cansado ao sentar no banco, a luz do sol bate no lago e deixa mais claro o azul da água.

Não me lembro quando cheguei aqui, queria que isso não fosse real.

Que nada fosse real. Nem esse lago, nem minha conversa com Billy, nem a morte de Finn......

Olho para o livro em minhas mãos, não queria abrir o anuário, não quero ver sua foto. Mas algo no fundo do meu coração grita que eu mereço isso, vê-lo uma última vez, posso jogar fora depois.

Olho em volta, nosso lugar especial. Finn e eu descobrimos esse lugar juntos, era algo nosso. Sempre vínhamos pra cá quando precisávamos pensar.

Quase sempre, no nosso futuro.

Não sei em que momento as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, mas as sinto tocar minha pele. Solto o livro e ponho a cabeça entre as mãos, pela primeira vez em dias, deixo as lágrimas caírem livremente.

Por que isso tinha que acontecer?

Por que ele não ficou na festa?.

Por que não cumpriu oque havia me prometido?

Me lembro de receber a notícia na manhã seguinte da qual cheguei. Meu amado Finney tinha sido encontrado morto, em uma das ruas de virada.

Talvez tudo fosse mais fácil se eu soubesse que ele não sofreu muito, mas não foi isso que os policiais disseram.

Finn não morreu quando o carro foi jogado para fora da pista, ele conseguiu sair do carro e andou por quilômetros pela estrada deserta, até cair.

Ele morreu no meio do nada, sozinho e por perda de sangue.

O motorista do caminhão alegou não tê-lo visto, Finn nem ao menos lembrou de ligar os faróis. Mas ele também não ajudou, seguiu seu caminho, talvez meu amado estivesse vivo agora se ele apenas......tivesse parado.

Me pergunto se Finn pensou em mim enquanto morria, se pensou que estava me deixando sozinho aqui.

Não sei que resposta eu quero.

Respiro fundo diversas vezes, antes de me ajeitar e pegar o anuário novamente, folheando as páginas, eu só quero ver ele.

Ele está lindo, um sorriso alegre no rosto, a camisa branca que eu tanto briguei para que ele trocasse, os cachos perfeitamente arrumados.......sinto sua falta, mi amor.

Penso em fechar o livro, mas algo me diz que devo olhar mais um pouco, oque me leva até a última folha. Normalmente é deixado para que os outros alunos assinem seus nomes, como uma lembrança.

Não deveria ter nada escrito, mas tem.

Reconheço sua letra.

Como ele conseguiu escrever isso aqui? Os anuários nem haviam sido liberados ainda. Ouço sua voz em minha cabeça, enquanto leio.

"Oi

Só queria garantir que ganharia de todo mundo, queria escrever aqui primeiro. Espero que seja mais uma prova do quanto eu te amo.

Ainda não consigo acreditar. Como foi que 3 anos se passaram tão depressa?

Parece que foi ontem que estava sentado na carteira atrás de vc tentando criar coragem para dizer alguma coisa. É estranho pensar que existiu um tempo antes da gente se conhecer.

Um tempo antes de "Finn e Robin" ou "Robin e Finn"? Vou deixar vc decidir essa.

Sei que vc mal a hora de sair deste lugar, mas vou sentir falta daqui. que eu entendo. Suas ideias sempre foram grandes demais para uma cidade pequena e todo mundo aqui sabe disso, mas estou feliz que sua trajetória, de alguma forma tenha feito vc parar em Ellensburg no meio do caminho. Assim, vc e eu tivemos a chance de nos conhecer.

Talvez estivesse escrito, sabe? Eu sinto que minha vida não começou até eu conhecer vc, Robin. Vc é a melhor coisa que aconteceu para essa cidadezinha. Para mim.

Me dei conta de que não importa para onde vamos a seguir, contanto que a gente esteja junto.

Vc ser sincero, antes eu tinha medo de sair de casa. Agora, mal posso esperar para seguir em frente e criar novas lembranças com você. não esqueça daquelas que fizemos aqui. Especialmente quando vc fizer sucesso :)

E, não importa oque aconteça, promete que nao vai me esquecer, ?

Enfim, eu amo vc Robin, e sempre vou amar.

Para sempre seu,
Finn."

Fecho o livro e me levanto depressa, começando a correr.

"Promete que nao vai me esquecer, ta?"

Era exatamente isso que eu estava tentando fazer, esquecer que Finn já existiu na minha vida. Pensei que isso iria aliviar a dor, mas não foi isso que aconteceu.

Pensei que apenas estivesse evitando falar sobre ele quando na verdade, estava o expulsando completamente das minhas lembranças.

Viro na rua da minha casa e olho a calçada com esperança, mas a caixa não está mais lá. Corro para dentro de casa e vejo minha mãe na cozinha.

Robin: A caixa, vc pegou a caixa?.- pergunto depressa, afoito.

Mãe: Que caixa, niño?

Robin: A que eu coloquei lá fora, por favor Mãe, me diz que vc pegou.- é possível sentir o desespero na minha voz.

Mae: Nao, Robin, eu não peguei nenhuma caixa fora.

Não, não, não, não, não.....por favor não.

Me apoio na bancada, colocando o caderno sobre a mesa, antes de sair correndo de casa. Eu preciso vê-lo, preciso provar que ainda não o esqueci e que nem vou.

Me vejo correndo em direção ao cemitério, sinto os pingos de chuva molharam minha roupa, mas continuo correndo. Corro sobre a água no chão, pisando em cada buraco velho na rua que agora está cheio de Barro. Mas assim que chego na entrada, eu paro.

Deus, oque estou fazendo?

Está chovendo e eu nem ao menos sei aonde Finn foi enterrado.

Minhas lágrimas se misturam com as gotas de chuva, antes que eu de um passo em falso, oque me leva ao chão.

Bato a cabeça, mas não sinto a dor, então apenas fico deitado. Chorando e pensando o quanto sou horrível.

Eu tentei esquecer a pessoa que eu mais amei no mundo, como eu tive coragem?.

Em uma atitude impensada, pego meu celular e disco seu número. Ouvindo chamar, não deveria chamar.

Começo a estranhar isso, antes de paralisar.

???: Robin? Olá? Robin é vc?.- não digo nada, estou assustado.- Robin, sei que parece estranho, mas sou eu o Finn.

Robin: Finn?.- pergunto, minha voz quase sendo engolida pelo trovão que rasga o céu, mas ele escuta.

Finn: Oi, meu amor.

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