Sou eu

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Pov: Robin.

Finn: Vc esta me ouvindo?.- nao respondo.- Robin? Vc esta ?

Afasto as gotas de chuva do meu rosto, devo ter apertado em uma de suas mensagens de voz sem querer. Droga, achei que tivesse apagado todas essa manhã.

Finn: Se vc consegue me ouvir, diz alguma coisa. Me diz se é vc mesmo, amor.....

Tento me lembrar de alguma ocasião que poderia ter gerado essa mensagem de voz, mas nada me vem a mente. Não me lembro de já tê-la ouvido.

Talvez eu tenha batido a cabeça muito forte e esteja delirando, será que foi assim que Finn se sentiu em seus últimos momentos? Perdido....

Fecho os olhos novamente, impedindo que as árvores girem. Por favor senhor, por favor, se isso for um delírio, me deixe aqui o ouvindo por mais alguns minutos. Eu imploro.

Robin: Finn?.

O silêncio predomina no cemitério, apenas o som da chuva batendo contra o cimento o quebra. Além dos raios que rasgam as nuvens.

Talvez o céu esteja chorando, como eu.

Finn: Oi.-ele parece aliviado.- pensei que o sinal tivesse caído.....

Abro os olhos com cuidado, estou cansado demais, com frio demais para ao menos saber onde está o céu. Tento procurar algum sentido, mas não chego em lugar algum.

Robin: Finn?.- repito.

Finn: Consegue me ouvir bem? Não sabia se isso iria funcionar.

Robin: Oque esta acontecendo? Eu estou delirando?.

Finn: Fiquei me perguntando se um dia vc ia me ligar devolta.- o jeito como ele diz isso parece tão.....normal. Como se estivéssemos tendo mais uma de nossas conversas comuns.- Senti sua falta. Saudades infinitas.

Não sei oque dizer, não consigo pensar nem raciocinar. Não sei oque está acontecendo e tenho medo que acabe.

Finn: Vc sentiu minha falta também?

Absorvo sua voz familiar, a chuva em contato com minha pele, a sensação de que meu corpo está afundando no chão, a tontura repentina na minha cabeça, ainda tento entender oque está acontecendo.

Robin: É.......vc mesmo, Finn?.

Finn: Sim, meu amor, sou eu.- ele ri um pouco.- pensei que nunca mais fosse ter notícias suas. Pensei que poderia ter me esquecido.

Robin: Como é que estou falando com vc?.

Finn: Vc me ligou.- sua voz está calma e de alguma maneira, sei que ele está sorrindo pra mim, isso me faz sorrir também. Um segredo compartilhado.- E eu atendi. Como sempre faço.

Sempre.

Robin: Nao consigo entender, como isso é possível.?

Finn: Na verdade, eu não sei, Robin. Não sei como isso está acontecendo, mas quero que saiba saiba sou eu. ?

Robin: Ta....- respondo, incerto.

Decido ouvir, me prender a sua voz como se fosse uma maldita corda. Uma maldita corda que ainda não sei se está me puxando pra cima ou me mantendo preso embaixo.

Sei que não tem como ser ele, mas eu quero que seja. Quero que seja o meu Finn, o meu garoto.

E é aí que eu me toco.

Robin: Estou sonhando.- sussurro.

Finn: Nao, não está. Eu prometo.

Robin: Então como isso é possível?

Finn: Da mesma forma que a gente sempre se falou. Pelo celular, como agora.

Robin: Mas finn...isso não....

Finn: Eu sei, é um pouquinho diferente agora, mas eu prometo que te darei uma resposta melhor em breve. Mas por enquanto, será que nao podemos simplesmente curtir a ligação? Tem a chance de se ouvir denovo. Vamos mudar de assunto. Me diga algo, me conte as novidades. Como antes.

Antes. Fecho os olhos denovo e tento voltar para lá. Para antes de perdê-lo. Antes de tudo isso acontecer. Antes de tudo ser arruinado.

Mas quando volto a mim, ainda estou na chuva e a voz de Finn ainda soa pelo outro lado da linha.

Finn: Vc ainda está ?.

Sua voz soa tão nítida que viro minha cabeça na esperança de vê-lo, mas não. Estou sozinho aqui.

Uma pergunta me ocorre.

Robin: Aonde vc esta?.

Finn: Em algum lugar.- sua resposta é vaga.

Robin: onde?.- pergunto novamente.

Tento ouvir ruídos do outro lado da linha, mas a chuva atrapalha.

Finn: É difícil explicar. Quer dizer, não tenho certeza absoluta se conheço. Desculpa não ter todas as respostas, mas nada disso importa ok? Estou aqui agora e estamos conectados de novo. Vc não sabe o quanto eu senti sua falta....

Também senti sua falta, mi amor. Muita. Quero gritar isso, quero que ele saiba que não consegui tirar ele dos meus pensamentos nem por um momento. Mas algo dentro de mim ainda acha que isso tudo é um sonho.

O ouço suspirar.

Finn: Que som é esse, Robin?. É de chuva? Robin, onde vc esta?. - sua voz soa preocupada.

Robin: Em algum lugar ao ar livre.

Finn: Oque vc esta fazendo fora?

Robin: Nao lembro....

Finn: está perto de casa?

Robin: Nao. E-eu não tenho certeza de onde estou.

Finn: Esta perdido?

Tem várias maneiras de responder essa pergunta. Mas sim, eu estou perdido.

Estou perdido desde que vc se foi, quero dizer a ele. Quero que ele saiba o quanto doeu perdê-lo.

Finn: Vc deveria sair da chuva, meu mexicano briguento...... Encontra algum lugar coberto, ? Assim. Que conseguir, me liga de volta.

Sinto o desespero se espalhar pelo meu corpo.

Robin: Espera..- minha voz falha.- Por favor, não desliga.

Não estou pronto para perdê-lo denovo.

Finn: Nao se preocupe, querido, não vou a lugar nenhum. Vai para algum lugar seguro e me liga de volta. Assim que ligar, eu vou atender. Eu prometo.

Ele já fez promessas antes e não cumpriu. Quero recusar, mas não consigo falar. Eu gostaria que ele ficasse na linha para sempre. Mas Finn repete várias vezes essas palavras, até que eu passe a acreditar nelas.

"Assim que vc me lugar de volta.....eu vou atender."

Não me lembro de como a ligação terminou ou do que aconteceu depois, essa parte é um borrão na minha mente, como a página perdida de um livro a muito guardado.

Tudo que sei é que continuei caminhando até sai da floresta e encontrar a rua principal denovo.

Finn não ligou novamente

Queria ter essa resposta Onde histórias criam vida. Descubra agora