Inocência (Parte II)(Lembranças Parte XVIII)

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Até então SiZhui ainda não tinha notado, mas dentro da urna tinha alguns desenhos, uma flor, uma fita de testa do clã e uma carta e só os percebeu quando estava prestes a guardar os livros.

Os desenhos eram de uma mulher muito bonita. Todos eram da mesma pessoa, mas ela estava em lugares diferentes.

O sorriso dela era brilhante e mesmo totalmente imóvel a impressão que dava era de que a mulher era cheia de vida.

Quando ele pegou a flor, percebeu que ela estava encantada e por isso permanecia bela. Era uma lótus roxa.

Foi então que percebeu que aquela flor era a mesma que a moça segurava em um dos desenhos.

De alguma forma SiZhui sentia estar invadindo a privacidade do tio, mais ainda do que antes, e depois de relutar muito a curiosidade venceu a consciência e ele decidiu abrir a carta.

"Lan Mei, você sempre foi o meu sol, meu mundo.

Seu sorriso trouxe cores para meu mundo tão sem cor.

Então o que vou fazer agora?

Como posso seguir minha vida?

Você não está mais aqui.

Partiu e me deixou para trás.

Os céus sabem o quanto eu quero estar com você pela eternidade, então por que? Por que você teve que ir primeiro?

Você quebrou sua promessa e foi embora.

Por favor, volte pra mim.

Meu mundo perdeu todas as cores quando o destino tirou você de mim e eu nem tive a chance de te dizer o quanto te amo.

Ainda hoje, depois de todos esses anos, eu ainda te amo, então, por favor, volte pra mim.

Eu sinto muito, me perdoe. A culpa foi minha, eu sei!

Se você ainda estivesse aqui, brigaria comigo por dizer isso, mas eu sei que a culpa é minha.

Eu perdi a chance de falar com você uma última vez, perdi a chance de te desejar um bom dia, de falar o quanto você é importante, o quanto você é linda e o quanto quero ter você ao meu lado, de ver você sorrir mais uma vez, só mais uma vez...

Você nunca vai poder saber quantas noites eu passei em claro pedindo por você em minha cama.

Ou quanto eu ainda quero tocar você, te beijar e em meu desespero, me pego me tocando ansiando por suas mãos em mim.

Ah Deuses, por quê?

Por que tiraram a minha Lan Mei de mim?

O meu amor por ela foi tão errado assim?

Por que punir um coração apaixonado dessa maneira?

Meu amor, é por saber o quanto você valorizava a vida que ainda sigo sobrevivendo.

Juro que logo vou me encontrar com você e quando esse dia chegar, arrancarei meu coração e o darei a você e então poderei implorar seu perdão e dizer o quão profundamente te amei.

Espere por mim."

Enquanto lia, lágrimas trilhavam o caminho do rosto de SiZhui.

A dor e o desespero de seu tio penetrando fundo em sua alma.

Seus pensamentos trazendo questões que ele sequer conseguia entender.

"Por que, Deuses? Isso é tão injusto!"

"Por que o amor tem que ser tão difícil assim?"

"Por que as pessoas se permitem passar por tanto sofrimento?"

Por uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora