A noite estava densa e o ar carregado de tensão. Taehyung, exausto de mais um dia sufocante na vila, sentia o peso do desprezo dos aldeões, mas também um medo latente. A visão do príncipe não era apenas uma questão de sobrevivência; ele estava mergulhado num cenário onde cada gesto era uma ameaça velada. Ele sabia que aquele povo não o queria ali, e a hostilidade pairava no ar como uma tempestade prestes a desabar.
Quando Jeon Jungkook o seguiu até a porta de sua casa temporária, o coração de Taehyung acelerou. O medo envenenava sua respiração, mas ele mantinha a máscara de controle. Sabia que mostrar qualquer fraqueza diante daquele homem seria perigoso.
— O que pensa que está fazendo, senhor Jeon? — Taehyung perguntou, sua voz vacilante, mas firme o suficiente para esconder seu nervosismo. Os olhos azuis estavam afiados como lâminas, mas por trás daquele olhar, a incerteza era palpável.
— Esta é a minha casa, humano. — Jungkook riu com uma arrogância que Taehyung sentiu na pele, como uma faca sendo lentamente cravada. Jungkook entrou, e o sorriso presunçoso em seus lábios parecia zombar de cada esforço de Taehyung para manter sua dignidade.
O príncipe humano estava sozinho, em território inimigo. E o caçador de sangue azul, aquele que parecia odiá-lo profundamente, era seu anfitrião. Taehyung sentia um nó no estômago; a ideia de compartilhar o mesmo teto que Jungkook o enojava, mas havia mais em jogo do que seu orgulho.
Tentou persuadir seus guarda-costas a permanecerem. — Vocês não podem ficar aqui esta noite? — Pela primeira vez, o orgulho que Taehyung ostentava como uma armadura rachou. A súplica em sua voz era sutil, mas estava lá, algo raro e humilhante para alguém acostumado a ser bajulado.
— Senhor...— Sunno hesitou, mas foi puxado por Ji-ah, que, com um olhar firme, disse:
— Isso é uma oportunidade, meu senhor. O mestre precisa se provar não só à mãe dele, mas também ao futuro líder. — Sua voz era baixa, mas repleta de uma lógica fria e cortante.
Quando a porta se fechou, e Taehyung se viu sozinho novamente, o silêncio parecia zombar dele. Um leve tremor passou por seu corpo enquanto ele olhava para o baú de suas roupas, sabendo que teria que subir aquelas escadas por conta própria.
— Você não consegue levar suas próprias malas?— A voz de Jungkook ecoou pela sala, enquanto ele mordia uma maçã com uma calma que provocava Taehyung como nada antes.
Taehyung manteve a compostura, tentando ignorar o veneno implícito nas palavras de Jungkook. — Pensei que passasse seus dias caçando e treinando, não perturbando seus hóspedes.— Ele sorriu, sem deixar que Jungkook visse o quanto cada palavra dele o afetava. Mas ao subir as escadas com o baú pesado, sentiu o peso não só da madeira e das roupas, mas também da tensão que se acumulava no ar.
No andar de cima, enquanto arrumava suas coisas, a voz de uma mulher ecoou na casa, interrompendo seus pensamentos. Não demorou muito para que Taehyung compreendesse o que estava acontecendo lá embaixo.
As palavras de Jungkook, no entanto, chegaram a seus ouvidos com um peso diferente. Havia uma súplica ali, algo que parecia lutar contra a situação.
— Alicent, por favor, não. — A voz dele soava hesitante, quase como se estivesse carregada de culpa. Taehyung podia imaginar o conflito em Jungkook, a luta interna de alguém que sabia o que queria, mas que estava preso entre o desejo e o senso de dever.
Taehyung suspirou, irritado. "Isso não é da minha conta", disse a si mesmo. No entanto, cada som lá embaixo fazia sua mente viajar para um lugar que ele não queria estar.
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O Líder Trakai e O Rei cruel_taekook
FanfictionO império de Florensia prosperava sob os pais de Kim Taehyung até que uma emboscada durante uma caçada em Miryang os matou, deixando-o órfão e herdeiro de um trono ameaçado. Em busca de aliados para enfrentar a guerra iminente, Taehyung descobre que...