Não posso parar, porque se eu paro, eu penso, e se eu penso, eu choro. É um ditado da minha vó que talvez eu tenha levado muito a sério. Aos 8 anos eu fui diagnosticada com TDAH e ansiedade; não sei exatamente até onde isso me afetou, mas hoje em dia eu ainda tenho problemas relacionados a pensamentos, sentimentos e principalmente: relacionamentos.
Parei a terapia assim que sai da casa dos meus pais. Sinceramente, não me ajudava em nada e não está me fazendo falta nenhuma. Eu continuo fazendo o mesmo de sempre: acordo, estudo, trabalho, vou à academia e durmo. A única coisa nova pra mim, na verdade, é o meu novo trabalho em um laboratório no centro à qual estou indo agora.
O dia hoje passou mais devagar que o normal e eu não vejo a hora de chegar em casa. São 22h15 e estou me locomovendo vagarosamente até o meu apartamento quando me pego pensando no meu pequeno incidente na faculdade.
- Sabe, tio, nem todo mundo merecia ver a bundinha do Thor... - estava discutindo sobre o novo filme da marvel com Carlos, o moço que fica na cantina lá da facul - mas confesso: toda vez que estou triste me pego assistindo aquele filme novamente. Aquela única cena me traz uma alegria surreal!
- Não gostei desse filme.
Eu nem tinha percebido a presença insignificante de Bryan Beraldini, o herdeiro da maior empresa de advocacia da cidade e possivelmente a pessoa mais desagradável do mundo.
- Não tinha percebido que você estava na conversa. - Digo e sinto seu olhar me queimar - Já que se convidou a entrar na conversa, discorra. Por que você não gostou?
- É muito fraco. Só tem um show de luzes e piadas totalmente sem graça...
- Não sei se você sabe, mas é um filme voltado para a comédia. Claro que vai ter piada!
- Eu sei, eu sei... - ele diz massageando as têmporas - Mas tirou completamente o peso do filme! Deveria ser muito mais dramático e emocionante; eu não chorei nem na hora que a Jane morreu!
- E desde quando pessoas desalmadas choram? - Digo e me arrependo quando o seu olhar passa de "estou interessado na conversa, vou argumentar até o fim" para "que desperdício"
- O que é isso, crianças? - Carlos volta a conversa interrompendo a encarada sinistra que estava rolando aqui - Economizem essa energia para as semanas de provas, chega de discussão!
- Eu estava dando a minha opinião de maneira bem respeitosa, até esse poço de ignorância baixar o nível. - Ele diz simplesmente sem nem olhar para mim - Aqui o dinheiro do café - disse entregando a Carlos - Até mais!
- Como ele é sensível! - digo quando ele sai. Pago o pão de queijo e cappuccino e vou pra minha sala.
Lembra que eu disse que Bryan é estupidamente burro? Então, ele veio de uma família super rica e nem deve saber o que é ter um boleto pra pagar. Seu pai sempre quis que ele assumisse a empresa da família, mas ele se recusa, atualmente está finalizando o curso de biologia marinha. Uma vez rolou uma fofoca que o pai queria meio que deserdar ele, tirando totalmente seu nome do testamento, mas a mãe impediu. ricos.
Chego em casa e está uma bagunça. Tenho que aproveitar o final de semana pra dar um jeito nisso.

YOU ARE READING
A Arte de Pensar Muito
RomansaJá parou para pensar? Despois de inúmeras desavenças, Louise e Bryan percebem que para conseguir enfrentar seus problemas antigos precisam estar juntos. Um ama muitos, outra ama menos. quais são as possibilidades?