Por Acaso e Para Sempre

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Estou atrasado. Odeio reunião em restaurantes, para isso existe o escritório. Quem consegue comer enquanto discute negócios?
A hora das refeições é sagrada, deve ser feita em casa, com a família, de preferência em silêncio.
Nedim sabe a minha opinião sobre isso, mas os americanos insistiram em um almoço, e como pode ser um bom investimento para a empresa, resolvi aceitar.

O trânsito está terrível mas conheço um caminho mais curto, pretendo chegar lá o mais rápido possível, resolver o que for preciso e ir embora.
Piso fundo no acelerador mas a impressão que tenho é que estou indo cada vez mais devagar até que simplesmente o carro para.
Droga! Não acredito! Giro a chave uma, duas, três vezes e nada! O motor não dá nem sinal de vida!  Pego o telefone para avisar Nedim que ele precisa me buscar mas levo um susto pois a porta traseira é aberta e por ela passa um emaranhado de tecido branco que se espalha por todo o banco .
Viro o corpo para tentar entender o que está acontecendo e então reparo que se trata de mulher, uma noiva, que olha em volta assustada.

Y: O que é isso? Quem é você? Saia do meu carro imediatamente!

S:  Moço por favor me ajuda! Arranca com esse carro logo! Vai! Vai! Depois eu te explico!

Y: Você é louca? Saia já daqui! Eu não vou a lugar algum com você!

S: Por favor, eu estou te implorando, me tira daqui! É uma emergência! Vai logo antes que eles apareçam!

Y: Eles quem?

Nesse momento, surge dobrando a esquina uma pequena multidão, gritando e correndo em direção ao meu carro. Pelas roupas das pessoas, devem ser convidados do casamento dessa noiva.

Y: Saia do carro agora mesmo, antes que essa gente venha até aqui. Eu não quero nenhum envolvimento com isso!

S: Não... Não, por favor, me ajuda... Me tira daqui... Por favor, me ajuda...

Ela deixa a cabeça cair em suas mãos e se encolhe no banco, chorando desesperada.
Não sei porque, não sei como, nem o que me deu para aceitar uma loucura dessas, mas tentei dar a partida no carro e dessa vez ele pegou de primeira. Bem a tempo de fugir das pessoas que queriam pegá-la.

E agora? Enquanto dirijo, ela vai se acalmando, secando suas lágrimas e enquanto se recupera, vou me punindo mentalmente por estar em um situação assim.

Pelo retrovisor eu a observo, ela olha pela janela e parece tão pequena e frágil dentro desse vestido... Seu cabelo está preso e não consigo decifrar se é liso ou crespo nem o seu tamanho.
Mas porque estou intrigado com isso? Ela é uma estranha, uma maluca vestida de noiva que me meteu em uma história que ainda não conheço.

Y: E então? Comece a falar!

S: Meu nome é Seher. Estou fugindo do meu casamento...

Y: E o que mais? Me dê uma boa explicação ou volto lá e te levo eu mesmo até o altar!

S: Não! Não, por favor... Eu te conto tudo... É que pode parecer uma história louca e confusa...

Y: Se você está nela tenho certeza que sim.

S: Como é o seu nome?

Y: Me conte a verdade primeiro.

S: Está bem... Bom, tudo começou três meses atrás. Minha melhor amiga Berna é apaixonada por um vizinho nosso, Sinan, só que ela nunca teve coragem para revelar seus sentimentos.
Um dia nós duas tivemos a ideia de mandar uma carta anônima para ele contando tudo.
Então, Berna foi ditando tudo que queria dizer à ele e eu fui escrevendo. E assim, mandamos várias cartas.
O que a gente não imaginava era que Sinan reconheceria a minha letra... Então um dia ele foi até minha casa com seus pais pedir a minha mão. Eu argumentei, disse que não era verdade, mas ele tinha as cartas e mostrou ao meu pai, que ficou furioso e me obrigou a aceitar o casamento...

Fanfics #SiRineOnde histórias criam vida. Descubra agora