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Ao abrir os olhos, me vi no claro vazio. O que havia acontecido? Quem sou? E onde estou? Tudo é silencioso, quieto demais e vasto demais.

Tentei olhar para mim mesmo, mas o que eu era? O que eu sou? Não havia nada além do gigante branco ao meu redor.

A quietude me agita. Por que nem um simples sussurro não veio a mim? Ou qualquer ser que queira me ajudar não chamou por mim? Eu não sei quem sou, só preciso de claras respostas.

O que sou? Que lugar curioso é este? Quem e como? Quem poderia me ouvir?

— Olá?!

Apenas o eco ousou aparecer. Apesar de girar a procura de qualquer coisa que estivesse em meio a clareza, nada me veio aos olhos.

Uma sinfonia começa. Um som tranquilizante, atrativo. Ao me movimentar a procura do som, pressenti sua intensidade mais forte. Era isso? Apenas seguir a melodia?

Não havia outra opção, mas aparenta ser o viável.

Minha movimentação é como um grande flutuo em direção ao vazio melódico.

O som vinha cada vez mais sinfônico da direita. Coloquei o que quer que me move-se naquela direção, na esperança de encontrar algo que não fosse o vazio, a solidão branca.

Uma vasta trilha escura surgia a minhas costas, marcando meu caminho até a esperança. Por que meu caminho deveria ser lembrado?

Uma vasta barragem se ergueu, me acordando da hipnose do tal caminho negro. A barragem crescia cada vez mais.

Ela parou, e segui seu caminho. Um buraco de formato peculiar se abriu na barragem. Entrar, é uma boa decisão.

Ao me lançar para dentro da incerteza, me deparei com apenas mais uma barragem, e mais uma, e mais uma. O que seria isso?

— Olá número 7.000.000.000.

O que é isso? Ao me virar, me encontrei com um ser, um ser bem diferente. Um ser com quatro braços.

— Quem é você?

— Eu sou seu guia.

— O que é guia?

— Guia é quem vai te ajudar a tomar seu caminho.

— Caminho? Eu não sei nem o que sou.

Um objeto de quatro braços surgiu ao lado dele, logo acomodando o mesmo.

— Você é uma alma.

—Certo, e que lugar é este?

—Este é o salão de preparatório.

— Preparatório para o que?

— Sua jornada.

Um objeto cheio de folhas finas surgiu em suas mãos.

— Vou te explicar brevemente antes que me faça perguntas demais. Você é um conjunto de atividades imanentes, uma alma, o núcleo da vida. Mas, você ainda não tem seu hospedeiro, chegaremos lá uma hora, mas o que você precisa entender é que eu sou seu acolhedor, seu instrutor antes do seu hospedeiro ser escolhido. Você é um núcleo prestes a entrar em sua casca, mas claro que antes de entrar, precisa saber o que vai acontecer, o que vai ver durante toda a jornada. Nada melhor do que um instrutor existencial. Eu sou tudo e não sou nada, agora você escolhe se conversa comigo ou vai direto para sua casca. O que você prefere?

Ele me analisava minuciosamente, esperando meu fraquejo.

— Se não ouvisse seus ensinamentos, o que me causaria?

— Alguns desistem quando vão a jornada sem saber o que vão enfrentar, você precisa estar ciente antes de entrar em seu hospedeiro. Claro que você não vai se lembrar de mim e nem desta grande imensidão pálida, mas vai se lembrar dos princípios. Vamos começar?

Outro objeto surgiu, em frente ao guia. Fui até ele, e tentei me ajustar assim como o guia.

O que quer que ele tinha para me informar, parecia ser profundo. 

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