De início eu relutei bastante para não abraçar a Hilary, porém, o meu espírito de conselheira e sensível retribuiu aquele abraço deixando que ela estivesse meu ombro para chorar.
Naquela situação eu também ficaria dessa forma, não a julgo. Ter um filho inesperado era algo assustador para qualquer mulher, ainda mais sabendo que era de um pai tão irresponsável e idiota como o Willy.
ㅡ Ah, Hilary, sinto muito. Mas... do Willy? ㅡ Fiz uma careta, enjoada. O Willy não era a figura paterna que um bebê poderia ter, e junto com uma mãe como a Hilary.
ㅡ Você tá me julgando?
ㅡ Claro que não. Mas... ㅡ Revirei meus olhos não sabendo explicar. ㅡ Ok, tudo bem, não tenho direito nenhum de julgar. Mas por que você não se cuidou???
ㅡ Eu me cuidei! ㅡ Hilary se afastou com os olhos vermelhos cheios d'água. ㅡ Eu não sei o que deu errado, tá? Talvez tenha estourado, ou não percebemos se colocamos ou não! ㅡ Ela se embolou toda nas palavras enquanto chorava. ㅡ Eu não sei! Realmente não sei!
ㅡ Achei que não gostasse do Willy.
ㅡ E eu não gosto. ㅡ Hilary respondeu, mas, fez uma expressão estranha em seguida. Ergui uma das minhas sombracelhas encarando-a. ㅡ Talvez eu goste, mas ele não gosta de mim. Calma, eu não tô preparada para ser mãe, Nancy! Eu... eu nem completei minha faculdade de moda! O meu pai não morreu para eu receber a herança! Espera, como é que eu vou criar essa criança??? Eu não sei cuidar nem de mim mesma!
Percebi que a Hilary estava começando a entrar em pânico, o que me fez pega-la pelos ombros.
ㅡ Ei, Hilary, se acalma! ㅡ Balancei ela. ㅡ Não precisa ter um ataque, euem.
ㅡ Acho que vou abortar. ㅡ Hilary abaixou os ombros suspirando.
ㅡ Abortar??
ㅡ Sim, Nancy. Não tenho como criar essa criança, ainda mais sozinha. O Willy não vai querer assumir a responsabilidade de um pai e eu não tô afim de criar uma criança chorona sozinha! ㅡ Hilary exclamou passando as mãos pelos cabelos. ㅡ Não... não...
ㅡ Escuta... ㅡ Cocei a minha cabeça um pouco sem jeito. Não era a minha vida, mas ainda sim eu sentia que deveria falar alguma coisa para tentar ajuda-la. ㅡ Eu não tenho nada haver com sua vida, Hilary, não tenho nenhum direito de dá palpite e essas coisas. Eu não sou a favor do aborto, admito, mas como eu sei que o corpo é seu só lhe peço que pense bem antes de tudo. Agora você estar com os nervos a flor da pele por tá nervosa, mas eu sei que nada se faz direito com as emoções tomando conta de tudo. Você tem todo o direito do mundo de fazer o que você quiser, o corpo é seu, as regras são suas, a vida é sua. Só pense antes de tomar qualquer decisão e faça o que o seu coração mandar. Espero que pense direito para não se arrepender. ㅡ Sorri carinhosamente para a Hilary enquanto me levantava, logo em seguida sai do banheiro fechando a porta.
Eu não tinha nada haver com a vida deles, mas eu já tinha me metido mais do que deveria e sentia que precisava fazer mais alguma coisa.
Andei pelo corredor em passos largos indo para o quarto dos garotos, abrindo a porta com brutalidade vendo que quem estava lá era o Vini e o Willy.
ㅡ Ai, Nancy, que susto! ㅡ Vini reclamou parando de mexer em algo no seu violão. ㅡ Aconteceu alguma coisa?
ㅡ Na verdade... ㅡ Virei minha cabeça para ele e sorri. ㅡ Pode deixar nós dois sozinhos, Vini, por favor?
ㅡ Oh, é claro. ㅡ Vini assentiu colocando seu violão em cima da cama dele e logo saindo do quarto passando por mim.
Coloquei minhas mãos na cintura voltando a olhar para o Willy, que revirou os olhos ao me olhar.
ㅡ A Hilary já te contou, né?
ㅡ Na verdade, eu não sou tão burra assim para cair numa estúpida desculpa de; " Pode ter sido algo que comi ". ㅡ Fiz aspas com os dedos de uma mão e com a outra fechei a porta. ㅡ O que você vai fazer?
ㅡ O que? ㅡ Willy riu se levantando da cama.
ㅡ Eu tô te perguntando o que você vai fazer em relação a sua situação como pai. ㅡ Dei de ombros.
ㅡ Nada, ue. Não tem nada para fazer. ㅡ Willy negou. ㅡ A Hilary tem dinheiro suficiente para criar aquele filho ou seja lá qual sexo seja.
ㅡ E você?
ㅡ O que é que tem eu?
ㅡ Como é que você fica nessa situação? ㅡ Encarei ele seria. ㅡ Bebendo? Saindo com garotas? Beijando? Transando? Engravidando outras por ai?
ㅡ Fala sério, Nancy! Não é um problema tão grave que você deva se meter.
ㅡ Não é??? ㅡ Aumentei meu tom de voz sem querer revoltada. ㅡ Willy, a Hilary tá grávida! Ela tá com um bebê no útero agora que não tem culpa de nada! Tem noção o que é isso??
ㅡ Claro que tenho, Nancy! E é exatamente por isso que eu não quero me envolver. ㅡ Willy passou as mãos pelos cabelos. ㅡ Eu vou pedir para ela abortar. Não quero essa criança.
ㅡ Ela já pensou nisso. ㅡ Falei fazendo ele me olhar rapidamente. ㅡ Eu falei para ela pensar antes de tomar a decisão. Mas... ㅡ Me aproximei dele em passos lentos. ㅡ Eu pensei que você tinha chance de fazer diferente, sabe? De ser... Diferente. No dia do luau você foi tão compreensivo sem fazer as piadinhas idiotas que eu achei que no fundo tinha chances de você amadurecer de verdade. Por que, Willy? Por que você não cresce? Você já tem 23 anos!
ㅡ Nancy, isso não é da sua conta!
ㅡ Olha para a situação que você estar, idiota! ㅡ Exclamei irritada. ㅡ Pensa no que você fez! Pensa na merda que você causou! Pensa no filho que ta naquele bendito útero da Hilary que VOCÊ colocou. Olha... ㅡ Respirei o mais fundo que consegui. ㅡ Mesmo que não pareça, e que eu não acredite, a Hilary tem um coração bom. Ela merece ter algo que a faça feliz, e esse bebê, ou talvez até você também possa ser a felicidade dela. ㅡ As minhas palavras soaram fazendo o Willy erguer seu olhar. ㅡ Vê se cresce, Willy. Assim você não vai conseguir nada a não ser dores de cabeça pelas consequências dos atos que você cometeu. Amadureça, cara! Já está mais do que na hora de você amadurecer e ser um homem de verdade! Ou então... você vai ficar sozinho nesse seu jeito de moleque enquanto as outras pessoas curtem a vida, da forma certa, por você.
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Amor em Chamas
RomanceAmor em Chamas; sonho de qualquer pessoa em passar alguns dias num lugar com tudo que tem direito. Claro, como todo clichê, tem aquele pequeno estabelecimento no qual todos que foram naquela colônia de férias encontraram o amor da vida deles e tiver...