Cinco anos sem o sol.

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E lá estava Hoseok de novo, em Paris, onde tudo parecia gritar o nome de sua maior saudade, onde em todos os lugares existiam resquícios dos flertes do garoto, daqueles mascarados de poesia, naquele dia em que roubaram a noite, e ele fez seus sussurros ecoarem na cabeça de Hoseok como um jazz com um timbre profundo.

“ We stole from the night…”
       (Nós roubamos da noite)

A boina marrom sendo apertada pela sua mão, na cidade onde foram amor em cada canto, onde dançaram na chuva, derreteram nos braços um do outro, a cidade em que Taehyung disse que Hoseok era seu sonho, tão absorto em seu amor, o jovem não percebeu que em algum momento precisava acordar. Taehyung acordou e o jovem Hoseok continuou dormindo, sonhando que o amor deles sobreviveria.

“ The soft rushing heartbeats... “
(Os batimentos cardíacos suaves e apressados)

Passou pela cafeteria onde Taehyung insistiu para que ele escolhesse o seu café favorito, para os dois terem o mesmo gosto nos lábios, mesmo sem tocá-los, tão poético, tão cruel.

O beijo imaginário, que brincou com o coração do jovem, ingênuo e até então, inteiro garoto.

A kiss and two heartbeats …
(Um beijo e dois batimentos cardíacos)

Era cruel, que mesmo depois do marrom da boina ir desbotando, o suficiente para que qualquer pessoa em volta não conseguisse identificar a cor da peça na mão do agora adulto, Hoseok continuasse a segurando, cheirando-a com a ilusão do cheiro continuar nela, o cheiro dele, seu primeiro amor, seu Taehuyng.

Perfume is drifting…
(O perfume está à deriva)

Paris continuava linda, com o ar de poesia a noite, cheia de lembranças que fariam o antigo Hoseok se encolher e chorar, mas o atual sorriu, porque o amor o deixou inteiro antes de o atirar da torre mais alta do mundo, a ilusão do eterno.

They're watered with tears…
(Eles são regados com lágrimas)

No bolso Hoseok carregava a torre da qual foi atirado, palavras medrosas, promessas que poderiam não se realizar, escrita por uma mão trêmula de um jovem com medo de ser odiado por aqueles que o geraram.

Taehyung escreveu, logo após acordar e ver o garoto que carregava o sol no sorriso dormindo com a tranquilidade que ele tanto buscava, mas encontrou algo que deixaria seus pais o odiando. Tão jovem, tão assustado, tão dependente do amor daqueles que queriam que ele fosse uma extensão dos seus sonhos não realizados.

Just two random passengers…
(Apenas dois passageiros aleatórios)

Sabia que choveria quando o sol acordasse e ele estivesse longe, mas tinha esperança que o sol voltasse a brilhar para o seu Hoseok. Já ele viveria na sombra, no frio, na dor até ser capaz de realizar a promessa que escreveu naquele papel manchado de lágrimas covardes que escorriam pelo seu rosto moldado por um Deus cruel.

Caught in a whirl…
(Preso em um turbilhão)

“meu sol, meu sonho, meu Hoseok, eu ainda não sou corajoso para ser seu céu, mas prometo que voltarei a Paris, todos os anos seguintes para me lembrar do dia em que fui eu sem medo, segurei sua mão para que todos vissem nosso orgulho jovem.
Quando for corajoso o suficiente, irei te esperar na Pont des Art, ano após ano, e se você ainda quiser me amar, venha me encontrar”

  Pour toujours, votre taehyung.
(Para sempre, seu Taehyung)

They're watered with tears…
(Eles são regados com lágrimas)

Cinco outonos, cinco invernos, cinco primaveras, cinco verões, cinco anos se passaram para Hoseok, e depois de anos se preparando para tomar a decisão que mudaria sua vida, ele caminhava em direção à ponte, carregando uma boina velha, deixada ao seu lado na cama e a esperança jovem que a boina retornaria para o dono, assim como seu coração.

Para Taehyung, se passaram cinco invernos e uma lembrança do sol esquentando sua pele.

A beira da ponte taehyung, no seu terceiro ano consuntivo, esperava o sol.

Mas quando o viu, pensou alucinar, achou que as lágrimas que estavam escorrendo pelo seu rosto estavam o fazendo enxergar coisas, mas mãos colheram cada uma delas.

Hoseok quebrou o silêncio de anos dizendo:

— Meu Taehyung, você tomou café hoje?

Confuso, chorando, sentindo as mãos de Hoseok em si, taehyung respondeu com a voz trêmula:

— o que? Não.

Hoseok sorriu, iluminou Paris, e disse:

— Eu tomei, sente o gosto em mim,

O sol beijou o céu, depois de anos,

And bloom in the night
Cause kisses and heartbeats.
(E florescer na noite
Porque beijos e batimentos cardíacos)

                                   

                                   

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