Royal Guard - Superbat

Prólogo

A espada de Clark não era pesada, não de verdade, em compensação, fazia barulho. Ela também não era muito prática ou útil, mas tinha algo apelativo em andar com uma espada na cintura, fazia com que se sentisse humano, tão humano quanto possível, pelo menos.

Agora a espada era irritante. Fazia barulho suficiente para informar um batalhão inteiro da sua presença. Ou a única pessoa que importava.

Bruce.

Bruce. Aquele canalha miserável mais uma vez iria em uma missão perigosa sem se despedir. Ou pelo menos era isso que planejava. Felizmente Jason Todd estava passando com Stephanie Brown, os dois robins comentando sobre essa nova investigação que teriam que fazer. Bruce daria uma bronca neles se pudesse ouvir, principalmente em Jason, o garoto conseguia falar tantos palavrões por minuto que deveria ser considerado algum tipo de habilidade especial, um super poder.

“Detalhes confidenciais se chamam confidenciais por um motivo. Vocês estão sendo descuidados ao comentar detalhes da missão em voz alta, achei que meu treinamento até agora tivesse ensinado algo a vocês.”

Maldito Bruce. Clark estava satisfeito em estragar seus planos.

Kal chegou até lá tão rapidamente quanto poderia, ele encontrou Bruce já preparado para montar com Alfred ao seu lado terminando de arrumar uma mochila com suprimentos. O sol estava forte, batendo em sua armadura negra e reluzindo. Bruce era o único no reino que usava uma armadura completamente planejada e construída por si mesmo, Clark achava aquilo genial.

Bruce também era o único que tinha colocado orelhas de gatinho, não, de morcego - como ele já tinha frizado várias vezes -, no capacete de sua armadura, uma metáfora pensada de antemão sobre usar seu medo para causar terror nos seus inimigos. Aquilo também era genial.

— Bruce — Clark sorria, tanto porque conseguiu alcançá-lo a tempo tanto porque percebeu que aquilo era uma surpresa, algo que ele não estava esperando acontecer.

Bruce ainda não tinha colocado seu capacete, o cabelo bem penteado arrumado com cada fio em seu lugar. Seus olhos se obscureceram ainda mais, tentando disfarçar o breve choque. Ele estava arrumando a capa na armadura, e suas mãos caíram ao lado de seu corpo tão cedo quando terminou. Ele olhava para Clark agora, uma breve tensão se apossando dos seus ombros pela batalha eminente.

Bonito. Clark pensava enquanto o cabelo preto dele brilhava contra os raios solares. Bruce é muito bonito.

— Clark. O que você tá fazendo aqui?

— Eu quero ir na missão com você

— Não. — Bruce colocou o capuz e montou, agora ele o olhava sério e imponente de cima. A boca era uma linha tão reta quanto sua postura. Clark estava tão acostumado em se esforçar para ler aquela expressão que agora já o fazia em um nível subconsciente.

Clark franziu as sobrancelhas.

— Você me acha incapaz? — Ele perguntou, não tinha raiva em sua voz, apenas uma genuína curiosidade e dúvida.

— Você é quase um deus, Kal-El.

Clark quase revirou os olhos. Não sabia porque estava esperando uma resposta direta de Bruce Wayne.

— Eu não sou um deus.

— Meu senhor, você pode soltar raios pelos olhos — Interveio Alfred em um tom divertido.

— Certo, obrigado Alfred — Ele disse, se virando para olhar o outro e lhe lançando um de seus sorrisos.

— Eu sei que você é capaz — Bruce disse, depois de algum tempo em silêncio.

— Então qual o problema? você não confia em mim? — Bruce pareceu genuinamente surpreso com aquela pergunta, então Clark decidiu se aproveitar disso. Afinal, não era sempre que você pegava o senhor preparo desprevenido e ele estava começando a ficar sem alternativas — Você confia em crianças, mas não em mim?

Clark podia ver o maxilar de Bruce tensionado, era óbvio que ele preferiria estar em qualquer lugar que não fosse ali.

— Eu jurei te proteger Kal e jurei proteger sua família da única coisa que pode te ferir. Estou indo investigar uma possível mágica enviada de um reino que odeia os El e não vou deixar que você se coloque em perigo.

— Desde quando você é imune a magia? Você é tão arrogante pra não achar que também está em perigo?

Ele não respondeu, e o olhar que lhe lançou foi capaz de enviar arrepios por todo o corpo. Bruce era o único capaz de fazer isso, fazê-lo se sentir tão incomodado com apenas um único olhar. Era como se ele enxergasse sua alma.

— Fique em casa, majestade. — Com isso Bruce se despediu, seu cavalo relinchou e saiu trotando.

— Aquele olhar que ele te deu? — Alfred disse, depois de algum tempo em silêncio. Ele montou no seu próprio cavalo — É o olhar de alguém que perdeu um argumento.

Alfred saiu atrás de Bruce logo em seguida. Clark ficou os observando partir até que não pudesse mais vê-los. Um sentimento desconhecido pesando em seu peito. Clark sentia aquilo sempre que Bruce arriscava sua vida e ele era obrigado a ficar para trás, impotente, observando enquanto acontecia.