1-Retorno e Chegada

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Simone olhava pela janela da cafeteria enquanto tomava seu café da manhã como todos os dias, batia ponto naquele local todas as manhãs.

- Deseja mais alguma coisa, Si? - a garçonete lhe perguntou, podendo ter um pouco mais de intimidade com a cliente já que conhecia Simone de tempos trabalhando ali.

Simone riu sem mostrar os dentes, tomando um gole do café. - Nada mais, Joice. - colocou a xícara sobre a mesa. - Obrigada.
A moça apenas assentiu com a cabeça se retirando, deixando assim a morena em seus devaneios.

Sua vida havia virado de cabeça para baixo no último mês, perder Eduardo foi a coisa mais difícil que já enfrentou deis do falecimento de sua mãe. Mesmo que não tenha sido um amor de cinema com o homem, tinham uma vida plena e em paz em Lisboa. Sem a agitação de Brasília, sem as intromissões de seu pai na sua vida e ela realmente amava a vida com Eduardo, maldita hora em que o homem pegou aquele carro alcoolizado.
Os pensamentos melancólicos de Simone logo foram interrompidos pela voz aguda e estridente que conhecia bem.

- Bom dia, amiga. - disse a mulher animada, logo abraçando a morena por trás dando um leve aperto com os braços no pescoço pálido de Simone.

- Bom dia, Michelle. - achando certa graça da animação matinal da amiga.

A castanha logo acenou chamando a garçonete que não demorou em se aproximar.

- Bom dia querida, me traga um café sem açúcar, por favor. - disse gentil como sempre, sendo observada pela morena.
A moça apenas assentiu lhe entregando uma comanda, se retirando em seguida.

- Ainda fico admirada com sua alegria pela manhã. - Simone comentou.

- Baixo atral não é comigo, de jeito nenhum. — riu de canto. —Mas me diga, minha amiga.— respirou fundo antes de prosseguir. — Como você está?
Michelle sabia que ela não estava 100% mas precisava dialogar com a amiga e colega de trabalho.

Antes que Simone falasse, a garçonete chegou com o café pedido pela castanha.
- Obrigada! - agradeceu.
Simone respirou pesado antes de responder.

- Na medida do possível, estou bem, amiga. - o olhar triste era visto a quilômetros. - Aos poucos vou me conformando.

- Quando vai voltar ao trabalho?

- Amanhã mesmo.

Michelle estranhou.
- Amiga, você tem certeza?

Essa sim era uma pergunta difícil,
- Sinceramente. - tomou um gole do seu café. - Não.

Michelle negou com a cabeça, repreendendo a atitude da amiga.
- Não se sinta pressionada em voltar, Professora Leonora está dando conta das aulas, mesmo sendo velhinha ela leva jeito até.
- Simone lançou um olhar repressivo a amiga, rindo de leve.

- O que foi? Ela é velhinha mesmo. - soltou um riso e Simone a acompanhou.

- Eu sei, Leonora é ótima professora, mas eu preciso voltar, Michelle. - disse franca. - Vou acabar enlouquecendo em casa, todas as lembranças, cada canto daquela casa me lembra ele, preciso distrair minha mente, entende...- Simone pausou a fala para respirar.

- Claro, tem toda a razão, vai ser o melhor pra você. - segurou a mão da amiga sobre a mesa. - Eu vou amar ver você nos corredores da faculdade novamente, Professora Tebet. - sorriu para a morena.

-

Cada passo que Soraya dava no aeroporto seu coração acelerava mais e mais, seu maior acadêmico prestes a se realizar.

- Meu Deus, parece que meu coração vai sair pela boca. - disse animada carregando uma bolsa em mãos enquanto Carlos carregava duas malas de roda e seu pai carregava mais uma.
Soraya não estava levando bem um terço de suas coisas.

- Se acalme, amor. - Carlos riu da animação da noiva. - Ainda falta duas horas até seu vôo sair.

- Até parece que não conhece essa garota. - O homem mais velho comentou, logo que pararam no guichê. - E olha que nem nasceu de oito meses.

A animação de Soraya chegava ser contagiante.

- Parem de implicar comigo, quando eu for embora vão sentir minha falta que eu sei. - virou para os homens atrás dela.
- Você principalmente, pai. - apontou para o homem mais velho. - Paga de durão mas sei que vai me ligar com saudades.

- Jair Messias...impossível, essa eu pago pra ver. - Carlos zombou junto a noiva.

- Vocês dois tem alguma paixão por mim, não é possível. - disse irritado.

Soraya riu, seu pai por mais que tivesse aquele jeito rude e sistemático, sempre fez de tudo para lhe dar tudo, principalmente seus estudos nas melhores escolas.

Ao passarem pelas burocracias do aeroporto, Soraya estava pronta para se despedir do noivo e do pai, em sua cabeça seria menos difícil aquele momento.

- Promete que vai me ligar se qualquer coisa acontecer? - o moreno aproximou-se na noiva tocando em sua cintura. - Se tiver um dia ruim, se algo lhe chatear, eu vou estar aqui. - ajeitou uma mecha loira do cabelo da mulher.

- Eu vou sentir saudade, amor. - Soraya logo colou seus lábios aos do futuro esposo, tentando deixar aquele momento o mais marcado em dia memória possível.

Jair virou-se de lado, não era obrigado a ver aquela cena.
- Já deu, não acha? - o velho se manifestou. - Respeita minha presença, tá ok. - disse indignado.

Soraya se desvencilhou do noivo indo até o pai, o abraçando forte por cima dos ombros.
- Deixa de ser ranzinza. - sussurrou ao mesmo. - Eu vou sentir muito sua falta, pai.

Por mais rigido que Jair fosse, Soraya era sua única filha mulher, seu carinho por ela era diferente dos outros irmãos da loira. Era a princesa do papai, a menina dos olhos dele, e ele sentiria muita falta disso.

- Se precisar de mim, me liga, filha. - acariciou os cabelos loiros. - Não exite nem por um minuto.

- Eu sei, pai. - sentiu os olhos lacrimejar em. - Isso não é um despedida, eu volto daqui um ano.

- Já estou contando os dias. - carlos disse com certa tristeza.

A voz com boa dicção soou no aeroporto, o voo de Soraya sairia em 7 minutos, era hora de ir.

- Amo vocês. Eu volto logo. - Soraya se agarrou a sua única bolsa agora respirando fundo antes de seguir em frente.

Lisboa a esperava e ela não via a hora de experimentar tudo que Portugal poderia lhe proporcionar.

Fogo no fogo - Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora