1- Tudo começou aqui

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Katsuki Bakugou e Shoto Todoroki estavam mais uma vez cumprindo detenção.

Dessa vez era para fazer rondas nos arredores da U.A, toda noite até o amanhecer, e claro, estavam proibidos de ir para as aulas no período da tarde.

O motivo da detenção foi totalmente culpa do loiro que ficou muito bravo com uma pequena discussão com o meio ruivo. Agora vão ser obrigados a ficar 5 dias em rondas.

No atual momento Shoto estava sentado no chão ao lado de Katsuki, os dois faziam muito isso pois sabiam que a escola tinha outros heróis para proteger, mas quando viam os robôs com câmeras se levantavam rapidamente e fingiam fazer o trabalho.

— Isso é um saco, que ódio. - Katsuki reclamou pela 10° vez na noite. Ainda era 23h.

— Não se esqueça que isso é tudo culpa sua. - Shoto suspirou. — Eu quero dormir. - Katsuki pensou em responder, mas também reconhecia sua culpa. Suspirou em derrota.

Já estavam no segundo ano do curso de Heróis e mesmo assim as vezes atuavam como crianças mimadas.

Katsuki estava mais do que irritado e estressado, tinha motivo para isso, seu pai estava no hospital em estado grave. Somente algumas pessoas sabiam disso, mas ninguém da sala sabia. Shota Aizawa, seu professor, sabia e era o responsável por passar informações do estado de seu pai.

Seu pai fora agredido de forma covarde em um supermercado que foi roubado, ele tentou parar o vilão, mas foi terrivelmente agredido e agora corre risco de perder sua vida. Então, Katsuki tinha seus motivos.

— Vamos ficar muito atrasados na lição. - Comentou Shoto para quebrar o silêncio. — Vou ver o que posso fazer para tentar arrancar algo das aulas. - Katsuki o olhou. — Você está mais falante do que nunca hein, pavê. - Rolou os olhos. — Eu não quero ficar aqui no puro tédio, ainda mais com você rangendo os dentes como se fosse um animal, tá me irritando. - Katsuki o olhou com raiva. — A minha vontade é de explodir a sua cara seu merdinha. - Shoto apenas ignorou. — Ainda faltam 4 dias para a detenção acabar, então vamos tentar não nos matar okay? - Olhou Katsuki, mas parece que só piorou a cara horrível que ele estava. — Morre.

Foram interrompidos com a presença de Shota que viu os dois sentados, obviamente estava preparando uma bronca, mas daria depois.

— Professor, nós estávamos somente... - Shoto foi interrompido. — Eu vou ignorar isso por agora, Katsuki vem comigo rapidinho. - Katsuki se levantou e foi seguindo seu professor até uma distância segura do meio ruivo. — Tenho novas notícias de seu pai, ele acordou e está com sinais de melhora. Após o término de sua ronda amanhã de manhã você pode ir vê-lo, mas tem que voltar logo. - Katsuki arregalou os olhos, suspirou logo em seguida. Estava aliviado. — Obrigado. - Ouvir aquelas palavras de Katsuki eram para poucos. — Volte para sua ronda, e agora façam direito.

Katsuki concordou e voltou para onde estava Shoto.

O loiro estava esperando notícias de seu pai o dia todo então saber que seu pai deu sinal de melhora o aliviou.

— Ele brigou? - Shoto perguntou.

— Vamos dar a volta na U.A - ignorou a pergunta.

Shoto então o seguiu.

Era uma noite agradável, estava quente, mas estava ventando bastante. Katsuki odiava o frio então esse era o clima perfeito para ele. Já Shoto preferia dias frios.

Foram andando, mas dessa vez foram em silêncio o caminho todo.

................

Era exatamente 8h00 da manhã.

Shoto e Katsuki estavam acabados, tentaram revezar para tirar uma soneca, mas os robôs e os guardas estavam de olho neles então não deu para fazer muita coisa.

— Katsuki, te encontro na frente do dormitório no mesmo horário. - Shoto disse quando abriu a porta para entrar no prédio.

— Que seja. - Respondeu o loiro, já totalmente irritado.

Foi em direção ao seu quarto para finalmente poder tirar aquele uniforme que agora, depois de muitas horas o usando, parecia que pesava o dobro. Quando adentrou o cômodo foi logo tirando seu uniforme e jogando pelo quarto, não queria perder muito tempo pois precisava se trocar e ir até Aizawa para avisar de sua saída.

Após um certo tempo, Katsuki já estava pronto e foi em direção a sala onde encontra-rá todos da sua turma, faltando apenas Shoto.

— Bom dia Bakubro, não sabia que estava acordado. - Eijiro Kirishima, um de seus melhores amigos, o comprimentou com um grande sorriso.

— Tô saindo - Katsuki disse e saiu logo, antes mesmo de fazerem perguntas.

Não queria contar a ninguém sobre seu pai, nem mesmo para Eijiro Kirishima, pois não queria aquele olhar de piedade que fariam. Odiava sentir que todos o olhavam com pena, como se fosse um pobre coitado. Era a merda de seu problema.

...............

— Quarto 205

— Tá

Katsuki foi em direção ao corredor onde ficava o quarto de seu pai. Não iria admitir a ninguém que lhe perguntasse, mas estava com o coração na mão. Por mais que não tivesse a relação tão "amorosa" com seu pai, o amava e se preocupava.

Ao encontrar no quarto, suspirou e entrou.

Sua mãe estava lá, dormindo na poltrona do lado. Seu pai estava acordado e vendo algo na pequena TV que tinha no quarto. Quando olhou para a porta e viu Katsuki ele sorriu em surpresa.

— Oi pai. - Katsuki foi em sua direção e se sentou na outra poltrona ao lado da cama. — Como você está? - Perguntou baixo, não queria acordar sua mãe.

— Oi... com dor. - Tentou sorrir.

Katsuki sorriu pequeno. Seus olhos ardiam e ele não sabia se era pelo sono ou pela vontade de chorar.

- O que os médicos disseram? - Perguntou. — 3 costelas quebradas, até ontem eu... - Tossiu. — Hemorragia interna e meu pulmão está comprometido.

Katsuki fechou os olhos pela ardência. Se sentia um inútil, estava se sentindo um merda, um lixo, a pior pessoa do mundo. Sentia que tinha o dever de ajudar seu pai, sentia que não foi capaz de salva-lo.

"Não sou capaz de salvar meu pai, quem dirá salvar alguém em perigo." - Pensava.

— Sei o que se passa na sua cabeça, não se sinta desse jeito. Nunca foi e nunca será sua culpa. - Seu pai diz, fraco e com a voz baixa.

— Eu... eu sei. Não tinha como eu saber que isso iria acontecer, mas eu me sinto impotente. - Puxou seu cabelo, ainda estava de cabeça baixa. — Eu não sei como eu posso te ajudar e isso tá me matando.

— Katsuki? - Ouviu a voz de sua mãe. — Que bom que está aqui pirralho, senti tanto sua falta.

O loiro não conseguiu mais segurar. Suas lágrimas saíram de forma natural, seu peito estava doendo.

— Filho... - Seu pai chamou, mas não conseguiu falar pois tossiu. — Não se esforce, está tudo bem. - Mitsuki, sua mãe, falou a seu pai. Ela se levantou e foi de encontro ao loiro.

— Ele vai ficar bem.

A essa altura, nem mesmo ela estava tão confiante.

— Ele vai sim. - Katsuki direcionou seu olhar a sua mãe.

— Como esta a escola? - Seu pai lhe perguntou afim de mudar de assunto.

— Eu tô de detenção com o merda do Shoto Todoroki, eu nem dormi. - Katsuki bufou.

— Pelo menos você não tá sozinho. - Seu pai disse e tossiu novamente.

— É.

......



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