This, Too, Is Sacred | Dramione

09

Ao ver Hermione Granger vestida com o vestido branco cerimonial de uma sangue-puro fazendo uma classificação naquela noite, Draco deu uma olhada dupla. A antiga moradora da torre da Grifinória estava conversando com Longbottom perto de uma das fogueiras que dançavam com chamas roxas e verdes tão altas quanto as árvores.

Ele não sabia o que pensar da presença dela. Pelos cálculos dele, ela não deveria estar aqui - não deveria nem mesmo saber o que estava acontecendo aqui naquela noite. Bebendo profundamente da taça de vinho gelado em sua mão, ele fingiu não estar observando-a por cima da borda.

Já haviam se passado dois anos desde o fim do regime de Voldemort e os membros do infame Trio de Ouro ainda eram elogiados como heróis regularmente pela imprensa. Apesar de o Profeta Diário raramente ter algo de bom para relatar quando se tratava de algo relacionado aos Malfoy, Draco reconhecia os benefícios de se manter informado. Era algo que Lucius havia martelado em sua cabeça: era sempre melhor estar ciente do que estava sendo dito, mesmo que não fosse algo que mexesse com seu ego. Especialmente se não fosse algo que mexesse com o ego.

Harry Potter, é claro, aparecia no jornal com certa frequência, mesmo agora. Provavelmente sempre apareceria. Ele era noticiado com frequência, quase diariamente, devido à sua nova situação como Auror, mas também porque havia iniciado uma campanha de caridade que colocava órfãos de guerra sem parentes mágicos em lares com famílias mágicas. Tinha sido um sucesso estrondoso. Draco teria zombado, pois achava que Granger seria o cérebro de um esquema como esse... mas parecia que não era esse o caso. Ela havia partido para a Austrália; enquanto isso, um repórter havia capturado toda a sua história sórdida de que ela havia obliviado seus pais antes da guerra e agora queria restaurar suas memórias.

Na verdade, enquanto Potter estava sendo citado de forma inspiradora dizendo uma coisa ou outra em quase todas as edições... e a vida amorosa de Weasley era interessante o suficiente para que os jornais o adorassem... o outro terço da hidra que havia sido o grupo de Potter (o terço de um nascido trouxa, de cabelo espesso e sabe-tudo) estava notavelmente ausente.

Mas, de alguma forma... ela estava aqui.

Draco teve várias sensações com relação à presença dela. Sua primeira reação instintiva foi confusão, seguida rapidamente por repulsa.

Sua terceira reação foi de admiração.

A quarta, compreensão.

Por fim, como se um painel de gaze obstrutivo tivesse impedido que ele o visse adequadamente antes, ficou óbvio que ela era de sangue puro. A conclusão veio lentamente, da mesma forma que um riacho se solta das margens em abril, o gelo é lançado ao longo das bordas e o inverno vai embora em um silêncio.

Ele se lembrava dela quando tinha onze anos de idade: ela sabia demais, era inteligente demais, para ser uma sangue-ruim. Seu pai havia lhe contado tudo sobre os sangue-ruins, não é mesmo? Ela não era nada parecida com o que ele havia garantido que seria uma nascida trouxa. Então, ele recebeu a carta com as notas dos exames finais e se saiu tão bem que ficou profundamente orgulhoso de si mesmo. Mas Severus também havia fornecido a Lucius uma lista com as classificações das notas... e Draco havia se saído muito bem - estava em segundo lugar em todo o seu ano, na verdade -, logo atrás de Hermione Granger.

No segundo ano, ela o enfrentou de forma mandona, como se fosse melhor do que ele. Será que ninguém havia lhe ensinado que ele era o superior? Ele cuspiu aquele insulto - ele havia crescido usando-o, sendo avisado apenas no verão anterior a Hogwarts que ele era considerado ofensivo por alguns - e não tinha necessariamente a intenção de ferir os sentimentos dela: era apenas o que ela era.

No terceiro ano, ele olhou para a ponta da varinha dela e ficou com medo. Crabbe e Goyle nem sequer tentaram fazer nada a respeito, pois ficaram atônitos com a ação. Quem se atreveria a enfeitiçar um Malfoy?