Treinamento e o passado de Heiru

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Hoje já fazia alguns meses que eu estava no templo treinando com o Mestre Jiatsu e a senhorita Heiru, o treinamento consistia em levantamento de pesos alguns dias da semana, outros eu tinha que meditar e tentar fazer fluir a minha energia espiritual. Eu estava dando conta, por enquanto.

Jiatsu: Kagome, preste atenção no que vou lhe mostrar e falar agora, tudo bem?

Faziam algumas horas que eu estava tentando aumentar meu poder espiritual e não estava conseguindo, Heiru tinha me explicado que eu tinha que treinar meu corpo antes, mas eu já o treinei, certo? então porque eu não conseguiria aumentar agora? e como Heiru tinha acordado com pouca paciência hoje, ela precisou chamar o mestre Jiatsu para me explicar tudo sem que ela tentasse me enforcar. O que eu consequentemente agradecia.

Olhei para o velho sacerdote na minha frente e balancei a cabeça positivamente, fazendo ele se sentar na minha frente com uma moringa e um pequeno prato que parecia ser de sobremesa.

Jiatsu: Oque você vê aqui Kagome?

Eu: Um prato pequeno e uma moringa.

Jiatsu: Sim, está correta. Mas me diga, toda água que está nessa moringa, caberia neste pequeno prato sem derramar uma única gota?

Eu: Não senhor, é muita água para o prato.

Jiatsu: Está certa novamente, então me responda Kagome, se eu precisasse de mais água, oque eu deveria fazer?

Eu: Trocar a moringa por uma botija.

Jiatsu: Agora olhe para esse prato como se fosse o seu receptáculo de energia espiritual, e olhe a moringa. Você precisa formar o seu receptáculo para aguentar uma certa quantidade de energia Kagome, esse prato é atualmente sua capacidade de energia espiritual, você não pode deixar que ela tenha mais água do que aguenta, então você precisa aumentar a sua capacidade de energia, para isso é necessário que tenha um receptáculo maior e mais forte para aguentar tamanha energia.

Eu: Mas eu já treinei meu corpo antes mestre, já não estou apta?

Jiatsu: Ainda não minha querida, você sentirá as mudanças quando entender como funciona a formação da sua capacidade, assim como demora para produzir e secar a moringa, também demora para produzir e concluir a sua limitação, você só precisa entender que o tempo dá os resultados necessários para isso.

Eu: Acho que entendi um pouco, vou voltar a treinar o meu corpo então, antes que Heiru venha me matar.

Jiatsu: Falando nela, olha só quem está voltando.

Heiru: Kagome! Já conversou o suficiente, agora quero setenta flexões e se reclamar vão ser cem!

Eu: SIM!

Ouvi a risada do mestre Jiatsu e um suspiro de Heiru antes dela voltar a gritar comigo. Depois, um pouco mais a noite me aproximei da varanda e suspirei olhando a lua. Já se passaram alguns meses que estou aqui, e até então não consegui esquecer InuYasha, não consegui esquecer a dor que senti ao vê-lo ao lado de Kikiyo e ainda pior, ouvi-los falarem sobre roubar os fragmentos e InuYasha concordar com ela. Eles estavam juntos esse tempo todo, mas ele não me amava? se não fosse amor, então oque era? porquê ele não me contava oque se passava, ou melhor, onde eu errei?

Heiru: Pensando no Hanyou outra vez Kagome?

Eu: Heiru! Que susto.

Heiru: Quando vai esquecer ele, Kagome?

Eu: Como vou esquecer a pessoa que eu amo?

Heiru: Exatamente, que você ama. Até quando vai se deixar levar por isso, Kagome?

Eu: Olha Heiru, eu tenho meus motivos e além do mais eu não vou discutir isso com alguém que provavelmente não sabe nem oque é o amor.

Naquele momento, eu vi a tristeza tomar os olhos dela, olhos esses que não me encaravam, ela olhava para a lua como se estivesse fazendo um pedido secreto a ela, Heiru se sentou na varanda e bateu a palma da mão no seu lado me chamando.

Eu: Me desculpe, não queria ser grossa com você... Eu só...Eu..

Heiru: Está perdida, eu sei. Eu já falei essas mesmas palavras para Jiatsu.

Eu: Oque? Você? impossível, você o trata tão bem.

Heiru: Kagome, eu nem sempre estive aqui no templo, você sabe disso.

Eu: Sim, você vivia no Norte, só sei disso.

Heiru: Eu nasci e cresci no norte como filha de um nobre, até éramos uma família feliz e vivíamos bem. Eu era bem fraca, a saúde prejudicada, eu era uma humana bem frágil.

Eu: Humana? mas você é uma Youkai agora, como isso é possível?

Heiru: Bem, eu era uma humana fraca e tinha minhas limitações, vivia no palácio do meu pai e maioria das vezes estava no meu quarto, até que um médico falou para meus pais que eu provavelmente não teria muito tempo de vida e aquilo foi uma onda de tristeza para meus pais, pois eu era a primeira filha deles.

Eu: Oque você tinha?

Heiru: Não sei ao certo, aconteceu a muito tempo. Mas voltando a minha história, não me interrompa.

Eu me calei imediatamente, ela sabia dar medo quando queria.

Heiru: Então meu pai mandou que construíssem um jardim para que eu pudesse passar os meus últimos dias feliz, e bem, eu estava feliz. Por algum milagre consegui crescer e permanecer até meus vinte anos, meus pais não poderiam estar mais do que felizes, a tão amada filha deles estava viva até então. Daí um dia eu fui ao jardim para ler, costumava ficar sozinha já que não tinha irmãos e meus pais viviam atarefados com os deveres do reino, já que a nossa família era próxima do lorde daquela época. Então naquele dia eu estava lendo no jardim, quando um homem se aproximou de mim e me perguntou qual era meu nome e porque eu estava sozinha ali.

Ela levantou o rosto para o céu e sorriu, ela fez uma pequena pausa como se estivesse se controlando para não chorar na minha frente e eu apenas fiquei em silêncio, também olhando para o céu.

Heiru: No inicio eu pensei que fosse algum maníaco ou um ladrão, então eu bati com o livro na cara dele pelo susto hahaha.

Eu: Bela primeira impressão hein Heiru.

Heiru: Hahaha ele me disse a mesma coisa, ele olhou para mim e riu alto "Mas que bela primeira impressão hein garota". Eu fiquei morrendo de vergonha, mas depois de pedir desculpas ele se apresentou como um filho de nobre, e ficamos amigos, ele sempre ia até o meu jardim e passávamos horas conversando, rindo e apenas ali aproveitando os momentos que tínhamos. Ele foi o meu primeiro amigo, e consequentemente o meu primeiro amor.

Eu: Você bateu no rosto do seu primeiro amor? Minha nossa, se for assim pra conquistar alguém eu deveria tentar.

Heiru: Ora Kagome, eu estava assustada! E não me interrompe não garota!

Eu: Sim senhora.

Heiru: Bom. Passamos muito tempo juntos e eu desenvolvi sentimentos por ele, até que um dia meu pai me chamou nos aposentos dele e me contou que eu estava prometida ao lorde do norte, eu fiquei abalada é claro, mas não iria demonstrar, não na frente do meu pai que nem mesmo sabia que eu me encontrava com um homem desconhecido. Eu apenas aceitei a decisão do meu pai, não iria desobedecer ele, então parei de ir ao jardim. Até que chegou o dia de ir ver o meu noivo.

Ela virou o rosto para mim e tinha um olhar divertido, mas seu rosto estava sério, oque me deu um certo nervosismo e ela parecia se divertir com minha apreensão.

A SacerdotisaOnde histórias criam vida. Descubra agora