A Madrugada após o Espetáculo. | Todd & Neil.

Anjo de Neve.

[N/A: Olá, seja bem-vinde a mais uma de minhas obras. Peço perdão pelos erros, pois ainda não revisei o capítulo. E sim, tive que escrever sobre esses dois, pois Dead Poets Society é meu conforto e minha obsessão].

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Eu me lembro de toda a sua empolgação ao me dizer que iria ser ator, Neil. Seu sorriso era gigante e você estava todo decidido.

“Eu vou ser ator. Eu farei isso, meu pai queira ou não”.

E realmente Neil, você fez. Você fez a sua vida ser extraordinária ao subir naquele palco e interpretar o Puck. Ao viver o Puck em sua pele. Você é bom. Você é muito bom. Um ator extraordinário, e bem, eu me lembro de tê-lo dito essas palavras após sairmos do teatro, protegendo você de seu pai.

E tudo graças ao Senhor Keating tê-lo enfrentado. Quando a peça terminou e você surgiu na entrada do teatro com suas roupas normais, eu e os garotos levamos você para mais uma das reuniões dos poetas mortos.

Mais uma vez nós estávamos correndo pela rua escura noturna, rindo e algumas vezes eu tropecei em seus pés por conta da neve. Aquele certamente foi um dos momentos em que a minha vida ficou em silêncio. Você ria alto e corria até a entrada da caverna enquanto nós seguíamos em seu encalço.

— Senhores, nobres cavalheiros, eu declaro aberta mais uma reunião da Sociedade dos Poetas Mortos — você anunciou, segurando o livro de nosso capitão em suas mãos.

E então você fitou cada um de nós, a espera de alguém que se voluntariasse para recitar alguma poesia. Troquei olhares com nossos amigos e como ninguém ousou se voluntariar, eu decidi ir primeiro. Até porque, declamar as poesias que escrevo sobre ti em nossas reuniões sempre foi uma tarefa fácil, pois todos creem que escrevi sobre alguma garota.

“És como a donzela Eurídice,
diariamente você me inspira cada vez mais; surge como um raio solar que
entra por uma pequena fresta da janela em uma manhã de segunda-feira para
me despertar. Você com esse sorriso alegre e olhos sonhadores faz com que
eu me sinta a reencarnação de Orfeu.

Posso declamar para ti todos os poemas
de romance que existem por aí, mas
prefiro escrever sobre ti e toda a
inspiração que me proporciona, sobre
sua paixão pela atuação e como você o faz bem. Sobre você transformar meu
modo apolíneo de enxergar o mundo. Sobre tu ser dionisíaco e me emprestar
suas lentes dionisíacas para contemplar o mundo em que vivemosescrever”.

Eu senti os olhares de todos sobre mim, Meeks até fez piada sobre eu estar apaixonado e eu ri. Cautelosamente fui me sentar ao seu lado e roubei sem cachimbo. Não consegui usar direito e comecei a tossir, você me olhou com preocupação. Tomou o cachimbo de mim, riu e me deu tapinhas nas costas. Em seguida te vi discutir com Charlie, pois o garoto queria devorar o último de nossos cookies e você o xingou, pois segundo você, eu precisava comer.

Mais tarde, quando os primeiros raios de sol surgiam e nós já havíamos cantado e declamado poemas, discutido sobre alguns trechos e refletido, sabíamos que precisávamos ir embora. Eu preferi não ir para casa e passar o fim de semana no colégio contigo. Assim que você comunicou que ficaria lá para evitar confronto com o senhor Perry, liguei para os meus pais para avisar. Ainda nevava lá fora e estava frio o bastante para me fazer roubar seu suéter verde, mas quando a sua imensidão esverdeada encontrou meus olhos azuis, eu me rendi.

Eu sorri. Eu perdi a batalha e te acompanhei para fora do colégio, saindo de modo sorrateiro como dois criminosos para fazermos anjos de neve próximo ao lago congelado. Você ria ao meu lado, movendo seus membros superiores e inferiores enquanto me ouvia reclamar sobre estar muito gelado.

“— CARPE DIEM, ANDERSON!” — Você riu e gritou, me olhando com euforia.

“— CARPE DIEM, PERRY!” — Eu respondi e nós caímos em um riso bobo, permanecendo ali até que o sol estivesse alto no céu.

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Vejo você em uma próxima!