Lembranças

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Sonho, do latim "somnium,ii" .
O sonho é uma consequência de dormir, e dormindo restauramos as principais funções do corpo. Bom, suponho que seja por isso que Greta encontra-se em estado de letargia há 2 minutos, por não ter conseguido dormir muito bem. Ou o certo seria não dormiu?

Sua mente estava em turbilhão, parar de pensar era quase impossível naquele momento.
Devo confiar no que Carson disse?
Será que o Charlie não vai a qualquer momento na delegacia contar do caso sórdido que sua esposa teve com outra mulher?

Era inevitável pensar em tudo que poderia dar de errado, por isso, a mulher decide se levantar e seguir em frente, assim como sempre fez.

Greta pôs-se de pé e se aprontou para descer até a cozinha onde todo o time estava.
Penteou seus fios ruivos, pôs um de seus vestidos floridos, dessa vez um vermelho; ajustou a maquiagem sem esquecer de sua marca registrada: o batom vermelho sangue.
Olhando-se no espelho, constatou que estava pronta para mais um dia.

No café da manhã, todas a cumprimentam com um bom-dia, enquanto comem a fim de abastecerem seus estômagos para mais tarde no treino. E por falar em treino...

— Bom-dia! Como dormiu?— Carson pergunta, com duas xícaras de café em mãos, oferecendo uma a mulher a sua frente que prontamente aceita.

— Bom-dia, Shaw! Dormi bem, não se preocupe.— Greta mente, não se importando que a outra possa ver que a realidade era exatamente o contrário do que proferiu anteriormente.

Por detrás de sua xícara fumegante, a ruiva percebe que não foi a única que não esteve nos braços de Morfeu esta noite.

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O treino corria bem, como todos os outros que já fizeram.
Arremessos, pegadas, rebatidas e corridas; não necessariamente nesta ordem.

Do campo se tinha a visão de quase tudo, e o que ninguém sabia é que tinha duas jogadoras que não só observavam as jogadas, como também movimentos além de sua profissão.
Quando Lupe finalmente para fazendo sua pausa, Jess se aproxima da amiga a fim de perguntar algo um tanto intrigante para a mesma.

— Hermano!— McCready cumprimenta sua parceira de copo.

— ¿Qué pasa, hermano? — Lupe indaga e logo da um aperto de mãos

— Você reparou no clima estranho entre Shaw e Gill ontem à noite? Achei que elas tivessem se dado bem na despedida.— indica com a cabeça para as mulheres sentadas no banco — Parece que noite passada a conversa não terminou muito bem.

— Você não soube? Carson voltou para Idaho depois que a temporada terminou. Deve ser por isso. Ainda estou esperando para ver no que todo esse drama vai dar.— a outra da de ombros e vai em busca de algo para se refrescar.

No banco sozinhas longe dos ouvidos alheios, estavam o assunto da conversa anterior, conversando amenidades.

— E lembra de quando você deu uma "torta de conversa" para o Dove?!— a mulher gargalhava com a lembrança— e quando você deu bronca no time com aquela voz grossa? Continuo achando idiota.

— Tá bom, pode rir à vontade, mas não me diga que nao funcionou!— Shaw endireita a postura sentada no banco de madeira— Eu me lembro muito bem de alguém ter me dito que minha idiotice foi sexy— olha de esguelha para a mulher ao lado.

— O que?! Quem te disse isso? Não estou me lembrando.— a outra responde com falsa confusão.

Com o clima mais ameno, Greta resolve que seria bom dizer algumas coisas.
— Eu menti nessa manhã. Na verdade eu não consegui dormir muito bem, mal tive sono. Foi inevitável pensar no que poderia ter nos acontecido.

— Mas não aconteceu. Eu estou aqui e você também. Nada vai nos acontecer— elas se olham por um curto período— Acho que já descansamos muito, não?— a treinadora se põe de pé e começa a correr devagar— Você vem ou vai ficar aí amolecendo a bunda nesse banco?

Gill a acompanha rindo e balançando a cabeça em descrença com como Carson ficou menos vergonhosa nesse tempo em que ficaram longe uma da outra.

Depois do treino, naturalmente as Peaches foram para casa se trocar a fim de aproveitar o início da noite.
Greta terminava de pentear seus cabelos quando alguém bate na porta. Sua colega de quarto, Ana, vai até a porta e a abre, assim que vê quem está diante dela, a receptora olha para Gill e em seguida para Carson que encontra-se agora parada a sua frente, e da um sorriso.

— Boa noite, Carson. Fique a vontade, eu já estava de saída.— e se vai escada abaixo, ainda com um sorriso no rosto, desacreditada de como suas colegas não enxergam que o segredo delas pode não ser mais um segredo. Pelo menos dentro daquela casa.

Shaw passa pela porta adentrando o recinto um pouco envergonhada com a situação.

— Boa noite, o que te trás aqui?— pergunta levantando dias sobrancelhas milimetricamente feitas.

— Vim ver se você aceita companhia. Sabe, talvez terminar aquela conversa.— responde um pouco receosa com o assunto.

— Claro.— Gill põe a escova de cabelo em cima da penteadeira e se senta à beira de sua cama, dando tapinhas na mesma indicando que a outra mulher faça o mesmo.— Comece me dizendo porque não respondeu minhas cartas, ou sequer me visitou em Nova Yorque.

— Eu recebi suas cartas, mas não pude lê-las. Charlie as leu em minha presença, para que eu soubesse que não seriam respondidas.

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— Percebe o quão ridículo isso é?— o homem pergunta, queimando a carta que acaba de ler.

— Charlie, por favor, não diga isso— Carson pede, com lágrimas nos olhos.— Você disse que queria me ver feliz, o que mudou de repente?

Charlie caminha até sua esposa, põe uma mão em seu queixo, levantando-o para que ela olhasse em seus olhos.
— Nos conhecemos desde os 6 anos de idade, nos casamos, Carson. Você não é assim, e não vou deixar que seja.— se afasta, esfregando as mãos nos fios loiros.

— Você não pode fazer isso. Está se mostrando um monstro, eu não conheço esse homem a minha frente— se levanta indo em direção ao quarto para arrumar suas coisas.— Nosso casamento acabou, por favor, aceite isso e siga sua vida.

— Se você for, eu entrego Greta Gill a polícia!— o homem grita, surtindo o efeito desejado.

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—Entende agora o porque?— Shaw pega nas mãos da rebatedora— mesmo que fosse um blefe, eu não podia arriscar.

Greta nada disse, apenas observou o rosto da mulher a sua frente. Diferente da última conversa que tiveram, agora ela sentia um misto de surpresa e admiração. Admiração pela coragem que Carson teve diante da situação.

A ruiva selou seus lábios aos da treinadora, assim anulando o espaço que antes havia entre elas.
Carson pôs-se em seu colo, pondo suas mãos nos cabelos da ruiva, aprofundando o beijo. Seus lábios se encaixam como um quebra-cabeça encaixa suas peças, suas línguas dançavam em uma sintonia feito uma valsa.
Greta deslizava suas mãos pelo corpo da outra, matando a vontade que sentira desde que se reencontraram.

Ao fim do beijo, ambas permaneceram inertes, observando uma à outra, mal acreditando que finalmente fizeram o que tanto imaginavam durante o tempo em que não estavam em Rockford.

— É sempre um prazer, mas temos que descer se não quisermos que alguém venha nos procurar— com um sorriso ladino, Gill vai em direção à porta— Você vem?— pergunta a uma Carson ainda sentada à beira da cama, que logo abre um sorriso e acompanha a ruiva até o andar debaixo.

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