O beijo

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— Acho que fui prejudicado sim! — disse ele olhando-a nos olhos, falando sobre o fato de ter crescido no meio das mulheres e ter a visão do amor que elas imprimiram nele, este amor romântico e maravilhoso, respeitoso e gentil. Tornou-se galanteador e patético, não tinha o instinto caçador como diziam seus amigos.

— Não acho — respondeu ela. — Você foi um privilegiado. Conhece bem as mulheres, todas elas amam você, o que você precisa é aprender um pouco o jeitão dos homens também.

— Tipo o que?

— Tipo chegar junto, mais firme. Sabe? Você é muito comportado, tem que ser um pouco descarado, mas sem ser grosseiro.

— Mas eu sou! — afirmou ele um pouco indignado.

— É nada! Se fosse, tinha dado um gruda na Mônica, mas não, o senhor certinho a levou para dançar, pagou as bebidas, conversou horas com ela, a fez rir, elogiou a inteligência dela e não só o corpo, depois a deixou na porta de casa sem sequer dar um beijo nela. Você não tem malícia! Entenda uma coisa, as mulheres querem ser respeitadas, mas querem homens de atitude e é isso o que falta a você.

Era duro, mas ela tinha razão.

— Você tem razão. Não sei ser de outro jeito, o que posso fazer? Não sei se ela está ou não a fim, não consigo interpretar os sinais.

— Se ela não tiver a fim, acredite-me, ela dirá. Será um fora, só isso, mas você vive com medo e adia este momento, adiando também a chance de um possível sim.

Ele nunca havia pensado assim e uma alegria brotou no coração dele, junto com a alegria havia o medo. Mas que droga! Pensou consigo. Como poderia ter medo se o máximo que ele poderia receber era um sim, pois o não ele já tinha. O sorriso iluminava seu rosto, ela, ao ver os olhos brilhantes do rapaz, sorriu também. Ele tentava disfarçar a euforia, controlar a respiração, ser dono da pulsação para não recuar diante do medo.

— O que foi? — perguntou ela apreensiva.

— Nada, é que estou feliz, não sei como agradecer.

— Não foi nada, além do que, é só dizer obriga...
No meio da palavra, ele curvou-se sobre a mesa e a beijou rapidamente, depois, diante do espanto dela, a beijou novamente, desta vez foi correspondido... Aquilo deveria ser um sim.

Contos que não valem um contoOnde histórias criam vida. Descubra agora