História inspirada no MV de Kiss or Death do Monsta X e na música Stardust do Kihyun.
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As cores alaranjadas do fim de tarde trazem a sensação de dever cumprido, mas enquanto trabalhadores, estudantes e visitantes cansados se espremem nos trens guiados para a vila, Yoo Kihyun encontra-se do lado oposto da estação.
Com apenas uma pequena mala de mão, um casaco comprido e os olhos focados no enorme relógio de números romanos esculpido na parede da bilheteria, ele respira fundo sentindo o aroma habitual de vai e vem, mais uma vez constatando que haverá poucos passageiros neste meio de novembro, como sempre acontece.
Há um rumor sobre algo sobrenatural permeando as viagens nessa época do ano e Kihyun conhece cada lenda floreada, rindo por dentro ao pensar nas mentes repletas de imaginação do povoado. Isso faz com que se lembre de sua primeira viagem, anos antes, quando ainda era um menininho de dez anos acompanhando a mãe numa visita inesperada à sua família do norte. Vestiam preto porque alguém havia falecido e carregavam consigo o envelope de condolências com um carimbo vermelho em uma das faces. Na época, Kihyun não compreendia questões como a morte, então havia se mostrado entusiasmado demais com aquele deslocamento, com o corredor extenso do vagão e com as janelas por onde podia enxergar colinas e vegetação fugindo em alta velocidade.
Então, no meio da noite, o trem parou sobre uma ponte e, enquanto sua mãe e todos os demais passageiros pareciam ter sido intoxicados por um profundo sono coletivo, ele escutou um estrondo medonho que o fez encolher-se sobre o banco, sem coragem nem para buscar os braços de sua progenitora. O trem balançou duas vezes e Kihyun fechou os olhos com força, abrindo-os apenas depois que o silêncio tomou tudo de maneira assustadoramente repentina, criando nele a ideia de que havia ficado surdo pelo barulho anterior.
Seus olhos captaram uma iluminação estranha e ele se moveu sorrateiramente. Como não era possível enxergar coisa alguma pelas janelas, sua curiosidade o levou a descer do banco e alcançar a porta da cabine, deslizando-a com suas pequenas mãos trêmulas até ser possível pisar sobre o carpete do corredor.
Foi então que ele o viu, mas não por muito tempo, pois o garoto em questão lhe apontou a lanterna no rosto, cegando-o momentaneamente com aquela luz.
Pensar em seu primeiro encontro com Lee Minhyuk faz Kihyun sorrir. Ao longe ele escuta o apito do trem que se aproxima e checa o relógio de parede outra vez.
Nunca há atrasos na plataforma 11.
Em menos de um minuto a face da locomotiva fica visível e o coração de Kihyun acelera ligeiramente, fazendo com que experimente a velha sensação que sempre o toma nesse dia em especial. Seus dedos apertam a alça da mala e há meia dúzia de passageiros que se aproximam, mas Kihyun tem certeza de que nenhum deles está mais ansioso por essa viagem do que ele mesmo.
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Plataforma 11 | KiHyuk
FanficUma vez por ano as linhas férreas de dois universos colidem durante a noite. Uma vez por ano Yoo Kihyun encontra Lee Minhyuk. [KiHyuk]