Prólogo

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Myrelle.

  — Não precisamos de mais funcionários no momento, qualquer vaga, entro em contato com você, senhorita... — O homem mais velho se levantou, falou como se perguntasse meu nome.

  — Belloni, Myrelle Belloni Ferreira! — Levantei-me da cadeira acolchoada e estendi minha mão na direção do homem à minha frente. — Obrigada senhor Braga. — O senhor de trinta anos apertou firme minha mão e me acompanhou até a saída de sua sala.

  — Garanto que qualquer vaga que aparecer, entro em contato com você, senhorita Belloni.

  Inclinei minha cabeça em sinal de concordância e me retirei do local, indo na direção do elevador, apertando o botão que me levaria novamente para a recepção.

  Enquanto os números de cada andar começou à passar naquele visor, comecei a pensar em como as coisas estão acontecendo.

  O aluguel do motorhome está atrasado, minha conta poupança está quase no zero, o dia de pagar o Agiota está mais próximo...

  O barulho do elevador me despertou do estado devaneado que eu me encontrava.

  Ao sair do Prédio, atravessei a rua, sentindo a leve brisa do outono levar alguns fios de meus cabelos castanhos medianos contra meu rosto. O outono é uma das melhores estações, não supera o inverno, mas é muito aconchegante viver cercada pelos festivais. Ao chegar do outro lado da rua, adentrei minha casa, meu lindo e adorável, Motorhome, que esteve comigo nos piores e melhores momentos, com seu cheirinho de lavanda, como se tivesse acabado de ser lavado! Sua pintura descascada, precisando de mais uma mão.

  Girei à chave na ignição do meu bebê e dirigi até a biblioteca de tia Madalena, precisava pegar uns livros capazes de me distrair de todo esse estresse, e outros para estudar para o ENEM.

  Quando estava dando partida no Motorhome, percebi um cara, ele estava em frente ao prédio que eu acabara de sair. O capuz preto e sobretudo não permitiam que eu visse os olhos ou a face dele. Quando pisquei, ele já não estava mais lá!

  Liguei o motor do carro e fui até a biblioteca, tensa com aquela situação... Espero que não seja da polícia, ou alguém que decorou a placa do meu carro.

  Depois de andar um pouco, cheguei até a pequena biblioteca, Coffee rê-Book, calorosa e aconchegante. Estacionei o carro em frente à ela, e logo fui adentrando o local. O barulho do sino repercutiu pela lojinha, chamando a atenção da senhorinha de cabelos grisalhos que limpava uma estante de livros. Assim que me viu, desceu com tudo do banquinho, quase caindo e veio me abraçar como uma criança.

  — Quanto tempo não vem me ver, menina! — Me inclinei um pouco e retribui seu abraço. — Você parece triste, o que houve?

  Tia Madalena apontou para o sofá, próximo a entrada para nos sentarmos, onde havia uma mesa de centro com diversos sanduíches e café.

  — Ainda estou na busca por um emprego. A situação está BEM difícil! — Me sentei e logo coloquei uma xícara de café para mim e tia Madalena, que logo colocou algumas colheres de leite, algo que me repudiava. Café-com-leite me causava uma ânsia horrível, literalmente, eu fico enjoada e coloco tudo pra fora ao ingerir, e nem sou intolerante a lactose.

Uma bruxa No Mundo Real - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora