Eu acho que eu não tenho vergonha de ser quem eu sou. Mas é de se convir que ser criado em uma família onde todos tem pensamentos escrotos por um certo tipo de pessoa, deixa a gente amedrontado. Eu senti medo quando descobri que possivelmente eu era homossexual, e mesmo agora, depois de já ter aceitado eu não pretendo contar para ninguém. Pois é, sou o típico caso de gay dentro do armário. Por isso nunca tive uma relação com outro cara, tenho medo de que as fofocas cheguem aos ouvidos do meu pai e porra, eu não quero ver meu velho triste ou me odiando. Nós dois temos uma relação tão boa, ele me endeusa me venera por ser o filho homem casula e sempre conta vantagem quando está com os amigos dizendo que eu e Rodrigo vamos dar uma porrada de netos para ele mas que antes eu vou comer boceta pra caralho, como Rodrigo já está fazendo.
Todos riem e gritam para mim que aproveite enquanto sou novo, que eu tenho muitos anos de diversão pela frente.
Diversão para um hetero se traduz: Mulher.
Lembra de Pedro que ficou lá embaixo enquanto eu fui me vestir? Agora ele está sentado no sofá da sala, olhando ao redor. Assim que adentro o ambiente ele me encara e eu vejo algo suspeito como um repuxar de lábios para cima. quase um sorriso.
— E então Hugo, não costuma ir pescar com seu pai? — Pedro indaga assim que me sento no outro sofá. Cato depressa uma almofada e coloco no meu colo. Tenho medo que mesmo com a cueca apertadinha, meu pau ainda queira opinar.
— Fui uma ou duas vezes. Não tenho muita paciência.
— Essa é a terceira vez que vou. — Ele comenta como se eu tivesse perguntado.
— Você é novo na corporação? — Tento manter minhas vista só no rosto dele. Mesmo que tenha um imã que tenta me puxar para baixo.
— Sim. Mas estou só cobrindo meu pai por um mês. Eu moro no Rio e meu departamento é de lá.
— Hum...
— Eu conheci seu irmão. Ele ficou lá em casa e almoçou comigo.
— É. Ele está querendo se mudar para o Rio ou São Paulo. — Pedro assente e diferente de mim seu olhar percorre meu rosto e corpo; pausa um pouco nas minhas pernas e torna voltar a atenção para meus olhos.
Já estou gelado, aflito com medo de dar bandeira. Nunca tivesse esse medo, mas ele é algo que eu não costumo encontrar por ai.
— E você Hugo?
— Eu...? (olha o pânico) o que tem eu?
Ele sorri e fala:
— Não pretende seguir os passos do seu pai?
Estão vendo a cor voltando para minha face? Eu consigo sentir o sangue voltando.
— Não. — Policia não é para mim.
— Não curte? — Interessado, Pedro se inclina para a frente e apoia os cotovelos nas coxas.
— Eu só não acho que seja para mim.
— Entendo. E o que quer fazer?
— Vou tentar vestibular para engenharia civil.
— Bom, muito bom.
Ele volta a recostar no sofá e ao fazer isso conserta o pau na bermuda. Meus olhos são atraídos para lá imediatamente e acho que ele percebe. Pedro me encara um pouco malicioso, mas não diz nada.
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Sim Senhor - Romance gay
RomanceATENÇÃO! - NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS. Hugo sempre achou que era “normal”. Seu pai vivia insistindo para ele começar a traçar garotas. Entretanto algo de diferente rodava dentro dele. Nos seus 15 anos descobriu que tinha sim algo difere...