-Você não consegue nem abrir a porta do seu apartamento – satirizou Im Jae-seong ao abrir penosamente a porta por servir de apoio ao Yoon Do-yun, cujo braço esquerdo estava enroscado no seu pescoço.

-Você...fala muito, sunbaenim...- com dificuldade por formar palavras devido aos soluços e às palavras pronunciadas morosamente, comentou o Do-yun sorrindo ao sentar-se, com um baque, no chão para tirar seus tênis. –Estou vendo...que tenho...baixa resistência...ao soju.

Rindo pela forma embargada que o Yoon Do-yun estava falando, conjuntamente com o seu movimentar-se e pelas pálpebras pesando sobre seus olhos castanhos, sentou-se, inclusive, com uma certa dificuldade para tirar seus tênis, colocando-os corretamente em um canto determinado e calçou um par de slippers com pantufas. Somente as suas próprias meias brancas, escurecidas em locais não muito visíveis na parte externa da sola, eram o limite que estabelecia entre os seus pés e os calçados alvos. Logo depois, observou o confronto do qual o seu calouro estava travando com seus pés para se desvencilhar de seus calçados. Jae-seong riu novamente.

-Deixe-me te ajudar, hoobaenim – disse imperativamente com o outro que se estendeu no chão, como forma de aceitação da proposta de ajuda.

Embora estivesse alcoolizado, Jae caminhou sem muito esforço e decidiu iniciar a ação cuidadosamente, porque o seu calouro estava precisando de atenção. Seus sentidos estavam quase sob controle, colocando-o em uma posição de vantagem, ou apenas mais disposto, em relação ao outro. Entretanto, isso não impediu as suas mãos de tremerem ao aproximar-se dos pés daquele homem estendido e semiconsciente.

Seus olhos prenderam-se na pequena área de pele caucasiana da barriga exposta de Do-yun. A intensidade de seu alvor foi um caminho do qual não escolheu percorrer, pois era agressivo e selvagem, quase um ato pecaminoso. Era quase incontrolável e dolorosamente prazeroso. As veias azuis guiaram seus olhos sedentos a lugares curiosos e misteriosos. Descendo alguns centímetros, a marca da cueca estava à mostra, levando-o ao ápice febril da tentação carnal, verossímil ao impulso do predador sobre a presa. O rosto e as orelhas de Im ruborizaram e sua respiração tornou-se desregulada, mas afastou quaisquer pensamentos que não o ajudassem a focar naquele momento específico.

Do-yun estava na fase do adormecimento, com bochechas rosadas e quentes, porém era apto a sentir os dedos gélidos do amigo percorrendo seus calcanhares e as laterais de seus pés, um de cada vez. Aquilo o fazia cócegas e o fez sorrir.

-Você poderia...palar de fazer cosquinha, sunbaenim...hmm – o rapaz colocou o antebraço esquerdo sobre os olhos para reduzir o incômodo da luz na entrada do apartamento.

-Eu preciso tirar seus tênis e meia chulezentos – respondeu o outro ao concluir satisfatoriamente a missão. –Vamos, levante-se. – Jae-seong estendeu a mão em direção ao outro.

O mais novo levantou-se cambaleando mesmo com movimentos letárgicos e sem jeito, e tentando manter sua visão focada no chão. Isso mostrou-se ser um exercício totalmente inútil, uma vez que não facilitava sua locomoção.

Ambos em pé, na melhor maneira possível, estavam prontos para começarem a caminhada. De acordo com a mente entorpecida de Im Jae-seong, levaria o rapaz para a cama e, caso fosse extremamente necessário, tiraria as suas roupas com odor forte de bebida alcóolica. E, como não estava em situação para retornar para casa e supondo que o rapaz compreenderia, ficaria descansando na poltrona em frente à escrivaninha, ao lado da única cama do recinto.

Preparando-se para retirar o braço de sua nuca, com seus movimentos perceptivelmente sobrecarregados por uma força invisível e talvez sobrenatural, Do-yun diz alguma coisa inaudível.

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