O disfarce não é mais eficiente o cacete. Tá na cara que ela tem um motivo bem mais grave pra estar saindo do país e eu vou descobrir.
Jogo o cigarro que estava em minha boca no chão da avenida e continuo andando sem diminuir o passo. Não estava com cabeça nem para fumar relaxando. Sinto vários olhares sobre mim, mas realmente eu não ligo. Tudo o que me interessa é a casa que vou entrar assim que virar a próxima quadra.
-- Amandina! -- grito para dentro de casa - o codinome que criamos - e digito alguns números no painel do portão para que ele abra automaticamente. Desde quando Karliana precisou começar a viver às escondidas, só eu tinha acesso à casa pelo código numérico.
Mas é óbvio que eu não a vejo no primeiro cômodo a ser explorado. E nem seus móveis. Nem um pertence.
Eu não acredito que a desgraçada foi embora e nem fez questão de avisar ninguém.
A única coisa - inclusive um pouco suspeita - que eu encontro está dentro do banheiro. Escondido no fundo do armário do espelho. Seu piercing do septo e uma máquina de barbear. É claro que não, que isso vai ficar aqui.
-- E vocês vem comigo... -- murmuro com a boca quase fechada, e os batimentos cardíacos entupindo meus ouvidos, tomando cuidado mais que o suficiente para colher os objetos sem perder qualquer vestígio importante que pudesse estar estampado ali. O piercing peguei com as unhas.
"Hora maldita pra sair de casa sem trazer um coletor".
Penso, mas acho que acaba saindo em voz alta, pois tem uma voz não conhecida por mim que me arranca à força dos devaneios, e quase derruba os objetos das minhas mãos.
-- Tá fazendo o que aqui? Como entrou? A gente acabou de se ver!
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Existirão outros tempos.
Mystère / Thriller🚫 ALERTA DE POSSÍVEIS GATILHOS: {PSICOPATIA} {VIOLÊNCIA SEXUAL} {TORTURA} {DROGAS} {SUICÍDIO} 🔞 Não recomendada a leitura à pessoas com quadros psicólogicos de depressão/ansiedade/pânico, por conter possíveis gatilhos que podem ser um disparo para...