Predador e sua presa

Capítulo 1 - O pesadelo

São exatamente uma hora da manhã agora, e estou encerrando o último bico temporário da semana. É um bar onde servem espetos e carne assada, muitos homens, pessoas que querem encher a cara e até pessoas que reclamam do chefe no trabalho vem com frequência aqui, acho que é o lugar perfeito pra esquecer os problemas ou serem criados, não é mesmo?

Estava terminando de guardar o último prato da pilha de louça quando sinto alguém agarrando minha cintura, normalmente faço bico de duas ou três vezes no mesmo lugar, depois já mudo. Não gosto, e não consigo trabalhar no mesmo lugar por muito tempo. Olho para trás e vejo que é um dos meus patrões, ele deve ter a idade da minha mãe, uns trinta e sete anos talvez.

_ O que pensa que está fazendo seu velho nojento ?! - empurro ele com toda minha força e ele cai no chão.

_ O que foi gracinha ? Vai ser rápido, eu juro - falava com um bafo arrebatador de bebida.

Não pensei duas vezes, dei um chute no saco dele, fazendo ele contrair seu corpo de dor no chão.

_ Seu canalha !! Vou pegar mais 200 reais a mais por conta do ocorrido e não volto mais aqui, NUNCA MAIS!! - dou as costas e vou em direção ao caixa, não é a primeira nem a última vez que tal coisa acontece comigo, já trabalhei em diversos lugares com homens muito mais nojentos. Mas nunca nenhum conseguiu abusar de mim, porque apesar de parecer fraca, eu sou boa de briga e meus reflexos são muito bons, desde pequena sempre gostei de esportes.

Enquanto andava calma pelo lugar, sinto uma mão puxando meu tornozelo para baixo e caio no chão.

_ EU DISSE QUE VAI SER RÁPIDO - ele fica em cima de mim, prendendo meus braços e minhas pernas.

_ SOCORRO!!! SOCORRO!!! ALGUÉM ME AJUDA - chamo por ajuda mas o homem dá um tapa ardente em minha cara e tapa minha boca com umas das mãos.

_ Fica quieta puta, você me deixou furioso, de agora em diante, vou fazer com que você se arrependa amargamente desse chute pelo resto da sua miserável vida - falava em meio a risadas, enquanto apertava meu rosto - E nem adianta gritar, ninguém vai te ajudar.

Fecho meus olhos e no pensamento, eu imploro para que alguém me salve.

"É o meu fim" pensei.

Enquanto o homem me segurava brutalmente, alguns flashbacks da minha vida se passaram pela minha cabeça. Algumas memórias de qual eu sinto tanto a falta.

Lembrei-me de como éramos felizes, mamãe, papai e eu. De como minha mãe preparava a comida com todo carinho, de papai beijando-a no topo da cabeça, dos olhos de minha mãe brilhando, toda vez que papai falava que a-amava.

Ele sempre me pegava no colo, dizia que me amava, me abraçava, e me fazia sentir a filha mais feliz do mundo.

Mamãe e papai se amavam, e eu amava os dois.

Acho que eu faria de tudo pra ter papai junto a nós de novo, tudo antes daquele fatídico dia acontecer. O dia que mudou toda a nossa vida.

O dia que fez com que minha mãe virasse uma dependente de drogas e uma péssima mãe.

Agora que eu vou morrer ? Será que alguém sentirá a minha falta ? Será que minha mãe vai ficar bem sem mim ? Como ela conseguirá se sustentar sozinha ? Será que ela ainda me ama? Ou amava somente ao meu pai ?

Quando me dei conta as lágrimas quentes já escorriam de meus olhos. E o homem estava prendendo minhas mãos com o cinto.

Provavelmente ninguém estaria nas ruas às 1 da manhã. E não tem ninguém morando por perto, vizinhos nem residência, por ser uma área comercial, todos deveriam ter ido embora.

Mas não desisti, gritei mais uma vez, com toda a minha força.

_SOCORRO.... - nada mudou, nesse momento o canalha desabotoava minhas calças enquanto me xingava de diversos nomes - por favor deixe-me ir!!

Nesse momento eu já havia desistido de fugir. Fechei meus olhos ardentes por causa do choro e esperei pelo pior.

- Ninguém vira te ajudar vadia!! Irei fazer bom proveito de você, já que faz tempo que não alongo minhas pernas. Se é que me entende rsrs- ria de maneira sarcástica.

Continua...?

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