𝗧𝘄𝗶𝘁𝗰𝗵.

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Boa leitura!!


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Olivier não podia negar sua surpresa, quando em meio ao encontro de sua irmã foi chamado para a sala, onde conheceu as paqueras de sua Amélie, Bárbara e Helena, que lhe deram um presente inesperado alegando não só ter contato como também dividir o mesmo apartamento que o menino de cachos fofos pelo qual se sentiu extremamente atraído. 

Com uma moldura e uma folha de caderno arrancada, ele seguiu novamente em direção ao seu quarto, envergonhado e ansioso. Deixou-os em cima da cama e ficou ali, observando de longe aquilo. 

No quadro, uma paisagem linda estava pintada, que de tão bela parecia real, quase como uma fotografia em tempo real. Imaginou-se ali, na areia pálida, sendo arrastada pelas ondas, os pés na água se deixando levar, um céu tão brilhante quando o sol lá em cima, um dia não tão quente e nem frio, somente agradável. Deixou-se levar quando os imaginou ali naquele lugar, de mãos dadas e brincando com as ondas sem malícia, só a genuinidade do sentimento e a pureza do amor. Imaginou-se ao longe ver o farol grande, a luz desligada mas nunca deixando de chamar a atenção, distante e reluzente pelos raios solares, atrás da floresta, perto das docas. 

Levou sua mão desnuda da luva até lá devagar, as pontinhas dos dedos contornando com delicadeza a vista pintada, sorrindo sem perceber. Era lindo. Deslumbrante e emoldurada, digna do espaço vazio em seu cenário pacato e meio neutral. 

Recolheu a mão, olhando para a folha cheia de palavras, meio bagunçadas e tortas, escritas correndo. Pegou-a em mãos, analisando em volta tudo antes de ler seu conteúdo. A folha parecia ter sido tirada de um caderno com tema de barquinhos, denunciou o barco a vela ao lado da marca, mas achou fofo. Combinava com o dono, ou o ex dono do papel.

Leu com atenção as palavras, devagar e sem pressa, analisando a rima e apreciando a poesia em si. Seus olhos brilharam, felizes e muito bem abertos, atentos a tudo. 

"Como a areia e o rochedo

pensei em ti e em mim no aconchego.

Seus olhos escuros e nublados,

prontos para serem desvendados.

Como o mar e o seu restante,

quando olho pra você paro em um instante.

Pela tela do computador é difícil te enxergar,

preciso te encontrar e por favor,

deixe-me te beijar."

Jurou conseguir ouvir sua voz lendo tudo aquilo que ele mesmo escreveu para si, e corou um pouco com sua própria linha de pensamento. O que será que ele estava pensando agora? Por que ele havia feito aquilo? Por que o mundo é tão pequeno? Por que o universo estava tão ao seu favor? 

Por quê...?


[...]


2 anos depois...

"O som tá baixo, chat?" Ele perguntou, arrumando as configurações da live recentemente aberta na mesa de som. Um lo-fi tocava ao fundo, baixinho, quase que imperceptível, mais para acalmar os nervos e deixar-se de fundo do que para comprometer a trilha sonora. "Tá bom assim, então?" Perguntou de novo, logo vendo o chat lhe responder de pressa.

"Vou levar vocês até a cozinha enquanto essa aqui fica focada no Bisteca, 'pode se'?" Ele nunca tinha precisando apreender a mexer com o som enquanto fazia live, seu áudio não era ruim, pelo contrário, era muito bom, só que após começar a morar junto com outro alguém, vocês começavam a trocar manias e sem perceber suas lives agora eram dependentes da mesa de som. "O Oli tá com a Mélie e a Barb lá na cozinha. Então a live vai ser meio diferente, tá bão?" Falou com seu público, a câmera do celular apontada para baixo, do jeito que seu rosto ficava mais para cima e meio desregular.  

Ele andou pelos cômodos do enorme apartamento, atravessando um longo corredor cheio de portas, passando da sala de estar e jantar para enfim chegar na bela cozinha de cores claras e pálidas, que aliás tinha sido ideia de Helena para a decoração. Com um ar mais delicado que só ela conseguia ter, combinando até com sua personalidade calma.

Ele entrou no espaço, deixando o celular no tripé grandão, ajustando até que ficasse no angulo certo e bem centralizado.

"OPA, POVO!" Amélie gritou, assim que ele se afastou dali. Estava sentada no Balcão com Bárbara entre suas pernas e acenava freneticamente, animada para a ocasião. No mesmo dia em que Milo decidiu pedir um Olivier já sem esperanças em namoro, na cafeteria favorita deles, no cinema da casa da Florence, Bárbara pediu para que ela se juntasse em seu namoro com Helena, o que a platinada fez de bom grado. E agora em live, eles comemoravam dois anos de namoro e alguns meses morando juntos. "Eta, chat! Como 'cêis tão'?" A cacheada coprimentou o chat, que não tardaram a responde-las visivelmente também animados, com frases em caps lock e emotes divertidos. 

Milo se distanciou dali, indo até seu amado que com muito nojo e desconforto visível encarava a louça com luvas de borracha nas mãos. O cacheado foi até o moreno, passando seus braços pela cintura alheia, encostando sua testa nas costas do meio francês, confortando-o. 

"Eu lavo se você quiser." Ele disse, abafado. Todos na casa tinham suas obrigações, e quem sujasse lavava, era claro, mas os irmãos, mesmo morando juntos a anos nunca gostaram de lavar as louças; por isso que eles haviam comprado uma lava-louças automática, que para a infelicidade de ambos havia quebrado e estava no concerto. "Faria isso por mim?" O Florence perguntou, virando-se nos braços do Castello. "Faria sim. Tudo por você." Declarou, distribuindo vários selares por todo o rosto do amado, ouvindo sua risada se misturar com as vozes altas atrás de ambos. 

Olivier olhou por cima dos ombros de Milo, vendo que Amélie agora lia a receita do bolo que fariam encostada no balcão de mármore, sua mão direita sendo usada para passar a página do celular, enquanto a esquerda se dava o trabalho de prender uma Helena completamente vermelha ali, que se escondia contra o próprio corpo da de cabelos brancos.

Ele riu para si mesmo e depois voltou-se a seu namorado, levando uma de suas mãos até seus cachinhos e a outra até seu rosto segurando-o. 

"Acho que te quero pro resto da minha vida." Ele falou, não mais que quase um suspiro, bem baixinho para que só ele escutasse. "Eu diria o mesmo pra você, Oli." Milo respondeu, sorrindo largo enquanto as mãos que antes pertenciam a sua cintura subissem para segurar seu rosto, do mesmo jeito que fizera. "Milo..." Chamou, mantendo o tom baixo.

Olhou no fundo de seus olhos brilhantes e o analisou; em seus lábios continham um pequeno sorriso fofo, seus cachos meio molhados onduladinhos e soltos, sua epiderme banhada a som um pouquinho corada... Se deixou levar quando disse:

"Ca-casa comigo?" Em um sussurro incerto, quebrado e inseguro. Os olhos brilhantes piscaram e seu sorriso se fechou, analisando a situação, apavorando o Florence que por instinto tentou se desvencilhar-se de seus braços, arrependido do que disse, sendo segurado pelo outro firmemente que não o deixou sair.

"Sim! Eu caso com você, Olivier Florence!" Ele disse, mais alto do que antes, chamando a atenção de não só as meninas que brincavam com a massa feita, mas sim também como a atenção do chat da live, que comemorava mais do que feliz.

E quem diria, que um amor por live se tornaria algo a mais do mesmo jeito que se iniciou-se... Na Twitch.





Fim.


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Tenham um bom final de semana!

-Apolo(Elu/Ele)

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