O começo

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Temos todo o tempo do mundo, era isso o que eu repetia todos os dias de manhã quando acordava e me preparava para um novo dia, e neste dia em questão nada foi diferente. Era o primeiro dia de carnaval e eu já conseguia ouvir as marchinhas cantadas a plenos pulmões e podia imaginar o quão perfeito seria esse dia! O sol brilhava no céu e as ondas do mar ocupavam meus olhos enquanto tomava minha segunda água de coco sentada em um dos vários quiosques espalhados pela orla da praia, o glitter em meu rosto refletia com a luz do sol e eu tentava ocupar uma posição confortável para aquela saia de tule incômoda que eu fui obrigada a usar. Ruby prometeu que se encontraria comigo às 10h, mas eu estava aqui a meia hora e ainda não tinha nem sinal da morena, mandei uma última mensagem para a mesma e voltei a tomar a água de coco em minha frente.

Foram necessários mais 30 minutos para que minha amiga finalmente chegasse ao meu encontro, Ruby vestia uma capa vermelha e um conjunto da mesma cor e se intitulava chapeuzinho vermelho, a morena observou e palpitou sobre cada detalhe da minha fantasia que a própria havia escolhido, Luccas me fez usar uma fantasia de bailarina, o que eu claro detestei de primeira porém acabei me acostumando. Ruby comprou duas cervejas e bebemos as duas ali mesmo no quiosque, depois dessas várias outras vieram e quando finalmente resolvemos entrar no meio da multidão e seguir algum bloco já era por volta das 14h da tarde.

A magia do carnaval era algo questionável, para muitos ou talvez para todos; existia uma linha tênue entre odiar e endeusar o feriado nacional. Com todas as minhas experiências eu era daquelas que ficava no meio, eu adorava as danças e as músicas e as amizades instantâneas que se formavam nos bloquinhos e não gostava tanto assim do extremo contato de pele com pele e suor com suor! Minha amiga por outro lado apenas endeusava o carnaval, desde que nós nos conhecemos na faculdade Ruby não perdia um ano se quer e eu era obrigatoriamente puxada para tudo isso.

- Ei, Emma - Ruby falou alto o suficiente para que eu pudesse ouvi-la - Cervejas!?

- Sim! - gritei dando ênfase na palavra - Ali tem uma barraca - apontei na direção da mesma.

Segurei a mão de Ruby e puxei a mesma entre a multidão até que chegássemos ao outro lado. E lá estava um dos maiores problemas do povo brasileiro as malditas filas, e essa era uma daquelas em que seria preciso inventar um bom jogo para ocupar a mente.

[...]

- Se eu soubesse que ficaríamos aqui por tanto tempo eu teria trago um banquinho! - Ruby bufou soprando alguns fios de cabelo para trás.

- Não se esqueça que foi ideia sua deixarmos o cooler em casa! - apontei encarando a morena - Agora poderíamos estar seguindo o bloco enquanto aproveitamos uma cerveja gelada nesse calor horrível!

- Podemos até estar ruim, mas não tanto quanto aquela diabinha ali - Ruby meneou a cabeça na direção da morena em nossa frente - Ela parece bem chateada com aquele cara!

- Parece mesmo - observei a interação da diabinha com o homem - Eu vou até lá!

- Vai fazer o que lá? - Ruby segurou meu braço - Na verdade, ela precisa de ajuda.

Entreguei minha parte do dinheiro para Ruby e caminhei na direção da diabinha. A cada passo dado o caminho parecia ficar mais comprido, ou eu estava tendo uma insolação ou a multidão não gostava nadinha de mim.

- Qual é morena, você tá sozinha eu estou sozinho - o homem se aproximou da diabinha - Apenas um beijo! Se não me der eu vou roubar!

- Cara eu nã...

- Oi amor! Qual o problema? - coloquei o braço sobre os ombros da mulher que me olhou aliviada - Não consegui achar a bebida que você me pediu!

Até o ano que vem - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora