𝑼𝒏 𝒄𝒖𝒂𝒓𝒕𝒐- 𝑷𝒆𝒅𝒓𝒊 𝑮𝒐𝒏𝒛𝒂𝒍𝒆𝒛

17- 𝑀𝑖𝑙 𝑝𝑖𝑒𝑧𝑎𝑠

𝑃𝑜𝑣. 𝑆𝑎𝑟𝑎ℎ 𝑅𝑜𝑑𝑟𝑖𝑔𝑢𝑒𝑧

"Tem alguns tratamento, não vou dizer que é impossível mas as chances são mínimas"- escuto a médica falar e sinto meu coração se partir em mil pedacinhos

Na minha família tem histórico de esterilidade e eu sempre me preparei pra esse momento, evitei pensar na possibilidade de construir uma família para evitar decepções, mas a minha relação com o Pedri me fez mudar meu pensamento e foi tudo tão rápido que nem tive tempo de evitar...

"Sei que são jovens e tem muitas possibilidades ainda, pode opinar por vários tratamentos"- a mulher tenta de todas as formas me confortar- "De qualquer forma que faça um acompanhamento com alguma psicóloga antes de tomar qualquer decisão"

Parei de ouvir a mulher, eu não tinha que me decepcionar mais, é doloroso e acredito que para o Pedri também estava sendo difícil, ele acabou de perder a avó e acredito que agora saber que a namorada não pode gerar um filho seu só dificulta as coisas.

Saímos do consultório em silêncio e assim ficamos até chegar no nosso apartamento, nós nos deitamos na nossa cama e ficamos aproximadamente uns dez minutos sem falar nada só olhando para o teto...

"Você quer conversar?"- ele pergunta enquanto olha pra mim

Eu não tenho palavras que possam descrever tamanha dor...

Me deito no peito do meu namorado e choro como uma criança, e não importa o quanto eu chorava a dor nunca passava...

"Vai ficar tudo bem, a gente vai dar um jeito"- ele falava enquanto acariciava os meus cabelos

Eu me sinto tão culpada por não ser forte pra ele, eu me odeio por ser tão frágil. Com o tempo acabo me entregando ao sono...

2 meses depois

Hoje é o jantar de noivado do Gavi e da Ana. Ela já tá no quarto mês de gestação já possibilitando exibir a barriguinha de gravida.

Dês de que eu e Pedri descobrimos a minha doença nós acabamos nos distanciando, grande parte é culpa minha já que eu fui fraca no momento em que ele mais precisava de mim.

"Sarah, Pedri, que bom que vieram"- a Ana fala nos fazendo tirar os olhos dos celulares- "Os melhores padrinhos do mundo todo, como estão?"

"Bem, a gente atrasou por conta da aula da Sarah"- Pedri se explica com abatida como nos dois últimos meses

"Tudo bem, o importante é que vocês vieram"- Gavi fala colocando a mão sobre os nossos ombros

"Vocês são muito especiais"- eles saem e nós voltamos nossas atenções para o celular

Depois de mais ou menos uma hora começo a sentir uma certa fraqueza muscular e tontura...

"Pedri, podemos ir embora?"- pergunto baixo no ouvido dele

"Acabamos de chegar, somos padrinhos"- ele discorda

"Eu sei mas é que não estou passando muito bem"- explico sentindo minha cabeça rodar

"Espera um pouco, o que custa"- ele fala sem nem olhar nos meus olhos

Espero alguns minutos mas o meu estado parece só piorar, sinto minhas mãos suando e meu estomago embrulhar

"Pedri..."- antes que eu termine a frase seu olhar de tédio me faz desistir de completa-la- "Eu vou pedir um Uber, depois mando uma mensagem pra Ana e pro Gavi"

Me levanto da nossa mesa e saio da casa, mesmo com a visão meio turva, quando chego na parte de fora me sento no paralelepípedo da calçada para tentar recuperar a consciência

"Sarah?"- escuto mas não consigo assimilar a voz- "Você tá bem? Quer ajuda?"