Mais um dia

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Daniel Almeida
18/10/2015

Já é sexta-feira, essa semana passou tão rápido que eu nem acredito que ela existiu. Trabalhar com a Júlia tem sido tão leve, tão bom, que só tenho pensado em trabalho e isso me faz bem. Já são quase 18 horas e não tenho mais pacientes hoje, então decido ir lá fora conversar um pouco com a Júlia, nós temos feito isso todos os dias. Também tenho levado ela pra casa, não é seguro ela andar sozinha a noite e nem divertido pegar ônibus lotado. Então nós conversamos, muito, sobre tudo. Em quatro dias Julia se tornou a pessoa com quem tenho mais intimidade, isso é surreal, é como se nunca tivessemos passado um dia sequer sem nos ver.

- Eu estava pensando em uma coisa muito legal. - Digo me aproximando da mesa de Júlia.

- Por favor, me diga que é em estourar essa espinha no seu rosto, eu pensei nisso o dia todo. - Ela diz com aquele olhar de criança.

- Primeiro, não. E segundo, são 17:49, isso é jeito de falar com seu chefe? Pensei em pegarmos um cinema na segunda. O que me diz?

- Isso não é convite que se faça a uma funcionária. Te respondo às 18 horas.

Volto pra minha sala pra guardar minhas coisas e exatamente às 18 horas, Julia entra sem bater.

- Cinema na segunda é coisa de desocupado. Entra dizendo.

- Tenho plantão no final de semana e nós não trabalhamos nas segundas, então é justo.

- ok, no final da tarde então, quero almoçar com a minha família. - Ela diz.

- Então eu almoço com vocês e de lá nós vamos para o cinema.

- Não consigo te imaginar almoçando lá em casa e Daniel, eu não te convidei.

- Estarei lá às 12 horas. Agora tenho outro convite pra te fazer, hoje é sexta, dia de lavar a clínica e já que você não vai pra casa enquanto eu não for, o que acha de pegar uma vassoura e começarmos a esfregar? - Falo.

- Isso não estava no meu contrato! - Diz fazendo cara de marrenta.

- As caronas também não.

- Abusado!

Então eu saio pra pegar o material de limpeza e quando volto, Julia está coma as calças encolhidas pra não molhar, descalça, com uma regata que eu não sei de onde surgiu e os cabelos presos em um coque. É incrível como ela é linda de qualquer forma, em qualquer situação. Também é estranho a olhar dessa forma, quando a conheci ela era criança e eu pré adolescente, quando ela era pré adolescente, eu já estava indo pra faculdade, sempre a vi como criança e agora vendo ela como mulher, é novo e bom. Júlia não é uma garota comum, em nenhum aspecto. Ela tem cabelos pretos longos e ondulados, lindos e que combinam perfeitamente com a sua pele parda. Tem no corpo diversas tatuagens e sua imagem não fica poluída por elas, casa desenho tem o encaixe perfeito com sua aparência e personalidade, parece que ela nasceu assim. Ela não é alta, mas também não é baixinha, tem menos de 1,70 e mais de 1,60, não é gorda, nem magra, tem o corpo bem desenhado e pra mim, aquele corpo como todo somado aquele interior que ela tem são a definição da perfeição. Ela já não é mais a criança que conheci, é uma adulta muito mais madura do que fui na idade dela, provavelmente a vida lhe forçou a amadurecer, mas ainda deixa a criança que foi aparecer sendo brincalhona e alto astral na maior parte do tempo, é uma mulher incrível que reencontrei a pouco tempo e sinto que conheço a vida inteira, de fato conheço, mas quando estou com ela é como se nunca tivesse ficado sem ela. Eu não posso negar que estou extremamente atraído por essa mulher que agora me ajuda a lavar minha clínica, ambos em silêncio, um silêncio que não é constrangedor e não tem nada mais íntimo que o silêncio confortável entre duas pessoas.

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⏰ Última atualização: Nov 09, 2022 ⏰

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Com amor, Julieta.Onde histórias criam vida. Descubra agora