Porchay acordou mais uma vez naquela noite, estava ofegante e suado, seu peito doía com o coração acelerado pulando no peito. Estava nauseado e com medo. Abraçou seu próprio corpo ainda sentado na cama, sentindo as lágrimas escorrendo por seu rosto.Em seus apenas dezenove anos de vida nunca pensou que estaria passando por coisas como aquelas. As crises de pânico cada vez mais frequentes, as sensações do dia que foi sequestrado entranhados em sua mente, seus nervos. Podia sentir os chutes que tomou como se fosse naquele instante, o medo do que aqueles homens podiam fazer consigo ainda vivo em si.
Não se sentia seguro em lugar algum, muito menos quando Porsche passou a ser líder da segunda família. Sua casa deveria lhe parecer um lugar seguro, guarda-costas bem qualificados treinados pelo seu próprio irmão estavam sempre por perto, se respirasse diferente eles poderiam lhe ajudar, mas também lembrava que no dia do confronto entre as famílias precisou de apenas um momento sem atenção para encontrar diversos corpos a sua volta, naquele lugar que deveria ser o seu lugar seguro.
Respirou fundo e secou as lágrimas, indo até o banheiro e lavando o rosto, ponderou sair para pegar um copo d'água, mas se fizesse isso seu irmão estaria sabendo no dia seguinte e não queria preocupar Porsche com esse tipo de coisa, o irmão mais velho já havia passado muito tempo preocupado consigo e isso lhe causou muitos problemas.
Voltou para a cama e olhou para o relógio, vendo que ainda era madrugada, mas não poderia voltar a dormir, não para ter seu terceiro pesadelo na mesma noite. Por isso apenas pegou seu violão e passou a dedilhar e a lembrança de quem havia lhe dado aquele objeto e lhe defendido naquele dia era inevitável, fazendo as lágrimas voltarem a escorrer por seu rosto.
Respirou fundo e pegou o celular, suas mãos tremendo levemente, em dúvida se aquilo era a coisa certa a se fazer ao mesmo tempo que se sentia tão perdido que qualquer que fosse a reação do outro a receber aquela ligação no meio da madrugada, não poderia mais lhe machucar, seu coração já havia se partido de uma forma sem conserto no dia que o Kim disse que o nunca o amou.
- Alô... - Kim atendeu o telefone logo na segunda chamada, sua voz era um tanto profunda e isso fez a vontade de chorar ser ainda maior, por conta disso não conseguiu dizer nada, apenas chorar e fungar - Chay?! Você está bem? Alguém fez alguma coisa com você? O que está acontecendo? - seu tom se tornou preocupado, ouvindo o choro abafado aumentar junto aos soluços - Me diz o que tá acontecendo, senão eu vou ter que ir até aí e você sabe o que vai acontecer...
- E-eu... eu não consigo dormir. - respondeu por fim - Só queria conversar.
- O que não te deixa dormir? Aquele dia? Não queria que você tivesse que ver aquilo...
- Acredito que seja tudo que aconteceu. Eu tenho medo. Medo de tudo. Medo de acontecer de novo, medo de alguém invadir essa casa também, do meu irmão se machucar.
- O Porsche não vai deixar nada acontecer com você, eu tenho certeza disso. Eu sei o quanto ele está de olho em você.
- Ele nem sabe. Não tem tempo para essas coisas bobas e eu também não quero que ele saiba e tenha mais uma coisas em mente...
- Porchay, isso não é uma coisa boba, o Porsche precisa saber. Você acha que ele está cuidando de outras coisas, mas você é tudo que ele tem... Eu sei o quanto ele esta preocupado com você.
- Se ele já está preocupado sem saber de nada, eu não darei uma razão para ele se preocupar ainda mais...
Os dois ficam algum tempo em silêncio no telefone até que Kim finalmente diz o que estava passando em sua mente.
- Eu posso ir te buscar? Chego aí em poucos minutos, você só precisa sair escondido.
Chay pensou por longos segundos se aquilo era a melhor coisa a se fazer, mas logo concordou com apenas um "hmm" e desligou a chamada, rapidamente indo colocar uma roupa e depois seu violão em uma case, para pelo menos ter uma desculpa quando o seu irmão perguntasse onde tinha ido.
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I Need You - KimChay
FanficApós o sequestro e o confronto entre as famílias, Porchay começa a ter crises de pânico devido aos inúmeros pesadelos que o faziam reviver ambas as situações e, já não se sentindo seguro dentro de sua própria mente, também não querendo incomodar o i...