A Caçada Começou!

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Aquele velho parado na minha frente, sentado em uma cadeira de rodas com alguns aparatos medicinais, dando-lhe um quê a mais como suposto médico, e alguns outros aparatos difíceis de decifrar, principalmente no ângulo em que eu estava naquele momento. Ele estava bem a maneira Yharnam de se portar, roupas antiquadas e uma estúpida cartola decaindo por cima dos tufos branco e sebosos que alguns com a visão debilitada poderia chamar de cabelos brancos. Nas mãos do velho estava aquilo que eu tanto almejava, o único motivo para eu ter deixado a minha casa e família em Arkalis e vir desesperado para essa imundice chamada Yharnam, a única coisa que poderia me manter vivo, e talvez curado.

O velho estava rindo para mim, com aqueles dentes estranhamente pontudos assemelhando-se a presas diabólicas. Além delas, o item que mais me incomodava de verdade, aquelas malditas vendas sujas e encardidas que cobriam os dois olhos dele, escondendo as suas verdadeiras intenções, essas aparentemente controversas. Maldito Yharnamita! Escoria TODOS ELES!

Ainda me pergunto do pôr que daquela clínica em que estávamos ter um aspecto tão mórbido e aparência tão sinistra. As paredes estavam velhas e desgastadas, com lascas aqui e ali revelando os tijolos escuros pela humidade e o passar do tempo, o teto quebrado e moído aqui e ali, como se intempereis diversas tivessem arruinando aquele local aos poucos, e mesmo assim ninguém se importasse o bastante para concertar aquilo. Isso sem citar o chão, que estava carregado de sujeira decrepita, com inúmeras manchas de sangue seco a muito em vários lugares distintos. E o pior de todos, a névoa daquele lugar. Não que em Arkalis não houvesse névoa, óbvio que tinha, assim como em todas as cidades e países Norte-europeus, mas esse não era o ponto, e sim que a quantidade massiva de névoa acumulada nos arredores daquela cidade infernal era de se amedrontar, e até ali dentro da clínica a névoa recobria quase tudo que existia no chão sujo, deixando só algumas pilhas de livros a salvo e os joelhos do Velho. Além disso, aquela névoa tinha alguma coisa diferente, não parecia só com o que era, e sim como se fosse de alguma forma viva e senciente, poderosa e ao mesmo tempo limitado de certa forma, como se estivesse sempre ao meu redor, mas só pudesse me observar, e só de sentir essa terrível presença me fitando atentamente desde que comecei a caminhar pelas ruas vulgares de Yharnam, sinto minha espinha arrepiar constantemente. O que quer que fosse aquilo que me observava pela névoa queria, estava além do meu entendimento, mas até um pobre e moribundo estrangeiro pode ser de alguma serventia naquela cidade entregue aos demônios que era Yharnam.

E pensar nessa possível finalidade estava me fazendo ficar com calafrios mórbidos e horrendos.

Yharnam é uma cidade terrível e decadente!

Eu sai de meus pensamentos quando a cadeira de rodas veio até mim. O sorriso presunçoso daquele velho doutor, se é que posso chamá-lo assim, estava ainda maior do antes. Então ele falou, e sua voz calma e profunda me deu novos arrepios. Era como se ele soubesse de muitas coisas, antigas e novas, e talvez soubesse coisas até sobre mim. Como se me tivesse na ponta de seus dedos finos e frios. Velho Maldito!

Cidade Maldita!

— Ah, sim... sangue pálido... — A cadeira de rodas já se encontrava na lateral da maca onde eu me mantinha deitado, e foi então que eu me senti extremamente diminuto ali, na presença daquele homem. Era como se ele soubesse de coisas e segredos que deixariam qualquer um louco, e mesmo assim estava ali, sorrindo como um demônio prestes a vender um pacto e conseguir a alma de mais um miserável. Eu era o miserável! Que lástima. — Bem, é, você veio ao lugar certo... Yharnam é o lar do Sacerdócio de Sangue, você só precisa desvendar seu mistério. — A lamparina presa na cadeira de rodas balançava morbidamente, semelhante as velas sepulcrais deixadas nos barquinhos e túmulos dos mortos, quase como um agouro de morte. E o mais sinistro, era que a sombra que essa luz tremula projetava nas paredes, essas recheadas com prateleira e mais prateleiras repletas de frascos de sangue, não era a sombra comum de um velho, e sim alguma coisas blasfema e hedionda, vinda dos pesadelos mais obscuros que Pedro já teve. era a sombra de uma coisa semelhante a um lobo gigantesco, posto sobre as duas patas traseiras. Aquilo era grotesco e assustador. — Mas por onde um estrangeiro como você começará?

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