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Segundo a lei dos Vittielos, escovas podem voar e pessoas com uma perfeita visão podem ser cegas.
Na tarde de outro dia chuvoso...
Vicente tamborilava os dedos no barril de carvalho com impaciência. Sua cabeça parecia que explodiria a qualquer momento de tanto pensar. Sua mente era um barulho estrondoso.
Do outro lado do escritório seu pai analisava uma garrafa de vinho branco com atenção. Os olhos negros concentrados na garrafa clara e em seu conteúdo. Nem parecia que ele tinha acabado de falar com o próprio filho que precisava que ele se afastasse por dois meses, ou mais, caso fosse um dos finalistas de um dos concursos mais concorridos e , diga-se de passagem: Vantajosos do ano.
-Não temos certeza que nos convidaram para participar...
Vicente deixou as palavras ao ar enquanto fitava seu pai do outro lado da sala atrás da mesa de madeira vermelha.
-Podem está equivocados...
A boca de Vicente parou de se mover assim que o pai levantou o olhar para si. O rapaz coçou a nuca e lhe mostrou um sorrisinho frouxo desconfortável.
-Achei que o assunto já estivesse encerrado. Lhe disse sem paciência, pousando a garrafa na mesa e anotando alguma coisa.
-É uma possibilidade. Arriscou novamente.
-Eu preciso que você vá, Vicente.
O rapaz dobrou a manga da camisa de lã vermelha até o cotovelo e respirou fundo. Sabia que o pai estava certo, mas, ficar tanto tempo fora de casa seria difícil, ainda mais sozinho.
-E a colheita?
Marcus riu olhando para o filho cabisbaixo olhando para as próprias mãos sentado em um barril de pelo menos 70 anos do outro lado do escritório rústico.
-Cuidaremos de tudo meu filho. Não se preocupe, trarei ajuda da cidade.
O pai entrelaçou as mãos uma nas outras sob os papéis em sua mesa. Olhando-o com mais compreensão.
-Vou sentir sua falta na fazenda, Vicente. Nesse momento o filho elevou os olhos para o pai, com sua fala calma e sincera. -Mas preciso que você vá. Porque, além de tudo eu o conheço e sei como é competente.
-Eu estou tentando me acostumar com a ideia. Confessou Vicente em um sussurro.
-O que te prende aqui?.
Marcus o olhou com curiosidade enquanto o filho pressionava a ponta do nariz e pensava.
