- Escola do bem e do mal -
Era uma vez...
A Princesa Ahmya Caelum. Segunda filha da Rainha Branca, do país das maravilhas. A garota ainda nova, tinha uma beleza estrondosa, algo incomum, que mexia até com algumas princesas da Escola do Bem. Sua pele...
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Era uma vez...
A princesa Ahmya Caelum, segunda filha da Rainha Branca, do País das Maravilhas. A jovem possuía uma beleza arrebatadora, algo incomum, que até despertava a admiração de outras princesas da Escola do Bem. Sua pele alva, cabelos esbranquiçados e olhos azuis eram de se admirar. Qualquer um faria de tudo para tê-la, mas Ahmya não pretendia pertencer a ninguém – pelo menos, não tão cedo.
Alguns anos antes, Ahmya havia se formado na Escola do Bem e voltado para o País das Maravilhas com sua mãe. Porém, essa tranquilidade não durou muito. Ao saber que uma de suas alunas favoritas não planejava iniciar seu "conto de fadas" tão cedo, a professora Dovey a convidou para ser sua assistente. Para Ahmya, era uma oportunidade de grande valor, e ela aceitou sem hesitar.
A rotina da princesa na Escola do Bem não era difícil. Ela fazia tudo o que Dovey pedia, e a vida lá se tornou algo natural para Ahmya. Alguns anos se passaram e surgiram mudanças, incluindo a chegada de uma nova reitora na Escola do Mal: Lady Lesso. Embora Dovey parecesse conhecer bem a nova reitora, Ahmya não achava que a presença de Lesso afetaria sua vida – afinal, ela era uma princesa, não uma "nunca".
...Ahmya...
Estou sentada na minha mesa, no escritório que compartilho com a professora Dovey. Embora eu tenha dito a ela que não precisava, ela insistiu para que eu ficasse. Clarissa, como eu a chamo, sempre foi uma pessoa acolhedora, quase uma princesa perfeita. Ela cuidou de mim todos esses anos, e sou eternamente grata a ela.
– Querida – sua voz doce ecoou pela sala. Levantei-me e caminhei até sua mesa, onde a encontrei segurando alguns papéis.
– Preciso que leve isso para a Lady Lesso, por favor – disse ela. Meu corpo congelou. Ela realmente estava pedindo que eu fosse sozinha até a Escola do Mal, para entregar papéis a uma pessoa que mal conhecia.
Eu já tinha visto Lady Lesso de longe, e ela era bastante intimidadora, como se pudesse te ferir com um simples olhar. Aparentava ser alguém pouco equilibrada.
– Querida, sei que isso pode ser difícil para você, mas acredite em mim, ela não vai machucar você – disse Dovey, olhando para a cicatriz no meu rosto.
Há alguns meses, quase um ano na verdade, um aluno "nunca" invadiu a Escola do Bem. Por azar, eu fui a primeira pessoa que ele encontrou. Ele sacou uma adaga e me atingiu no rosto. Não me lembro de muita coisa, apenas da dor intensa que senti. Dias depois, segundo a professora Dovey, acordei com o olho enfaixado e uma cicatriz atravessando o rosto. Quando tirei a faixa, percebi que meu olho não estava mais azul, mas vermelho.
– Lady Lesso estará aqui mais tarde. Você não precisa ir até o outro lado. Eu até poderia entregar, mas... acho que não sou a pessoa que ela gostaria de ver hoje – disse Dovey, provavelmente se referindo a alguma discussão entre elas. Sabia que, apesar de serem próximas, Clarissa e Lesso tinham uma relação conflituosa. – Pode fazer isso para mim? Por favor, eu seria eternamente grata.
– Como eu poderia dizer não para você? – Respondi, tentando sorrir. Era impossível negar algo a ela, principalmente depois de tudo o que fez por mim.
...
Mais tarde, fui informada de que Lady Lesso estava no castelo, na biblioteca.
"É só entregar para ela e sair", repeti para mim mesma enquanto caminhava em direção à biblioteca, segurando os papéis junto ao peito. Eu estava mais nervosa do que deveria, com o coração acelerado e mãos frias e suadas.
Ao chegar às grandes portas da biblioteca, ouvi o som de saltos no piso, e isso me deixou ainda mais ansiosa. Sem hesitar, abri as portas sem bater, esquecendo completamente as aulas de etiqueta que tive por anos – Dovey me mataria se soubesse disso. Caminhei pelos corredores até uma pequena sala no centro da biblioteca, onde encontrei Lady Lesso à minha espera.
– Está atrasada – disse Lesso de costas para mim, entediada. Sua voz causava arrepios. Não respondi nada, e isso pareceu irritá-la. – Está me fazendo perder meu tempo! – Ela se virou, e seus olhos encontraram minha cicatriz, o que sempre me irritava, mas eu já estava acostumada.
– D-desculpe – gaguejei, segurando ainda mais forte os papéis. Ela riu, o que me fez corar de vergonha. – A professora Dovey me pediu para lhe entregar isto – tentei dizer, mas minha voz saiu tão baixa que quase não me ouvi.
– Não precisa ter medo de mim, Ahmya – como ela sabia meu nome? Ela deu alguns passos na minha direção, e eu recuei a mesma quantidade. – Não se pergunte como sei, criança. Eu sempre sei. – Ela continuou a se aproximar, e minha coragem foi desaparecendo.
Minhas costas tocaram uma estante, e não havia mais para onde fugir. Lady Lesso se aproximou ainda mais, me forçando a olhar para ela ao segurar meu queixo. Seus olhos azuis pareciam penetrar minha alma.
– Olhe para mim enquanto fala, Khaleesi – ordenou, e, por um milagre, consegui falar com firmeza.
– A senhora Dovey me pediu para entregar isto – minha voz saiu alta e firme, apesar de meu nervosismo.
– Ótimo – disse Lesso, sorrindo com orgulho, puxando os papéis de minha mão. – Diga a Clarissa para vir falar comigo da próxima vez e não mandar sua cachorrinha. – Com isso, ela saiu, me deixando sozinha.
A porta se fechou, e eu desabei no chão frio, respirando pesadamente. O que tinha acabado de acontecer? Estava perdendo a sanidade?
Com alguma dificuldade, levantei-me e corri para meu quarto. Já era noite, e a maioria das crianças estava dormindo. Clarissa provavelmente também estaria indo deitar-se, e eu não tinha muito o que fazer. Deitei-me na cama, olhando para o teto, tentando processar tudo. Isso só podia ser um sonho, ou melhor, um pesadelo.