UM PLANO PARA NÓS DOIS 3

Capítulo 15

Ricardo

Depois de tudo que aconteceu com meu avô eu precisava manter o equilíbrio para poder pensar em uma maneira de não perder a presidência, acho que a maneira de conseguir lidar com tudo aquilo era realmente manter minha mente e foco em outra coisa, não quis ver ele no hospital, não daquele jeito em que vi na foto que Zoe  me mandou, eu não teria outra alternativa a não ser fazer uma trégua para conseguir manter a empresa, não tenho conseguido dormir direito pensando no que aconteceu com meu avô e no desespero que senti ao ver ele esfaqueado nos meus braços quase morto, não sei se quem está lendo vai entender, mais....o fato de termos todas as nossas diferenças, brigas e de não querer ele por perto, não quer dizer que eu queira que ele morra, eu sinto uma certa segurança sabendo que ele está vivo em algum lugar, sei que a qualquer hora e momento que passar por qualquer problema ,mesmo sem pedir ele vai me ajudar, tenho que achar uma maneira de trazer ele de volta, não sei o que fazer se ele morrer, pra conseguir suportar tudo isso tenho tomado remédios para tentar dormir, mais não tem adiantado muito

Além de todos os problemas que a empresa está enfrentando e o estado de saúde do meu avô ainda tenho que lidar com o idiota do Rogério que quer se apossar da presidência, por causa daquele desgraçado tive que me aliar a Zoe, mais ela tem algo que no momento vai fazer toda diferença, uma boa imagem e isso precisava ser bem aproveitada por isso formei uma equipe para me ajudar e graças a isso conseguimos vencer a primeira etapa, fiquei surpreso da maneira como ela convenceu o conselho e em meio a isso fui surpreendido também pelo fato dela tocar na morte de Mateus, lembrei que meu avô havia me falado verdades muito duras sobre aquele dia, verdades essas que eu quis comprovar, depois que  todos saíram da sala pedi que se sentasse e me sentei na sua frente, eu queria testar cada palavra que ela me falasse através do seu olhar, você pode mentir, mais os olhos, eles nunca mentem, tinha momento que eu tinha vontade de apertar o seu pescoço até ela desmaiar, mais em alguns moimentos sentia sua dor, mesmo isso me deixando ainda com mais raiva, não sei como consegui ouvir tudo até o fim, dentro de mim estava um turbilhão de sentimentos e pensamentos, ódio, tristeza, arrependimento, pena, saudades, vontade de matar ela e também de dizer que sinto muito pela violência que sofreu do seu pai, não falei absolutamente nada, permaneci calado e assim que ela terminou agradeci e fui embora

Eu estava sufocado com todos os sentimentos misturados dentro de mim, com tudo que ouvi dela e da forma como falou do Mateus, mesmo eu sabendo que meu ódio por ela não tem um fundamento lógico e que tudo que falou foi sincero, não consigo deixar de odiar, não consigo explicar, peguei o carro e dirigi até o interior que meu avô me mandou de castigo, fui pro campo perto da pousada de Dora e me sentei no meio da chuva onde as minhas lágrimas se misturavam com as gotas da chuva, meu avô sempre diz que tudo tem um propósito, que nada é por acaso, mais não consigo entender que propósito haveria na morte do meu irmão, na doença e no esfaqueamento do meu avô, passei horas ali sentado no chão chorando e Xingando a Deus.

Olhei para o relógio e vi que era tarde então resolvi passar a noite na cidade, fui até a pousada para alugar um quarto e encontro logo a doida da Mile

Ricardo: um quarto por favor

Mile: não acredito! é você mesmo? Riquinho ( sorri) 

Ricardo: me chamou de que?

Mile: Riquinho, um apelido carinhoso para Ricardo, gostou?

Ricardo: não, e desde quando te dei essa intimidade?

Mile: estudamos um tempinho juntos e você ficou hospedado na pousada da minha avô

Ricardo: e o que isso tem haver?

Mile: você não vê? é o destino

Ricardo: a única coisa que eu vejo é uma lunática na minha frente, me da a chave do quarto

Mile: esta bem, vou avisar a minha avó que você esta aqui

fui pro quarto e tirei aquela roupa molhada, tomei um banho e me enrolei na toalha, ao sair do banheiro tinha uma muda de roupa em cima da cama, era minha acho que devo ter esqueci aqui, vesti e me deitei, estava com uma enorme dor de cabeça, mais ou menos uma hora depois Dora entra com uma bandeja

Dora: soube que chegou todo encharcado, saiba que isso não é bom, pode pegar um resfriado, trouxe um leitinho quente e uns biscoitos

Ricardo: obrigado

Dora: o que deixou você tão perturbado ao ponto de se perder em seus pensamento e para aqui?

Ricardo: se for contar não vai dormi ( sorri) 

Ela saiu e achei que tinha ido embora de vez, mais me aparece puxando uma cadeira de balaço e coloca perto da minha cama, se senta e recosta as costas

Ricardo: o que está fazendo?

Dora: me acomodando para te ouvir

Sorri e balancei a cabeça, aquela era a maneira de dizer " pode desembuchar garoto" da mesma maneira que minha avó fazia quando eu estava emburrado, ela era a única pessoa além do Felipe que conseguia isso de mim, contei a ela tudo que havia acontecido durante esse tempo que estive fora, tudo que estava sentindo e pensando a respeito do meu avô, sobre o que ouvi de Zoe, ela ouvia tranquilamente  com um semblante sempre sereno e calmo, se balançando em sua cadeira de balanço, sua paz me deixava calmo e a vontade para desabafar.

Olá anjos....deixem seu comentário.....