UM PLANO PARA NÓS DOIS 3

Capítulo 30

Ricardo

Meu irmão nunca deve oportunidade de me contar como a conheceu, isso porque eu não dei a  ele a chance de fazer isso, resolvi não fazer com Zoe o que sempre fiz com meu irmão,  parei para ouvir

Ricardo: eu nunca entendi porque meu irmão fazia tanta questão de te ajudar, porque ele queria tanto ser seu amigo, porque ele confiava mais em você do que em mim?

Zoe: ele confiava em você sim, ele te amava muito e.......

Ricardo: que segredo vocês tinham?

Zoe: tenho medo de te contar

Ricardo: deve ter medo de não me contar, eu tenho o direito de saber, você me deve isso

Zoe: porque te devo?

Ricardo: você roubo o carinho e a atenção do meu irmão

Zoe: eu não.....

Ricardo: seja o que for, eu tenho o direito de saber

Zoe: eu conheci seu irmão nesse parque bem debaixo dessa árvore

Ricardo: sozinho?

Zoe: sim, ele estava chorando e com um mochila nas costas, pensei que estava perdido, mais ele me disse que estava indo morar com o avô e o irmão, perguntei porque ele estava chorando e se estava perdido, no início ele se calou e não falou nada, então me sentei perto dele e dei um sanduiche que tinha ganhado de uma vozinha ( sorri) ele repartiu comigo, ele me pareceu triste e um pouco assustado, perguntei onde ele morava e se queria que eu o ajudasse a ir pra casa, disse que era muito bom ter uma casa, uma cama, comida, foi ai que ele começou a conversar me perguntando se eu não tinha casa, disse que mais ou menos que eu preferia dormir na rua, meu pai me batia muito e uma vez ele deu para um velho pra pagar uma dívida de bebida, acredito que Deus me ajudou naquela noite a fugir, desde então nunca mais voltei pra casa, foi a noite mais terrível da minha vida

Ricardo: era por isso que ele vivia atrás de você?

Zoe: sim, para pagar a dívida

Acabei esquecendo do real motivo que a levei ali, era por isso que meu irmão sempre fazia questão de ver e proteger ela, fiquei ouvindo toda sua história, ela teria tudo para se perder e ser uma pessoa revoltada, mais ao contrário era uma pessoa boa e até muito ingênua ás vezes

Ricardo: estou curioso com uma coisa

Zoe: o que?

Ricardo: não tem ódio do seu pai pelo que fez?

Zoe: no início eu não entendia, tinha medo, me sentia muito triste e confusa

Ricardo: o que mudou?

Zoe: eu, eu mudei, escolhi as quatro letra certas

Ricardo: como assim?

Zoe: tinha uma vozinha que sempre me dava comida, ela vendia mingau e café perto do ponto de ônibus, quando minha barriga doía de fome eu sempre ia lá, em uma dessas idas ela me perguntou se eu não tinha medo de ficar na rua sozinha, foi aí que contei a ela que na rua era mais seguro que em casa, contei como eu estava começando a odiar meu pai, então ela me contou uma história, um sábio uma vez disse: ódio tem 4 letras, amor também, mentira tem tem 7 letras, verdade também, chorar tem 6 letras, sorrir também, negatividade tem 12 letras, positividade também, mal tem 3 letras, bem também, a vida tem dois lados, escolha o melhor dela

Enquanto falava comigo ela segurou o meu rosto falando com olhar fixo em mim, se fosse antes já tinha empurrado ela pra longe, mais eu queria entender o que a fez conquistar meu irmão e criar esse laço de amizade

Zoe: nunca mais esqueci

Ricardo: nem todos tem um lado bom para que se venha escolher, eu só tenho um lado que não é o bom

Zoe: não é verdade, você só não está conseguindo escolher as letras certas

Ricardo: as pessoas não são confiáveis como imagina, você parece meu irmão achando que todo mundo é bom, só que você é idiota por ainda confiar novamente

Zoe: acredito que as pessoas podem mudar, que merecem uma segunda chance

Ricardo: viu, idiota

Zoe: não deixe que a dor te consuma ao ponto de se perder e não conseguir mais amar, embora não consiga ver, tem pessoas a sua volta que te amam, e outras que podem ser abençoadas através de você

Ricardo: então você não me odeia?

Zoe: não

Ricardo: depois de tudo? (sorriso irônico) é mesmo uma idiota

Zoe: não, não sou, eu escolhi no lugar de chorar, sorri e no lugar do ódio, o amor

Ela se aproximou ainda mais com as mão no meu rosto, sua voz estava em um tom suave, por um momento acabei baixando a guarda  e dando mais um passo mais perto dela, quando nos acostumamos com um muro ao nosso redor, nos sentimos protegidos, no memento que alguém escala esse muro e consegue entrar, nos faz ficar vulneráveis, por defesa logo nos armamos, mais quando nós mesmos começamos a abrir os portões entre as muralhas, isso nos dá uma sensação de fraqueza, para mim não vai ser muito bom.

Olá anjos......

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