◇ Maitê é irmã do Charles Leclerc
◇ Sarah é irmã do Carlos Sainz
◇ ReencontroMaitê
Revirei os olhos mais uma vez pela ligação rejeitada do mister banana. Aliás, mister banana não, garoto prodígio da ferrari, famoso e cobiçado Charles Marc Hervé Perceval Leclerc.
- Sarah, melhor a gente ir logo, vai chover, vamos logo. - Encarei ela.
- Calma porra! To provando a roupa aqui, ou quer que eu saia pelada?! - Ela debochou e eu revirei os olhos. - Tomara que fique cega de tanto revirar os olhos.
- Só se a última pessoa pra quem eu revirar os olhos seja seu irmão. - Sorri sarcastica e ela jogou a camiseta que estava provando na minha cara. - Fedida.
- Fedida por usar perfume ruim não por não tomar banho igual você. - Ela brincou e eu dei o dedo do meio a ela.
Eu e a sarah tínhamos vindo a dois anos para São Paulo, no início era pra passar um mês só por conta da pandemia na europa, mas acabou que ficamos presas aqui. Assim que o GP do Brasil acabasse a gente iria embora de vez, retomar nossas vidas no continente europeu.
- Maldita hora que aceitei morar com você em Barcelona. - Bufei estressada pela situação.
Meu celular vibrou no bolso de trás do meu shorts, peguei o aparelho nas mãos atendendo a ligação.
- Alô? - perguntei calma.
- Oi Maitê, é o carlos... estou passando te pegar no shopping, o charles está em reunião e pedi pra te buscar.
Meu coração acelerou, quis sair pela boca. As memórias, o tom de voz, até o perfume deveria ser o mesmo. Parecia tudo igual, mas estava tudo diferente. Depois de alguns segundos prestando atenção na respiração dele e nas lembranças eu retornei a consciência e respondi ele.
- Ah oi Sainz... eu e a sarah logo descemos. -respondi brevemente.
-Ela ta junto? - Ele perguntou surpreso.
-Ta sim, marc não avisou?
- Na verdade não, mas cabe vocês duas no carro.
- Deixa que eu peço um uber, sem estresse. Só liguei pro charles porque meu aplicativo do uber não estava funcionando. - Expliquei.
- Tudo bem então, mas venham pro paddock.
Se eu pudesse enfiar a minha cara num buraco e chorar ate não existir mais nenhum liquido dentro de mim eu choraria. Era nítido o quanto ele mexia comigo mas eu precisava manter isso em segredo.
Desliguei a ligação sem dar muita moral e a Sarah me olhou com a sobrancelha arqueada.
- Carlos Sainz? Meu irmão? - A garota perguntou sorridente na minha frente.
- An... sim? Por que? - Devolvi com uma pergunta bem confusa.
- Te ligando? Falando que vem te buscar? VOCÊS TROCARAM OS NÚMEROS DE TELEFONE? - Ela berrou na loja e eu tampei sua boca.
- caralho cala a boca! - falei assustada - não, ele me ligou pelo celular do charles. - Expliquei.
Ela pediu o uber sem nem me avisar enquanto eu pegava as sacolas no chão e a mesma pagava suas compras.
O caminho até o paddock foi calmo, exceto pelo tanto de gente na entrada. Entramos tranquilamente e caminhei em passos largos e rápidos até o QG da scuderia italiana. Entrei indo abraçar Mia.
- Quanto tempo menina! Cresceu hein! - ela disse me apertando contra seus braços.
- Concordo. - Ri brincalhona e a sarah revirou os olhos. - sua pupilo ta com ciúmes mia. - ri me soltando dela e dei alguns passos pra trás, me esbarrando em alguém. - Mil desculpas. - falei me virando para a pessoa.
- Maitê?! - Carlos disse surpreso.
Meu coração acelerou, engoli minha própria saliva na maneira de fazer essa porcaria que palpita dentro de mim não sair pela boca.
- é... - Falei levemente envergonhada.
- quanto tempo! Está maravilhosa - Ele me deu um abraço singelo e beijou minha bochecha rapidamente.
- Digo o mesmo, cenamor. - sorri e me afastei dele corada.
- Os pombinhos... Maitê vem cá! - a sarah me puxou pro segundo andar e logo após pro terceiro.
Horas depois
Me encostei no sofazinho gelado e de canto do restaurante apenas sorrindo com o meu irmão e a sarah conversando, rindo de alguma coisa
Senti um braço quente apertando a minha coxa por baixo da mesa e arregalei os olhos engolindo seco. A mão subiu com calma até parar em minha cintura, apertando uma das laterais me fazendo beber meu drink praticamente todo em um gole só.
- se importam se a gente sair? - A sarah perguntou nervosa e eu neguei sorridente.
- Não! Aproveitem - Sorri piscando para ela. - Usem camisinha, sou muito nova e bonita pra ser madrinha. - brinquei e o charles gargalhou envergonhado.
Eles se afastaram e eu encarei o sainz.
- dois anos, cinco meses, três semanas e seis dias, sete horas e quarenta e oito minutos... - Ele disse se aproximando de mim. - Senti sua falta. - Carlos beijou meu ombro com tanta calma que eu diria estar em camera lenta.
Me assustei pelo fato dele até as horas ou minutos ter contado, mas não me assusta sabendo que mesmo em segredo eu fiz a mesma coisa.
- carlos não... brasileiro é fofoqueiro. - tentei me afastar dele.
- Mas e qual o problema? A gente precisa se assumir beca... - ele disse calmo com a cara de um cachorro abandonado.
Desgraçado.
- Sem nem falar com a minha família? Eu em casa e você rodando o mundo?! Ja falei Carlos, eu te espero até terminar minha faculdade. Se no dia da formatura você ainda me quiser, a gente se assume, casa, tem filhos, faz o caralho a quatro, mas só depois daquele dia. - Falei sincera. - é o mínimo que eu faço pra minha vida e pro meu futuro.
- Mas e você acha que eu gosto de saber que divido você com mais trinta? Que a cada lugar novo que eu vá não posso nem comprar lembrancinhas pra você? porque ninguém pode saber da gente? Maitê, eu não aguento mais, porra. - ele disse exausto psicologicamente e emocionalmente da situação.
Eu realmente o entendia, e bem mais do que eu queria.
- Trato é trato, você me quis nessas condições e vai ser nessas condições que vai me ter. - Eu disse com tanta calma que me assustei.
Levantei da mesa daquele restaurante e sai em silêncio, carregando minha bolsa e o meu coração, um em cada mão.