Era aquela noite típica de Londres bem gelada e que fazia você tirar o casaco que está acumulando poeira de dentro do armário e usar uma boa meia calça térmica. Era a transição do verão ensolarado que havia terminado para o outono com céu cinzelado. Mas isso não podia nos impedir de viver e era isso que ia fazer naquela noite, viver um pouco.
Faz três meses que eu havia deixado a Espanha e ainda faltavam mais dois meses para voltar para meu lar, eu sentia muita falta do meu país, da comida, dos meu amigos, da minha família e da vibe dos espanhóis. Londres era cinza e depressiva demais e eu estava cansada de tomar chá das cinco.
Eu não tenho nenhum amigo nessa cidade, o motivo da minha viagem é puramente profissional, eu só tinha tempo de comer, tomar um banho e dormir fora do meu horário de trabalho o que fez com que eu recorresse a aplicativos de namoro para tentar me entreter, mas acabei me deparando com vários babacas que a primeira pergunta que faziam era se eu não estava afim de fazer uma espanhola com eles, típico.
Quando eu já estava desistindo dessa vida de apps de encontroeu me deparo com um ser até que interessante, educado, gentil mas que era o famoso boy homeopático: respondia mensagem de doze em doze horas e sempre tinha a desculpa que estava ocupado demais. Eu relevava porque o papo era bom e ele me divertia um pouco com algumas idiotices que jogava as vezes no meio da conversa, além de que era um gato, sua foto sem camisa era a que havia despertado meu interesse e feito eu clicar em "gostei" e rendido um match. Isso já faz um mês e eu ainda não sabia muita coisa sobre ele além de ser ator e ter estudado na LAMDA e estar indo e vindo entre a América e a Inglaterra.
Quando eu já havia desencanado dele e estava de papo com outro cara eis que me surge o convite inesperado de ir assistir uma peça de teatro no National Theatre, ele disse que finalmente estava em uma estadia prolongada em Londres e que podíamos nos conhecer melhor pessoalmente e eu aceitei impulsivamente.
E cá estava eu saindo do metrô e indo encontrá-lo em SoHo para jantarmos antes da peça que se iniciava às oito da noite. Ele havia me dito para chegar e dizer que a reserva estava no nome de Quinn e que já estava me aguardando dentro do restaurante italiano. Assim que cheguei disse o nome da reserva ao maître que me levou até uma mesa onde me aguardava um homem de camisa social cinza com os primeiros botões abertos, cachos loiros e um sorriso com covinha. Ele se levantou para me cumprimentar com um beijo no rosto igual fazemos em meu país e puxou a cadeira para eu me sentar bem cavalheiresco.
– Espero que você não se importe de eu já ter pedido o vinho Isabel – ele me pergunta com um sotaque carregado e voz um tanto rouca.
– Claro que não, eu que me atrasei, sinto muito, saí tarde do estúdio – eu digo e ele balança a mão dispensando minhas desculpas e dizendo que estava tudo bem.
Eu odiava primeiros encontro e aquele clima inicial de incerteza e falta de intimidade, era por isso que evitava a todo custo algo do tipo mas fazia muito tempo que eu não saía para me divertir e eu sentia um certo conforto emanando desse homem através de mensagens o que me fez pensar porque não?
– Então Joseph, você estava em Paris? – eu questiono baseado em sua última atualização em nossa conversa onde ele tinha me perguntado o que fazer em Paris a noite já que eu havia estudado lá por um semestre.
– Me chame de Joe, por favor, e sim estive lá a trabalho – ele disse todo enigmático e tomou um gole de sua água com gás.
– E o que achou? – eu perguntei enquanto olhava o cardápio e me decidia no que pedir.
– Caótica - ele responde e dá uma risadinha e eu o encaro curiosa.
– Eu estava na Fashion Week e as coisas ficaram um pouco fora do controle, mas deu tudo certo – ele diz e eu arregalo os olhos. Fashion Week? De Paris? Caralho.

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Theatre Date
Fiksi PenggemarOneshot de como seria um encontro no teatro com Joseph Quinn. Aviso: Altas putarias leia por sua conta e risco.