Capítulo 1

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Anteriormente em Stupid Wife....O corpo dela parecia estar travando, todo o sistema nervoso colapsando à medida que se sentiasendo engolida por aquela casinha de madeira na árvore onde já havia sido tão feliz um dia. Contudo,não era felicidade que sentia no momento em que Valentina a tocava cheia de preocupação. Era medo,mas era agonia também, uma sensação de impotência e raiva ao mesmo tempo que a fez gritar em plenospulmões "Pára de me encostar!"Valentina deu um salto para trás, sem saber o que fazer, apenas sentindo o desespero tomar conta dela.Ela queria proteger, amparar a sua esposa amada, como sempre quis no passado, mas ela tinha asensação que tudo que ela fizesse só pioria mais a situação.... Luiza se levantou em pânico e saiucorrendo, pegando Valentina desprevenida que acabou por tropeçar.Era tarde demais, as portas trancaram automaticamente e ela pisou fundo no acelerador."Luuuuizaaa! Sai desse carro!", Valentina gritou em desespero, batendo no vidro. Ela não acreditou queisso estava acontecendo novamente, flashs do acidente de há um ano atrás assaltaram imediatamente asua mente. Ela ligando sem parar para o celular de Luiza, tentando impedir uma tragédia. Da mesmaforma, ela via agora o carro arrancar na noite escura, sem que ela tivesse conseguido impedir. Lágrimassalgadas escorriam pela sua face angélica e gelada. Valentina estava em pânico. Ela não aguentariaperder Luiza uma segunda vez.2a TEMPORADA1o Episódio – "Revelação"Luiza's POVMinha cabeça estava latejando. Tentei abrir os olhos, mas a luz intensa me fez cerrar as pálpebrasquase automaticamente. Onde estava? E o Léo? Levei repentinamente a mão até ao meu ventre."Calma, está tudo bem.", ouvi num tom de sussurro perto do meu ouvido. "Você precisa descansaragora.""Valentina?", abri os olhos tão lentamente que acredito que se fosse um filme tinha sido uma cenagravada em câmara lenta."Shhh! Não fala agora, Lu. Eu vou chamar o médico.", escutei ela falar já se preparando paralevantar."O Léo? Cadê o Léo?", ela me olhou com estranheza, franzindo a fronte."O Léo está com o meu pai. Ele está bem. Você ...", ela hesitou, parecia querer falar algumacoisa, mas ao mesmo tempo ter medo de falar. "Lembra do que aconteceu?", perguntou pausadamente.Senti minha testa enrugar com o esforço que fazia para me recordar, mas logo veio aquela dor novamente.Olhei para o rosto de Valentina e fixei seus olhos, estavam brilhantes e escuros como duas safirassolitárias e seu nariz estava vermelho. Ela tinha estado chorando."Eu estou no hospital?", perguntei olhando em volta. Ela acenou com a cabeça de forma triste.Estava se segurando para não voltar a chorar. "Eu lembro que a gente veio visitar seus pais.", respondi aoque ela me havia perguntado antes. "Como eu vim parar aqui?""Eu vou chamar o médico....", ela respondeu, se esquivando. "Não!", segurei sua mão com a forçaque tinha naquele momento, "Valentina ... chega de mentiras", implorei trémula. Minha respiração estavaentre-cortada, senti necessidade de parar um pouco e fechar os olhos."Luiza, por favor, fica calma. Agora não é o momento, você não está bem.", falou comovida. "Eunão sei o que faria se o pior tivesse ...", ela desmoronou. Abri os olhos. Valentina não se segurou mais,aquela mulher por quem eu me estava apaixonando pela segunda vez entrou em ruptura, caindo num prantoviolento ali na beirada da minha cama. A dor veio novamente latejando forte na minha cabeça e eu achoque .... apaguei.Uma semana depois ...Valentina e eu estávamos no nosso quarto. Haviam me contado que eu tinha sofrido um acidentede carro, nada muito grave, mas que devia ser vigiada de perto. O clima estava tenso, Valentina andavadistante e cada vez que me tentava aproximar ela se retraía. O Léo estava com a prima, na casa da minhaamiga Duda e isso parecia fazer com que o clima ainda ficasse mais pesado. Eu precisava de respostas,mas Valentina só me pedia paciência, falando que tudo ia ficar bem."Valentina...", chamei ela que estava deitada ao meu lado fingindo ler alguma coisa no iPad. "Eusei que você não está lendo", atirei mal humorada. Ela olhou para mim sem jeito. Capturei seus olhos comos meus ao mesmo tempo que girava mais o tronco na sua direção. "Eu prometo.." comecei dizendo deforma pausada e o mais segura que consegui, "...que não vou surtar de novo", completei. "Eu precisosaber o que aconteceu. Seu pai deixou escapar que por você a gente teria um monte de filho." Assim queacabei a frase parecia que uma bomba tinha sido largada na cabeça de Valentina."Luiza...", baixou o olhar."Valentina...", imitei no mesmo tom, mas ligeiramente debochado. Ela estava me irritando! "Vocême traiu com outra?", atirei abruptamente."Quê?", seu olhar regressou imediatamente ao meu. "Onde você foi buscar isso?""Eu ... não sei." e não era de todo mentira, eu não sabia onde tinha ido buscar aquilo, mas a minhacabeça parecia me pregar peças. "Mas eu sinto que todo mundo me está escondendo algo muitoimportante. Eu tenho o direito de saber, Valentina. É a minha vida!", subi o tom.Ela suspirou pesadamente. Colocou o iPad na mesinha ao lado e girou o corpo para mim, diminuindo adistância."Lu...", eu esperei, tentando dar o tempo que ela parecia precisar. "Eu preciso que você saiba quese eu não te contei tudo antes foi porque eu me preocupo demais, porque...""Porque...", repeti, incentivando ela a continuar."Porque eu te amo. Muito", sussurrou. Aquilo me fez sorrir. Tenho de admitir que ver a Valentinaassim toda vulnerável me deixava mexida. Era como se aquela garota toda rebelde que eu conheci nostempos da faculdade, que levava todo mundo à frente com o seu jeito indomável de ser, virasse umaneném que eu precisava cuidar.Ela inspirou fundo, molhou os lábios e continuou com mais segurança "Eu vou te contar tudo."Valentina's POVHaviam se passado três dias desde a alta hospitalar da Luiza. Meu irmão e minha cunhadainsistiram para que o Léo ficasse uns dias com eles, mas não sei até que ponto isso foi bom. Ele ficoubastante inquieto, como se adivinhasse que algo de ruim tinha acontecido. E o clima entre mim e a Luizaestava muito pesado. Não era o tipo de pesado como quando a Luiza acordou com a perda de memória,porque aí ela basicamente me odiava. Agora era diferente. Ela sabia que havia alguma coisa que elaprecisava lembrar e que eu estava escondendo dela. Eu estava com muito medo de contar, mas sabia quenão podia adiar por muito mais tempo, até porque não sabia quando poderia acontecer o próximo gatilho ealgo de muito pior acontecer. Eu só precisava de encontrar o momento certo."Valentina...", estremeci com a voz dela que me retirava dos meus pensamentos. Ela sabia que eunão estava lendo coisa alguma naquele iPad. Apesar de eu estar tentando manter alguma distância,parecia que a conexão que a gente sempre teve tinha aumentado depois da nossa noite juntas. Eu sentia aansiedade dela como se fosse a minha. Eu sabia que ela estava aflita, desconfiada, mas quando ela falouque escutou meu pai falar que eu sempre quis um monte de filho, eu simplesmente congelei."Luiza...", balbuciei, me sentindo encostada à parede. Não tinha como não colocar o jogo emcima da mesa. De repente, não sei de onde veio, ela perguntou sobre a traição."Quê?", encarei ela assombrada. Não tinha mais volta, aquelas reminiscências que surgiam namente dela completamente descontextualizadas só podiam ser sinal que a memória dela estava querendovoltar. Eu estava com tanto medo... medo que ela me odiasse, medo que ela tivesse um surto maior ainda.Pior... medo que ela nunca mais fosse capaz de ultrapassar aquele trauma que acabou por assombrar avida que a gente tinha antes de tudo acontecer.Inspirei fundo, molhei levemente os lábios e respondi "Eu vou te contar tudo."Entretanto na casa de Duda e Igor ...."Eu cansei de falar pra Valentina contar, mas ela é uma cabeça dura!", desabafava o loiro,consternado."Fala baixo, amor", respondeu a morena olhando para cima. "As crianças foram dormir faz poucoe o que a gente menos precisa agora é de um Léo mais preocupado. Ele hoje já perguntou umas 4 vezesquando voltava pra casa.", Duda explicou, passando a mão pelo braço do marido.Igor balançou a cabeça, enquanto coçava o queixo. Aparentava estar muito abalado."Eu sei ... mas estou preocupado", confidenciou. Duda assentiu com a cabeça, depositando logodepois um selinho na boca do marido."Não vale a pena a gente se martirizar agora. A Valentina não te falou que ia contar tudo pra ela?",perguntou em tom baixo. Ele assentiu em silêncio."Sabe o que mais me deixa triste?", a mulher balançou negativamente a cabeça, se recostandomais sobre o lado dele."O quê amor?", afagou-lhe a face barbeada com carinho."A gente estar tão bem, tão feliz ....", ele desceu a mão até à barriga da mulher deixando aparecerum sorriso largo no rosto, "...com o nosso filhinho", fez uma pausa e se aproximou mais do ouvido deDuda completando a frase em jeito de sussurro "... ou filhinha....e a minha irmã estar lá nessa situação,com a vida de cabeça pra baixo, passando por tanta tristeza."Duda suspirou, entendendo perfeitamente o marido. Luiza era sua melhor amiga e também eramuito difícil ver a situação sofrida pela qual estava passando. Não verbalizou o pensamento que aassaltou em seguida, pois não queria desiludir Igor, mas se recordou do momento em que havia contadoda sua gravidez para Luiza. A amiga tentou disfarçar, porém Duda entendeu que aquela novidade não foibem recebida. Não chegou a comentar com ninguém, nem mesmo com Carol que estava presente, mashavia percebido pela reação de Luiza que o assunto "gravidez" abalara ela. Provavelmente a cabeça daamiga de alguma forma continuava com aquele trauma recalcado algures."Duda...""Oi?", ela estava viajando longe já quando Igor voltou a falar."Você acha que a Luiza vai perdoar a minha irmã?"Entretanto na casa de Carol"Roger, isso é um absurdo!", Carol explodiu daquele jeito só dela. "Me diz como a Valentina foilevar ela pra maldita casa da árvore?!""Amor, não precisa ficar assim. Calma!", pediu o namorado afagando-lhe o braço.Carol fuzilou Roger com o olhar. "Não me pede calma! Você tá cansado de saber que eu detesto quandovocê faz isso!""Se vê logo que são irmãs", murmurou revirando os olhos, mas logo se calou com o novo olharque a mulher atirou na sua direção."Pensa comigo: a casa da árvore foi o que originou tudo e a Valentina vai levar a Luiza logo pra láno momento que tudo estava indo bem?! Qual a lógica disso?", ela bufou, consternada.O rapaz coçou a cabeça, parecendo pensar bem na resposta que iria dar à namorada irada. "Você sabe quea culpa não é da Valentina...""Oh Roger, claro que eu sei! Também não sou alienada. Só estou dizendo que a Valentina devia tercontado tudo pra ela antes, mas não... foi deixando a mentira se arrastar", respondeu aflita, se sentandono sofá."Ela não mentiu também, apenas...", Roger ia continuar, tentando amenizar a situação, mas Carolestava demasiado agitada."Sério que você acredita nisso? Ela não mentiu, mas não desfez a mentira que é exatamente amesma coisa."Silêncio. Os dois ficaram sentados, refletindo sobre a situação do casal amigo, num misto de impotência ereceio. "E o pior...", a morena quebrou o silêncio, "...é que todo mundo ficou pactuando com a mentira.A Luiza não nos vai perdoar", choramingou.Entretanto na casa de Sônia e Augusto ..."A gente foi longe demais, Augusto", falava a mulher de cabelos escuros para o marido queacabava de colocar o pijama. "Essa farsa toda da nossa separação foi longe demais", repetiu, largando arevista que se esforçava para ler sobre a cama.O homem inspirou fundo e se sentou ao lado da mulher que já estava deitada. "Eu sei, querida", veio aresponder cabisbaixo. "Eu só quis proteger a nossa filha...", balançou a cabeça, arrependido."Falei com a Valentina ontem e ela disse que ia contar", revelou receosa, "Aí perguntei se não eramelhor esperar pra contar no consultório da Dr.a Alice, mas a Valentina falou que a nossa filha não estáquerendo ir mais às consultas.""Sério?", questionou surpreso, "Mas porquê? Ela estava indo bem lá...""A Luiza disse pra ela que estava farta de mentiras. Que enquanto continuarem mentindo pra ela,ela não vai mais continuar com as consultas", Augusto enterrou a fronte nas mãos e balançou a cabeçaamargurado."Essa nossa filha ....", levantou a cabeça novamente."Quem a pode julgar, né Augusto? Nossa filha não é nenhuma tonta. Ela sabe que alguma coisanão está bem. Tudo bem de não contar logo quando tudo aconteceu, mas ela estava bem melhor, aceitandoo próprio casamento. Elas estavam se dando bem e a Luiza estava feliz de novo. Devíamos ter contado",sentenciou com firmeza."Sônia, agora também não adianta a gente ficar se martirizando", tentou consolar a esposa. "Vocênão acha que devíamos contar pra Luiza juntos? E se ela tem um novo surto?", perguntou alarmado.Sônia travou, devolvendo o olhar do marido carregado de inquietação. "Eu vou ligar pra Valentina,agora!", respondeu apressada, já procurando o celular.Luiza's POVFinalmente Valentina ia me contar tudo. Estava tão farta de sentir que uma parte importante daminha vida faltava que mesmo que fosse a pior revelação do mundo, ainda assim eu precisava saber. Naminha mente estavam passando mil e uma teorias, cada uma mais absurda que a outra, tal era o nível deansiedade a que tinha chegado, ao mesmo tempo que eu tentava controlar a respiração que estava saindomeio irregular."Onde você vai?", questionei ao ver Valentina se levantando de forma repentina."O celular... está tocando", esclareceu."Você retorna depois", pedi quase em súplica, segurando a sua mão."Mas pode ser importante.""Valentina", articulei com dificuldade, fixando o seu olhar, "Por favor."Valentina voltou a se recostar sobre o travesseiro e apertou a minha mão. "Luiza", ela engoliu em seco,"Você está cansada... não acha melhor deixar pra amanhã?", a escutei perguntar.Meu olhar de indignação, frustração, raiva e sei mais lá o quê deve ter trespassado Valentina, porque elaimediatamente se inclinou para mim e juntou nossas testas. "Tudo bem", sussurrou com ternura, "Amor...", ela parecia ganhar fôlego, como se estivesse se preparando para enfrentar o maior medo da vida dela."Há um ano atrás a gente perdeu ...", uma lágrima silenciosa rolou solitária sobre a sua face, "...umfilho", completou arrasada.Senti um pequeno formigueiro na testa e instantaneamente levei a mão esquerda ao ventre emaflição. Olhei fundo nos olhos azuis da mulher à minha frente procurando por respostas, mas Valentinabuscou a mão que eu tinha sobre a barriga e a trouxe até ao abdómen dela. Abri muito os olhos, sentindo avisão sendo toldada por lágrimas grossas, à medida que entendia que todo aquele sangue que eu haviavisto e me assombrava não era meu. Era de Valentina.

Stupid Wife: 2ª temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora