𝒳𝒳𝐼

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𝒍𝒚𝒂𝒏𝒂



☽ 𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑂𝑢𝑡𝑜𝑛𝑎𝑙, 𝑈𝑚 𝑑𝑖𝑎 𝑎𝑝𝑜𝑠 𝑜 𝑏𝑎𝑖𝑙𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑐𝑎𝑟𝑎𝑠.


Estávamos no modelo mais antigo de carruagem possível, em direção a minha mais nova residência. Cavalos altos e fortes puxavam a carruagem sem instruções de um cocheiro. Eu olhava pelas pequenas janelas tentando gravar o caminho, mas tudo parecia igual, árvores mais antigas do que eu podia imaginar, carregadas de folhas secas e alaranjadas que cobriam suas copas e o chão ao redor. A paisagem parecia se estender e não ter fim:

— A floresta engana a todos que não a conhecem — Essas foram as primeiras palavras de Eris após horar de absoluto silencio.

Ele esticou os braços como se quisesse se alongar, afrouxou a gravata verde musgo e desabotoou seu colarinho:

— É isso o que tem pra me dizer? Depois de horas em silêncio?

Eris sorriu de canto, desabotoando mais um botão de sua camisa:

— Não adianta tentar gravar o caminho que estamos fazendo, ou você achou que eu não percebi?

Engoli em seco, mas continuei firme o encarando:

— Essa floresta é encantada para confundir os invasores.

Ele agarrou meu queixo, inclinando minha cabeça para o lado. Seu toque era pesado e quente, seus polegares roçaram a marca em meu pescoço, a fazendo esquentar ainda mais:

— Como membro da corte noturna você sabe o que acontece com acordos quebrados... não sabe?

Não desviei o olhar do dele em nenhum momento. Sua mente era blindada por um escudo de chamas vivas e impenetráveis, eu jamais conseguiria saber o que se passava em sua cabeça:

— Não tente fugir, meu amor.



☽☾ ☽☾ ☽☾



O castelo da família Vanserra era incrivelmente grande. Assim que chegamos fui recebida por Cristal, que se apresentou como uma dama de companhia, e como eu odiava damas de companhia. Tentei a dispensar, mas ela simplesmente não obedecia minhas ordens.

Eris simplesmente não estava mais lá, e pela primeira vez em muito tempo eu me vi com medo, e perdida.

Cristal me guiou por um longo caminho, seguindo por largos corredores, escadarias e galerias, até chegarmos a uma grande porta de carvalho vermelho esculpido com gravuras feéricas. Ela bateu na porta e sinalizou para que eu entrasse.

A sala estava quente com o crepitar da lareira, que a iluminava de uma forma assustadora. As paredes eram cobertas por antigas tapeçarias que ilustravam a guerra entre humanos e feéricos, algo de embrulhar o estômago. Cabeças de animais empalhadas, espadas e armaduras expostas e até mesmo um tapete de urso pardo. A decoração hostil me fazia sentir mal, algo surpreendente para quem cresceu no calabouço de Hybern:

— Lyana Velaris.

A voz rouca parecia o rosnado de alguma criatura. Saindo das sombras, o grão-senhor da corte outonal sentou-se em uma poltrona. A pele envelhecida o tornava muito mais amedrontados:

— Acho que, você e meu filho deram um grande show, sabia?

— Onde está Eris? — Perguntei.

Beron sorriu de canto:

Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora