goodnight ~

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— Boa noite, Xiao. — Lumine diz com um leve sorriso. O sono torna mais difícil manter os olhos abertos, e ela só quer poder se deitar e descansar após um dia cheio de comissões, mas mesmo assim ela não podia ir dormir sem antes dar boa noite para o Adeptus. 

E tal Adeptus encontra-se de pé diante do cenário do Paraíso Mágico, de braços cruzados e observando o cenário em silêncio. Quando ele se vira para poder olhar a loira nos olhos ela sorri contente. Apesar dos dois terem passado o dia quase todo juntos, Lumine ainda assim não queria se despedir, ela queria poder continuar com ele, nem que seja para ficar assim, observando essa magnífica vista em silêncio. Mas depois de ter tomado um banho quente seus músculos cansados de toda a atividade do dia haviam relaxado, e ela não poderia estender mais essa luta contra o sono. 

— Eu achei que você iria direto para cama, Lumine. — ele diz e os olhos dele suavizam de forma perceptível. Lumine gosta disso. Ela gosta de saber que quando ele olha para ela ele vê algo que o acalma, que suaviza os horrores do seu Karma. 

Ela sacode a cabeça em negativa. 

— Claro que não. Eu ainda não tinha vindo te dar boa noite. — ela diz como se isso devesse ser uma coisa óbvia. 

Xiao olha para ele com carinho, mas desvia o olhar. E ela entende. O Adeptus ainda não está acostumado com toda essa coisa de relacionamento. E além do mais, é fofo o jeito que ele reage sempre que ela inicia algum tipo de afeto. 

— Hmm… Você deveria ir logo, hoje foi um dia longo. — ele diz quando volta a olhar para ela. 

Ela assente com a cabeça, e pega na mão dele. 

— Eu vou. — ela afirma e com mais um sorriso, ela repete — Boa noite, Xiao. 

O Adeptus observa a Viajante por um instante, e Lumine espera. Ela aperta a mão dele num incentivo, e ele suspira baixinho. 

— Hoje… — ele começa, mas para. 

Xiao fecha os olhos, torcendo os lábios não satisfeito. 

— …Esquece. Não é nada. Boa noite. 

Lumine aperta os próprios lábios juntos, indecisa. Às vezes era difícil saber quando insistir e quando deixar um assunto para outra hora, pois Xiao tende a se isolar quando não consegue entender o que está sentindo. Mas hoje Lumine decide insistir. 

— O que foi? — ela pergunta baixinho — Você sabe que pode falar qualquer coisa comigo, por mais boba que seja. 

Ele concorda com a cabeça, mas ainda assim hesita. Lidar com Xiao por vezes era como lidar com um pequeno passarinho assustado, Lumine estava mais que pronta para dar todo carinho e atenção que ele precisasse. 

— Hoje… Eu gostei de passar tempo com você. — ele diz e o coração de Lumine para se transformar num atleta dando saltos e giros dentro de seu peito. 

Declarações da parte de Xiao eram coisa rara — não por ele não sentir o mesmo que Lumine sente, ela sabe disso, mas porque ele simplesmente ainda não entende como fazer declarações diretas assim. 

O Adeptus tem seu próprio meio de demonstrar afeto. Ele gosta de trazer presentes que ele colhe na natureza para Lumine. Ele leva Lumine em passeios pelos lugares favoritos dela. Ele ajuda Lumine a cozinhar, mesmo que ele mesmo não vá comer nada. Ele tira tempo para poder ajudar a Viajante nas missões diárias dela, mesmo que sejam as mais bobas. São as coisas que ele faz por ela quando eles estão juntos e que Lumine aprecia cada uma delas. 

E, por mais que ele passe um tempo notoriamente longo com Lumine, praticamente todos os dias, Xiao nunca reconhece verbalmente que ele gosta de estar ali, com ela. E ouvi-lo dizer isso faz Lumine se afundar mais ainda naquele sentimento macio e acolhedor que é o amor que ela sente por Xiao. 

— Eu fico feliz em ouvir isso, Xiao. — Lumine diz feliz — E eu também gostei. Eu sempre gosto de passar tempo com você. 

Ela boceja cansada, e com a mão dele que ela ainda segurava ela puxa ele para mais perto, abraçando ele. Os braços dele não hesitam mais em envolvê-la, como antes ele fazia. Lumine se acolhe naquele abraço, fechando os olhos. Se sentindo protegida e segura. 

— Eu sempre gosto de ficar com você. Ainda mais assim… — ela murmura, e agora que seus olhos estão fechados é difícil forçar que eles abram de novo — Queria poder ficar assim pra sempre. 

Xiao chama seu nome, mas ela não presta muita atenção. O sono já tomava conta de toda sua consciência, e os fortes braços ao redor dela a mantém firme e quente. 

Lumine mal percebe quando Xiao carrega ela no colo, passando um braço por debaixo de seus joelhos e o outro segurando as costas dela. Ela apenas segura o tecido da roupa do Adeptus, seus sentidos repletos de Xiao: o cheiro de Xiao, o toque de Xiao, o som das batidas do coração de Xiao. 

Ela percebe, no entanto, quando ele deixa ela na cama. Ele se afasta levando consigo todo o calor e conforto junto e Lumine abre os olhos com dificuldade, agarrando a mão dele. 

— Fica. — ela pede, e ela vê ele pronto para negar — Eu sei que Adpti não dormem… mas fica comigo essa noite. 

Xiao observa ela com aqueles belos olhos e Lumine não pode evitar se apaixonar cada vez mais. Ela puxa de leve, e Xiao cede. Ele tira os sapatos e sobe na cama, hesitante. Lumine se vira para pegar a coberta e cobrir os dois, abraçando Xiao com delicadeza. A respiração dele aos poucos desacelera, e as mãos dele seguram Lumine com delicadeza. 

Ela suspira contente, escondendo o rosto no peito dele. O som do coração dele vai aos poucos guiando ela de volta para o sono, e talvez seja só coisa da cabeça dela, mas ela sente o próprio coração sincronizar com o dele, os dois batendo juntos ao mesmo tempo, como se eles fossem uma pessoa só, uma só alma. 

— Obrigada. — ela diz antes de se deixar levar pelo sono — … Eu te amo, Xiao.

Xiao fica em silêncio por um instante, mas Lumine não esperava que ele respondesse de qualquer jeito. 

Então, quando ele responde num sussurro "Eu também te amo, Lumine", ela finalmente dorme com um sorriso no rosto. 

Boa noite, Xiao [xiaolumi]Onde histórias criam vida. Descubra agora