Prólogo

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06/03/2018

O sangue, ainda fresco, marcava todos os lados daquela cozinha sofisticada, os móveis planejados — e caros —, de cores claras, agora estavam manchados do mais vivo vermelho. A faca ainda estava na mão dela, pingando o líquido e manchando seu terno cinza. As lágrimas escorriam em sua face. Como tinha ido parar ali naquele momento? Como aquele terrível assassinato tinha acontecido?

Augusto, seu chefe, estava se separando e não tinha herdeiros. Quem encontraria o corpo? Quem resolveria tudo o que aconteceu ali? Catarina não sabia como explicar. Também não sabia o que diria ao marido. Melina, sua filha, com toda certeza perguntaria o que tinha acontecido para a roupa tão linda da mamãe estar suja daquele jeito.

Como ela iria buscar os filhos suja de sangue? Como sairia daquele prédio naquela situação? Ela não sabia o que fazer. O corpo que, cheio de cortes, ainda borbulhava o líquido escarlate, manchando o tapete.

Será que deveria ligar para a polícia? A faca ainda estava em sua mão. Por que mesmo ainda segurava aquilo? Decidiu colocar o objeto em cima da bancada, para decidir o que faria.

Ouviu a porta ser aberta, e sentiu um arrepio percorrer sua coluna. Ela não deveria estar ali. Ninguém mais deveria. Nem mesmo Augusto. Deveriam estar na empresa, trabalhando — e, principalmente, vivos.

Virou-se para ver quem era seu socorro, mesmo que não tivesse chamado ninguém. Vendo duas fardas policiais, não sabia se sentia alívio ou medo. Sua visão ficou nublada. Seu coração começou a palpitar.

— Flagrante — disse um dos policiais. Seus olhos, cor de terra, olhavam para a mulher como se já tivesse resolvido o que aconteceu ali.

O outro policial, de olhos cor de mel e mais suaves, aproximou-se dela. Com calma e cuidado para não interferir na cena do crime. Com uma cautela maior ainda, pegou os braços da mulher, que não resistiu, e colocou as algemas.

O metal gelado tirou Catarina do transe, mesmo que ela ainda não estivesse entendendo o que estava acontecendo ali...

Nem as palavras do policial calmo ajudaram a clarear a perturbada mente da mulher, que só conseguia tentar encontrar uma forma de explicar ao marido tudo que aconteceu ali.

— A senhora está sendo presa por assassinato...

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