Sem peso

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Depois da noite inteira pensando no que eu falei para meus pais, tomei um banho quente, exausto da correria rotineira, a coragem que havia tido sem duvidas não sei de onde surgiu, mas estou finalmente em paz em não ter que esconder aquilo que estou sentindo, nem eu acreditava que havia falado tudo o que pensava, muito menos que seriam tão compreensivos comigo.

Coloquei minha cabeça em meu travesseiro, fiquei encarando o teto por algum tempo, tranquilo e sem pensar em muita coisa, o cansaço já estava batendo, adormeci minutos depois sem delongas.

Mais um dia de trabalho cansativo iniciava, preparei meu café solúvel que não dispenso, precisa ser extra forte e de uma marca que hoje em dia não consigo viver sem, literalmente virginiano que não gosta de mudanças predomina nessas horas, comecei a falar com minhas amigas por mensagens tudo o que rolou na noite anterior, elas sempre me aconselharam a falar, mas respeitei meu próprio momento, por elas isso já teria acontecido a décadas atrás, porém eu acredito que tudo tem seu momento certo e mesmo que tenha momentos que as palavras precisam ser ditas, se você não está pronto para o impacto não adianta se precipitar, estar seguro de si é um passo muito importante, saber que você vai estar ali por você mesmo independente do que aconteça.

Segui o meu dia normal de trabalho, foi um dia mais calmo, mas mesmo após o desabafo a ansiedade ainda estava ali, ao contrário do que muita gente pensa a ansiedade não é causada apenas por uma coisa que acontece em seu dia e sim uma sequência de pequenas coisas que te deixam desconfortáveis, nas terças e segundas não trabalho a noite é quando eu mais consigo sair com minhas amigas para barzinho ou ir até a praia para ir beber, liguei para Luana e seguimos até Santos uma cidade vizinha, estávamos animados com o que eu havia contado, sempre omiti grande parte da minha vida dos meus pais, era como se uma parte minha ficasse de fora.

- Oi miga, como você tá? Perguntei abraçando ela forte.
- Estou bem, ainda chocada que você tomou coragem, ainda bem. - Disse ela me dando um beijo.
- Vamos para o burgman mesmo Pedro? - Indaga ela me olhando para confirmar.

Na região de Santos esse é um bar que tem em vários pontos da cidade, vamos sempre no que fica em direção ao canal dois, uma denominação que temos por aqui, sentamos e ficamos olhando os carinhas de lá, um deles minha amiga já conhece de vista, pedimos o de sempre, batata frita com cheddar e bacon e dois chopps para acompanhar, sim isso é o que pedimos todas as vezes que nos encontramos aqui, sem falar que aceita nosso vale refeição, tem coisa melhor?

Seguimos noite a dentro conversando sobre como foi falar com meus pais sobre minha sexualidade e quais eram os novos contatinhos da Luana, ela é simplesmente uma das mulheres mais lindas que conheço, tem minha estatura, branca de olhos puxados, mas não é oriental, ela é descendente de índios, seu cabelo preto escorrido com um sorriso que contagia.

O restante da noite se seguiu conversando amenidades já que não nos vemos mais todos os dias, a Luana foi um dos presentes mais incríveis que a vida pode ter me dado, a compreensão, loucuras e sentimento intenso um com o outro de confiança, foi uma amizade que eu não esperava por sermos de tempos diferentes da empresa e nossa afinidade foi crescendo pouco a pouco até chegar em sabermos uma coisa do outro que jamais pensaria, sabe aquela amizade que sabe algo seu tão íntimo que ninguém imagina? Pois bem é ela.

Uma coisa legal de se estar em Santos é a quantidade de comércios que se pode ir com diversas temáticas e diferentes tipos de comida, sem falar nos gatinhos insanos que correm na orla da praia, de todo um modo.

Minha ansiedade se desenvolveu ao longo da pandemia de toda a mudança brusca que fomos obrigados a ter devido ao corona vírus e estar se inserindo na sociedade novamente é muito bom, porém um desafio grande, mesmo que eu sinta falta do calor humano o receio do vírus e de locais muito lotados se tornou algo que perturba a minha mente.

Começou uma garoa leve, o local não estava tão cheio como o habitual, afinal dia de semana é mais tranquilo mesmo, fomos para as mesas cobertas esperando passar para irmos embora, a chuva pelo menos ao que eu sinto é como um evento pra nos deixar mais leves e essa sensação que ecoa dentro do meu eu, ela é tão intensa que fica difícil de entender muitas vezes o que ela quer naquele momento transmitir.

Sinto as gotas leves em meu rosto, fecho os olhos por um momento sentindo aquele ar gélido que tanto amo, aos poucos terminamos de comer e seguimos nosso caminho, eu para minha casa e Luana para dela.

Cheguei em casa e já mandei mensagem avisando, tomei um banho, coloquei minha roupa de dormir e deitei com meu fone escutando geleira do tempo da anavitoria, comecei a escutar as músicas delas recentemente e é tão intensa cada música, profunda com o sentimento unido na música.

Aproveitei que estava no celular para olhar meus e-mail's, porém não tinha nenhum que eu acha-se interessante, todos de venda, apaguei a luz do quarto e acabei adormecendo com a calmaria da melodia que a música trazia.

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⏰ Última atualização: Nov 12, 2022 ⏰

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