Throttled

02

Josh Beauchamp

Em vez de Santiago recuar, ele acelera.

Idiota filho da puta.

Toda a situação acontece em câmera lenta, como um filme, passando quadro a quadro. Eu, um espectador inútil. O chefe da equipe de Bandini grita no meu ouvido sobre recuar, mas o som de metal sendo triturado me diz que é tarde demais.

O carro de Santiago entra em contato com o meu a cerca de trezentos quilômetros por hora, um acidente catastrófico do qual não vou me recuperar. Eu amaldiçoo quando as rodas do meu carro levantam do chão e eu acabo no ar. Porra, voando antes de fazer contato com a estrada.

Meu carro de corrida capota duas vezes e arrasta pelo pavimento, faíscas voando ao redor da minha cabeça, cimento a uma distância de toque. Obrigado, porra, pelo halo protetor.

O som estridente de aço raspando machuca meus ouvidos até que meu carro para de se mover. Respirações
irregulares deixam meus pulmões, empurrando minha garganta apertada.

— Josh, você está bem? Alguma lesão possível? A equipe de segurança está a caminho.

— Negativo para qualquer lesão. Aquele pedaço de merda me atingiu, me nocauteou como um carro de choque. — A raiva passa por mim com o descuido de Santiago. Estou pensando em socá-lo no momento em que ele entrar na sala de relaxamento após o Prêmio. Tirar esse sorriso de menino bonito do rosto dele.

— Ah, merda! Josh , prepare-se!
Um arrepio desce pela minha espinha.

Incapaz de me mover com meu corpo preso, sento enquanto o carro de Jax gira antes de bater no meu, a virada de antes me deixando vulnerável a outro golpe. Puta merda.  Meu corpo estremece e minha cabeça salta dolorosamente contra o encosto de cabeça enquanto nossos carros giram fora de controle. O golpe me sacode, meu corpo doendo de maneiras que eu não pensei ser possível.

Posso dar um beijo de adeus na minha vitória no campeonato. Tudo graças a Santiago e sua estupidez, fazendo um movimento que ele não deveria ter feito para ficar segundos à frente. Imprudente pra caralho da parte
dele. Minha cabeça fica nublada conforme a adrenalina passa e meu corpo cede à dor.

— Vai se foder, Santiago. Aproveite a sua vitória no campeonato porque será a última. — Eu não dou a mínima para todo mundo ouvindo o rádio do meu time. Deixe os fãs e ele saberem que eu odeio sua coragem. Santiago pode agir como um ganhador agora, mas eu voltarei para ele. O idiota começou uma luta que não vai ganhar.

Pontos negros embaçam minha visão, a combinação de estar de cabeça para baixo e ser atingido duas vezes é demais para o meu corpo aguentar. Estou totalmente indefeso enquanto a equipe de segurança trabalha para posicionar meu carro com o lado certo para cima. Eu fervo em meu humor tóxico e bato minhas mãos contra o volante com as marteladas do meu coração.

Eu resmungo para os paramédicos que verificam se há algum ferimento. Meu corpo ganha um “tudo ok” sem nada para relatar, exceto por um ego machucado e pressão alta. A equipe de segurança me deixa nas suítes do Bandini, e eu passo pela equipe do box, sem interesse em gentilezas ou palmas falsas nas costas me dizendo como tudo vai ficar bem. Não quero ouvir as pessoas dizerem como vou vencer o campeonato no ano que vem.

Subo os degraus para minha suíte de dois em dois, pronto para quem espera atrás das portas. Meus pulmões queimam de tanto respirar fundo. Porra, mais parecido com dez respirações, dentro e fora, o ritmo finalmente me acalmando.

Abro a porta para encontrar duas pessoas que prefiro não ver tão cedo. De preferência, não nos próximos dez anos, mais ou menos. Meu pai caminha pela pequena suíte, seus ombros largos comandando o espaço, o peito arfando para dentro e para fora com o ritmo de seus pés. Seu cabelo escuro parece despenteado pela primeira vez e seus profundos olhos azuis estreitam-se em mim. Minha querida mãe está em um sofá cinza. Seus olhos gelados não encontram os meus enquanto ela encara suas unhas. Cabelo loiro perfeitamente penteado, seu corpo está apoiado nas almofadas como a modelo que ela é.