Perfect Duet

Reencontro Parte 1

Todos em Pedra do Dragão estavam se preparando para a grande viagem que fariam para King 's Landing a fim de resolver os assuntos que rodeiam a sucessão do Lorde Corlys Velaryon.
Lucerys, o segundo filho da princesa Rhaenyra, era o principal motivo para todo aquele alvoroço; era filho de Laenor Velaryon, ao menos carregava seu sobrenome, mas os boatos de que era um bastardo já percorriam todos os Sete Reinos e Vaemond, irmão de Corlys, não aceitava que o pequeno sucedesse seu irmão e ocupasse o trono de madeira como Lorde de Driftmark.
Todavia, enquanto todos se preocupavam em assegurar a posição de Lucerys como futuro herdeiro de Driftmark, o pequeno Velaryon, que nunca quis assumir o trono de madeira, tinha Aemond como uma preocupação constante; já tinham se passado 7 anos desde que havia, após uma briga e numa tentativa de proteger seu irmão mais velho, arrancado o olho do tio com uma adaga.
Lucerys nunca se esqueceu do que havia feito a Aemond e se arrependeu amargamente durante todos os dias desde que se afastaram um do outro.

Temia pela forma que seria recebido pelo tio quando retornasse depois de quase uma década sem um pedido de desculpas... Nem ao menos saberia dizer se conseguiria o encarar depois do que havia feito.

E mesmo com aqueles sentimentos intrínsecos dentro de si, nada Lucerys poderia fazer se não partir junto a sua mãe e irmãos, e Daemon, para King's Landing a fim de uma audiência com o rei para resolverem os problemas quanto a sucessão do seu "avô paterno".
A viagem até King 's Landing foi rápida montada no seu dragão Arrax, sobrevoando o mar e a cidade na companhia de Jacaerys e Vermax.
Nos anos que se passaram Lucerys se aproximou ainda mais do seu irmão, treinavam e estudavam juntos, mas Jace nunca conseguiria suprir o espaço deixado por Aemond.

Foram recepcionados e levados pelos corredores da fortaleza vermelha.
O pequeno lembrava-se bem daqueles corredores, mas algumas coisas pareciam diferentes, como a ausência dos símbolos da casa Targaryen e a adição de símbolos da fé dos Sete.
Foi levado junto a Jacaerys até o quarto que ficariam, o mesmo que dividiram durante a infância.

Luke caminhou até a janela do cômodo, observando toda a propriedade que rodeava o castelo.

—O que acha de descer até o campo de treinamento? —Sugeriu ao se aproximar do irmão caçula, apoiando a destra em seu ombro. —Tenho certeza que ainda tem a marca que você deixou com a espada no portão, esse dia foi hilário!

Riu do seu comentário, lembrando-se dos eventos que antecederam acertar o portão de madeira com sua espada. O problema era que tudo sobre sua infância envolvia Aemond, e pensar no tio não o ajudava em nada no momento.

—Você vem ou não? —Perguntou Jace mais uma vez ao que o caçula confirmou com um menear de cabeça.

Os dois desceram da torre em que estavam, passando pelos longos corredores da fortaleza vermelha até chegarem ao local que costumavam treinar com os tios quando eram crianças.
Durante o trajeto até chegarem no local, e após chegarem, Lucerys notou os olhares de todos e os cochichos. Sabia que o assunto era bastardia dos dois e se sentia incomodado em receber toda aquela atenção desnecessária.
Seus ombros se mantinham curvados e sua cabeça baixa, suspirando ao observar algumas espadas expostas sobre uma mesa de madeira.

Ao contrário de Luke, Jacaerys sentia alguma excitação com o retorno daquele local, ignorando ou não percebendo aqueles olhares e cochichos sobre ambos.

Os dois tiveram uma rápida conversa quando o mais velho dos filhos da princesa Rhaenyra percebeu como estava seu irmão, mas foram interrompidos pelos sons emitidos pelo embate que acontecia não muito distante de onde estavam.
Jace e Luke caminharam para ver a luta, mas o pequeno se arrependeu ao ver que Aemond era quem participava daquele combate contra Sor Criston Cole.
O pequeno Velaryon ficou observando o tio fixamente, notando o quanto Aemond havia crescido nesses sete anos, muito maior do que estava e até mesmo que Jacaerys que era seu irmão mais velho.
Não só Aemond havia crescido bastante, como parecia ter se tornado um guerreiro extremamente habilidoso e feroz em combate.

E ao final, quando ganhou de Criston, Aemond virou-se para os sobrinhos com um pequeno sorriso zombeteiro em seus lábios, dizendo:

—Vieram treinar, sobrinhos?

E apesar do que dizia para ambos, a atenção de Aemond parecia o pequeno Lucerys que ao notar isso recuou em um passo atrás de Jacaerys, curvando sua cabeça sem conseguir encarar seu rosto.
Notou que o tio agora usava um tapa-olho e, de certa forma, apesar dos acontecimentos, achou que o acessório lhe caiu bem, deixando-o com um certo ar de imponência.
Antes que Jacaerys pudesse dar uma resposta a Aemond quanto a sua pergunta, fora interrompido pela chegada de Vaemond Velaryon e seus filhos.

Lucerys então ergueu seu rosto e olhou Aemond de soslaio, notando que ainda tinha total atenção do Targaryen.
Engoliu em seco e virou seu rosto, sentindo suas bochechas quentes.

Enquanto Jacaerys continuou no local para relembrar os anos em que esteve na Fortaleza Vermelha, Lucerys decidiu descer até o fosso dos dragões a fim de passar algum tempo com Arrax.
O Velaryon precisava de algum tempo sozinho para esquecer o rápido encontro que tivera com Aemond, colocando sua cabeça no lugar.
Precisava se lembrar todos os dias que apesar do arrependimento que sentia por ter ferido Aemond, não era o grande culpado já que estava apenas defendendo seu irmão e suas primas dos ataques do tio.

Lucerys nem ao menos reconheceu Aemond naquele dia pois ter domado um dragão, ainda mais sendo Vhagar, mudou o tio tão rapidamente!

E estava acariciando o rosto de Arrax quando pode ouvir alguns passos próximos de onde estava e então uma voz familiar logo em seguida.

—Quanto tempo, Luke!