Tinha eu 9 anos, apenas 9 anos, quando entrei num mundo onde só há dor, morte, traição, odio e ilusão. Aprendi que a vida não é o que eu achava que era, já não via o mundo da mesma maneira. Descubri que o ser Humano é mau, arrogante e por vezes doente, doente de obcessão. Matavam-se uns aos outros, drogavam-se, iludiam, enganavam, e roubavam, e tudo isto para seu bem estar.
Tinha eu 9 anos, quando me deram a noticia da morte do meu pai. Doeu, fez um buraco dentro de mim. O meu chão caiu, eu caí dentro de um poço, não via luz, era tudo preto, como se toda a minha esperança acabasse.. O meu pai, o homem que me deu a vida, que me amou, e que me chamou de filha. A minha mãe não me deixou vê-lo, não quis que eu fosse à colombia. Mas eu queria, eu tinha que ir ver-lo, eu precisava de lhe dizer adeus. Precisava ver se era verdade.. Porque a realidade é que até agora, depois destes anos todos eu não acredito, não acredito que ele se foi, não acredito que eu não tenho pai.
Eu sentia um buraco enorme, um buraco que não tinha remendo, não havia maneira de o consertar, bem queria trazê-lo de volta, voltar a estar com ele. Só queria um ultimo adeus, um ultimo abraço, uma ultima palavra.. Só o queria mais uma vez.
Hoje sou uma pessoa diferente daquilo que era há uns anos atrás. Eu não me reconheço, eu não sei quem sou eu neste momento. Pûs uma mascara que acabou por tornar se o que eu sou hoje, uma pessoa fria, que finge felicidade mas que na realidade só sente dor, insegurança, odio e pouco amor.