C A P Í T U L O 4

82 7 6
                                    

 Depois de lavar o rosto, enxuguei-o e tentei reduzir o frizz do meu cabelo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

 Depois de lavar o rosto, enxuguei-o e tentei reduzir o frizz do meu cabelo. Abri a porta e dei de cara com Luiza. A feição dela não era nada boa; parecia que ela estava prestes a me dar um sermão de 100 anos. Nunca duvidei de que isso aconteceria.

— Está tudo bem? — perguntei, fechando a porta atrás de mim e forçando um sorriso nervoso.

— Eu que pergunto — ela cruzou os braços de forma autoritária. — Você não pode trabalhar passando mal. Vá para casa, se recupere e descanse um pouco. É disso que você precisa — disse, apoiando uma das mãos sobre meu ombro.

— Estou bem, Lu — tentei tranquilizá-la, fazendo meu sorriso parecer o mais sincero possível. — Foi só um mal-estar, mas estou muito bem agora. O Alex tinha que ser um Maria Fifi mesmo, hein! — resmunguei, segurando a risada.

— Ele estava estranho, então o obriguei a falar — deu de ombros, convencida.

— Tinha que ser. Vou voltar ao trabalho — Luiza resmungou algumas coisas, mas eu saí rapidamente, deixando-a falando com a parede.

A única coisa que eu desejava era não encontrar meu pesadelo novamente; seria torturante. Por sorte, ele não estava mais lá, e sim um senhor de idade. Sorri em pensamento, agradecendo a Deus por me livrar daquela situação.

[...]

Destravei a tela do meu telefone enquanto Alex acabava de fechar a lanchonete com Luiza e Gregory, outro funcionário. Não sou muito próxima de Gregory; no máximo trocamos algumas palavras. Ele é sempre sério e reservado de um jeito misterioso, mas eu não tinha a mínima vontade de desvendar esses mistérios.

— Quer que eu te leve em casa? — Alex acenou com a chave do carro balançando na mão.

— Não precisa, vou passar no mercado antes de ir para casa. Posso pegar o ônibus tranquilamente. Mas obrigada — olhei para o relógio, que marcava 17:55. Precisava andar mais rápido para pegar o transporte coletivo às 18:15 ou teria que ir a pé.

— Tem certeza? Eu posso te levar e podemos voltar juntos — ele insistiu.

— Agradeço muito por ser tão bondoso comigo, mas você tem sua faculdade e pode acabar se atrasando. Não se preocupe comigo, eu sei me cuidar — pisquei de modo cúmplice, fazendo-o rir.

— Tudo bem... Me liga quando chegar em casa — assenti e comecei a caminhar até o mercado mais próximo.

Consegui comprar o que precisava com facilidade, pois conhecia cada fileira do mercado perfeitamente. Caminhei até o ponto de ônibus com algumas sacolas nas mãos e senti um desespero ao ver o veículo que eu precisava saindo do local onde eu deveria estar. Tentei correr, mas foi inútil; estava tão ferrada que, se estivesse de TPM, teria chorado horrores. No entanto, tentei me manter calma.

Então voltei a caminhar, desta vez em direção à minha casa, o que seria longe e possivelmente perigoso para uma garota sozinha na rua. Comecei a ficar nervosa ao sentir um movimento estranho atrás de mim, tive a impressão de que algum carro estava me seguindo. Para piorar, assim que eu dobrava a avenida, o carro fazia o mesmo percurso. Me segurava para não sair correndo, mas meus passos estavam largos e minha respiração ofegante. Meus olhos se arregalaram quando o automóvel acelerou e ficou bem ao meu lado. Mesmo com muito medo, olhei para ver o que aconteceria, e meus olhos se acalmaram um pouco ao reconhecer a pessoa que dirigia o carro.

— Quer uma carona? — Seu sorriso era o mesmo, não havia mudado nada, além de um rosto mais maduro. Fora isso, não havia nada de diferente.

— Você acha que eu aceitaria carona de estranhos? — falei sem pensar, meu coração ainda batia acelerado pelo susto, ou pelo menos me convencia de que era por isso.

— Nossa! Me senti ofendido. Sou um estranho para você, Jheniffer? — Ele deu ênfase ao meu nome, fazendo-me tremer levemente.

— O que você quer? — perguntei, não escondendo minha raiva. — Olha, é melhor me deixar em paz ou... — senti alguns pingos de chuva me molharem e percebi que não seriam apenas gotinhas. Então, fiz questão de andar o mais rápido possível, deixando meu pesadelo sozinho e orando para que ele fosse embora.

O que não funcionou.

— Tem certeza de que não quer uma carona? Só vou te deixar em casa, não vai te fazer mal algum, ou vai? — Revirei os olhos, sentindo minha roupa quase grudando no meu corpo conforme a chuva piorava.

É engraçado como o clima aqui é tão bipolar: uma hora é um sol escaldante e, na outra, uma chuva torrencial.

— Só vou aceitar porque não quero morrer se algum raio cair na minha cabeça — ele riu e abriu a porta do carro. Eu entrei, me repreendendo cruelmente por estar ali.

Era óbvio que iria me xingar de todos os tipos de xingamentos bíblicos assim que estivesse sozinha em casa.

— Continua teimosa como sempre, não é, Jheni? — Heitor me chamou pelo apelido, o que me fez lembrar de alguns momentos.

Naquela manhã, eu havia voltado para casa tranquilamente; era uma das raras vezes que isso acontecia. O garoto tinha tirado um sorriso natural do meu rosto, algo que eu nem compreendia.

Durante toda a semana, Heitor fez questão de ficar ao meu lado. Nossas conversas fluíam naturalmente e dávamos altas gargalhadas. Eu ria com tanta facilidade que até estranhava meu próprio comportamento. Me sentia bem, confortável e alegre ao lado dele, mas foi aí que percebi algo diferente: quando os olhos de Heitor se cruzavam com os meus, eu sentia um nervosismo, mas também amava o jeito como ele me olhava. O jeito como nos comunicávamos.

— Posso te dizer uma coisa? — Heitor, que estava sentado ao meu lado, se aproximou e segurou minhas mãos.

— Pode sim. — Sorri, mesmo sem saber o que esperar.

— Eu acho que gosto de você... Estou apaixonado por você, Jheniffer. — Meu coração palpitou no peito. O sentimento explodiu, e meu sorriso aumentava a cada momento que eu processava o que Heitor havia me dito.

Ele gostava de mim, e eu também.

— Eu também gosto de você, Heitor. — E foi ali o meu primeiro beijo, inocente e levado pela paixão ardente em meu coração.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 07 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Perdão que reconstrói.Onde histórias criam vida. Descubra agora