O sequestro e a salvação

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San Sebastían—Espanha 2017

Karen:

Mortos.
Estavam todos mortos.
Meus pais, meus irmãos, meu tio.
Toda a minha família estava morta bem ali na minha frente.
Meu rosto ainda ardente por causa dos tapas que levei, agora estava coberto de lágrimas, e minhas mãos, vermelhas de sangue.
—Vamos logo garota!—um dos assassinos segurou em meu braço—Levante-se logo!
—Me solta!—o empurrei.
Corri até  minha mãe e me ajoelhando no chão, abracei seu corpo.
—Malcriada!—ele segurou novamente meu braço e me esbofeteou o rosto de um lado e do outro.
—Já chega!—o maldito Stanley disse—Levem ela paea a Van logo, antes que alguém apareça!
Ainda sob gritos e protestos, eles me arrastaram para o carro e levaram dali a força.

Alessandro:

Roma—Itália

Senti faltar terra abaixo dos meus pés quando vi o maldito Paolo arrastando Elena  pelos cabelos para fora do carro.
—Aqui está a maldita cadela!—ele disse jogando ela no chão e apontando a arma contra ela!—Como vai ser?
—Não toque nela!—falei apontando para ele e seus capangas—Eu trouxe o que você me pediu.
—Agora estamos tendo uma conversa civilizada!—ele disse sorrindo—Passa para cá!
Fiz sinal para Angelo  e ele levou pasta de diamantes para ele.
—Temos um acordo!—ele cutucou Elena com a ponta da arma—Você... Vai logo!
Ela olhava para mim com os olhos marejados.
Eu estava faíscando de ódio.
Balancei a cabeça para ela e sorri dizendo que estava tudo bem.
Elena se levantou devagar do chão e começou a andar em minha direção.
Sorri ainda mais, lhe passando segurança.
Ela estava muito perto de mim agora.
—Pensando bem...—ele disse disparando contra ela.
—Alessandro!—ela gritou ao receber o tiro.

—Elena!—gritei ao acordar.
Era só um pesadelo.
Aquele pesadelo que sempre me atormentava.
A mulher que eu não pude salvar.
Me levantei e me certifiquei de que estava com meus dois pés firmes no chão.
Meu sono havia ido embora completamente.
Fui até a cozinha e bebi um copo de água, então, retornei para o quarto, peguei notebook e comecei a trabalhar.
Mas, por algum motivo, eu não conseguia me concentrar no trabalho.
Então, tomei um banho, me troquei e saí para dar uma volta de carro.
—Onde vai Alessandro?— Angelo perguntou.
—Preciso dar uma volta!—falei simplesmente.
—Teve o mesmo pesadelo?—ele questionou.
Ele me conhecia muito bem, e além do mais, ele estava comigo quando tudo aconteceu.
—Tudo bem, eu vou com você!—ele disse—Rocco, Bruno, Luigi, Marco, Carlo e Mario, venham conosco!
Sorri da forma como ele falou.
Entrei no carro e esperei que ele desse partida.
—Onde quer ir?—ele perguntou deixando o hotel.
—Só quero caminhar um pouco!—falei.
—Ok!—ele disse concordando—Vamos beber então!
Sorri da expressão dele.
Angelo dirigiu em silêncio até uma rua quase deserta.
—Porcaria!—ele disse—Não tem um bar aberto.
—Claro Angelo!—falei—Já passa da meia noite, todos fecharam as portas!
—Tem um bar ali!—ele disse estacionando perto do lugar.
—Isso é uma boate!—falei ao descer—Não um bar!
—Provavelmente tem um bar lá dentro!—ele disse—Vamos!
Foi só entrar para percebermos que aquela não era uma boate qualquer, e sim uma casa de prostituição!
—Vamos beber!—ele disse indo até o bar.
Pedimos dois Wiskys e observamos as mulheres dançando no palco.
—Quer uma?—ele perguntou.
—Não!—revirei o Wisky na boca—Nenhuma delas me interessa!
—Ei cara!—Angelo chamou a atenção do barman—Não tem nenhuma garota de parar o trânsito aqui não? Uma diferente dessas?
O barman olhou para ele e então cochichou com o segurança que pareceu falar com alguém ao celular.
Depois de uns minutos um homem de cerca de 35 a 40 anos apareceu seguido por uma garota.
—Foi aqui que pediram uma novidade?—ele questionou.
—O quê você tem aí?—Angelo perguntou.
O homem segurou no braço da garota e a puxou para a frente.
—Essa beleza aqui é pura como água!—ele disse tirando o roupão da garota que abaixou a cabeça constrangida—Nunca foi tocada por homem nenhum, te agrada?
Olhei para a garota de cabeça baixa, de corpo ela era bem bonita, mas é o rosto?
Segurei em seu queixo e o ergui.
Longos fios de cabelos negros caíam-lhe sobre o rosto, olhos azuis e lábios avermelhados completavam a perfeição daquela garota.
—Me agrada!—falei.
—Só que, por ser a primeira noite dela, seu preço é mais caro!—ele disse—Dois mil euros, pode pagar por ela?
—Angelo!—falei segurando a mão da garota—Pague a ele!
—Sim chefe!—Angelo disse.

Karen:

Eu havia finalmente chegado ao fim do poço. De noviça a prostituta.
Eu estava aterrorizada.
Aquele homem misterioso me segurou pela mão e me levou escadaria acima, e então, se trancou no quarto comigo.
—Qual a sua idade?—ele perguntou tirando o paletó.
—Dezoito anos!—respondi cabisbaixa.
—Não é jovem demais para estar nesta vida?—ele questionou.
Apenas fiquei em silêncio e evitei contato visual.
—Eu não sei o que fazer!—contei.
—Não se preocupe!—ele disse me jogando sobre a cama.
Apenas fiquei quieta e deixei que ele fizesse todo o trabalho sozinho.
Foi doloroso, mas ele pareceu ser gentil, por algum motivo eu imaginei que se fosse outra pessoa, tudo fosse muito mais doloroso.
Vesti o roupão e olhei para ele terminando de se vestir.
Será que eu deveria?
Eu deveria me arriscar?
Deveria apostar minha vida naquele homem desconhecido?
—Vamos?—ele chamou.
Eu não tinha tempo para pensar. Agora era tudo ou nada.
Era melhor me arriscar a ser espancada ou morta, do que aceitar viver aquela vida cruel que as garotas ali viviam.
—Senhor!—segurei sua mão—Me ajude, por favor!
—Como?—ele perguntou confuso.
—Me ajude a sair daqui!—pedi me ajoelhando no chão—Eu não quero ficar nesse lugar, me tire daqui!
Ele olhou para mim sem entender nada.
—Eu não estou aqui por vontade própria!—contei—Eles mataram meus pais, minha família inteira e então me sequestraram e me trouxeram para esse lugar, me ajude a sair daqui, por favor!—implorei com lágrimas nos olhos.
—Eles te sequestraram?—ele perguntou—E você quer que eu te ajude?
Balancei a cabeça em afirmativa.
—E você ao menos sabe quem sou eu?—ele perguntou.
—Sei!—falei—Você é a minha única chance de sair daqui!
Ele apenas me olhou sério, segurou em meu braço e após me ajudar a levantar descemos escadaria a baixo com ele me levando pela mão.

Alessandro:

Aquela garota estava desesperada.
Ela chorava como se aquele lugar fosse a sua sentença de morte.
Ela estava amedrontada quando a levei até o maldito cretino que me vendeu a virgindade dela.
—Quero comprar essa mulher!—falei ao dono do lugar.
—Como?—ele perguntou confuso.
—Você entendeu bem!—falei—Quero comprá-la!
—Desculpe, não posso vendê-la!—ele disse—Ela é uma preciosidade, não quero me desfazer dela!
—Tem certeza do que está falando?—perguntei.
—Quer criar uma confusão?—ele perguntou irritado—Eu posso enxotá-lo daqui!
—Esta me irritando!—falei e meus homens se levantaram—Sabe com quem está falando?
O homem ficou branco igual a cera.
—Ou faz um acordo justo comigo, ou...—ameacei—Amanhã seu corpo vai ser encontrado  em uma vala!
—Vamos falar do valor!—ele disse.
Apenas sorri.
Aquele maldito desgraçado que se aproveitava de mulheres para ficar rico.
Cafetão desgraçado.

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⏰ Última atualização: Jan 31, 2023 ⏰

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