Um Só Coração

Capitulo 1

Luna acordou disposta, embora estivesse um pouco sonolenta, levantou, e foi tomar um café. Lá fora, enfim o tempo estava melhorando depois de alguns dias de chuva intensa. Ela se preparava para mais um dia na livraria, seu pai a ajudou a comprar a antiga livraria no centro da cidade. Chegou ao local, e começou a preparar o cronograma do dia, ver as contas e os livros que chegariam.

O sino da entrada tocou, e era sua prima, que usava um fone de ouvido e uma roupa de pista de corrida. Mila fazia suas corridas matinais, antes de seguir para o restaurante.
--Vejo que já está trabalhando logo cedo--disse, tirando os fones
--Tenho que organizar antes dos funcionários chegarem
--Me dá uma raiva disso--Mila foi vendo os livros na prateleira
--Ainda tenho que ver os livros que vão chegar
--Não entendo que como você pode gostar tanto de ler. É uma obsessão que tem
Luna a olhou torto com o comentário feito e deu de ombros.
--Imagino que não veio apenas por causa dos livros, não é--comentou, olhando a cafeteira que esquentava
--Eu pretendo fazer uma surpresa. Mas não pode contar pra ninguém, não até a hora certa
--o que você está aprontando ?
--Vou pedir a mão da Jade em casamento

Luna ficou feliz pela prima, ela e Jade namoravam há alguns anos, mas devido ao trabalho no restaurante, ainda não tiveram tempo para discutir sobre casamento.
--Fico contente por você, prima--sorriu animadamente
--E eu quero que você compareça ao meu noivado
--Pretendo ficar em casa. Ver um filme ou alguma série
Mila cerrou o fenho. Vivia insistindo que a prima saísse de casa.
--Você tem que ir. Desde que voltou, só pensa em ficar trancada em casa
--Tudo que eu quero agora é poder viver a minha vida em paz
--Vai ser bom pra você sair um pouco e quem sabe encontrar um gatinho
Luna franziu o cenho com o comentário da prima, a última coisa que queria era se apaixonar novamente. Não queria ter passar por tudo aquilo novamente.
--Essa hipótese está descartada da minha vida. Não quero sofrer novamente
--O que não pode é deixar que o trauma que passou lhe impeça de viver
Como se fosse fácil. Mas não era fácil esquecer os traumas e as cicatrizes que ainda estavam ali, na alma e no corpo.
--Queria que fosse tão simples, mas não é.
--Eu sei disso, prima.
Luna já refeita da emoção de relembrar o trauma, respirou e enfim decidiu ir a festa de noivado. Afinal que mal teria ir, e depois seria ingratidão com a prima que foi a pessoa que mais lhe ajudou e foi a quem procurou quando voltou à Los Angeles.

Luke estava sentado, impaciente na sala de espera. Ainda não sabia qual era a notícia, ele estava na aula de música, na escola onde lecionava quando seu celular tocou, e era uma policial que falou que tinha algo urgente a dizer, que não poderia ser dito por telefone. Interrompeu a aula e então correu até a delegacia. O lugar não era nenhum pouco agradável ou com aroma maravilhoso, muito pelo contrário, era sujo e com tipos estranhos ou esquisitos, desde bêbados até criminos comuns. E também havia prostitutas, vítimas de violência doméstica. Bem, como estupradores e pedófilos.

Luke teve seus pensamentos interrompidos quando um rapaz que devia ter menos de 30 anos o chamou, acompanhado por uma mulher de roupas chiques e com coques no cabelo.
A sensação era que havia uma coisa muito urgente. Pois a mulher estava ansiosa em querer contar algo logo.
--Sr. Ortiz, desculpe ter chamado assim--disse dando uma pausa--É que o assunto é urgente e diz respeito a uma antiga colega sua
--O que houve ?--Questionou Luke nervoso
--Bem, você conheceu Selena Wilson né?
--Sim--Assentiu afirmamente com a cabeça--Nós fomos namorados na escola
A assistente não falou nada. Deixando o clima bem tenso
--A Selena está bem ?
--Foi por isso que ligamos. Ela...--deu uma pausa procurando as palavras certas--Ela acabou falecendo
Luke estava em choque, de repente ficou surpreso. A moça contou que foi um incêndio e ela morreu axifiada pelas chamas que consumiu o prédio.  Estava chocado. Ele e Selena tiveram um relacionamento durante o ensino médio, mas depois perderam o contato e cada um seguiu seu caminho.

E agora estava diante da notícia da morte de Selena. O mundo parecia girar.
--O Sr ainda está aí--chamou a mulher Fazendo-o voltar para realidade.
--Estou. Só estou em choque
--Eu entendo, mas não é só isso que temos a dizer
--Como...
--Bem como a Selena acabou morrendo, ela deixou uma filha e...--a revelação viria a seguir--e você é o pai da menina
A expressão de Luke foi de total choque, ele jamais imaginava que tinha uma filha. Acreditava que Selena tinha ido à França onde cursaria culinária. Mas daí, veio a memória que uma vez quando se encontraram ela falou que tinha uma coisa a contar pra ele. E era a revelação que era pai.
--Deve estar sendo uma surpresa pra você
--E é uma surpresa. Eu não falava com Selena desde o fim do colégio
--Imagino
--Meu Deus. E a garota cadê?
a mulher pediu para que um policial trouxesse a menina.

Era uma garotinha fofa de 10 anos, e ela era exatamente a cópia dele quando criança, os olhos castanhos e o cabelo escuro e cacheado.
--Essa é Claire. Sua filha
Houve um silêncio na sala, Luke estava emocionado com tudo aquilo, e a menina ainda não estava entendendo.
--Você...você--gaguejou a menina--É meu pai ?
--E você é minha filha ?
A emoção tomou conta de ambos. E eles se abraçaram, passada toda a emoção.

A mulher explicou que eles teriam que passar por uma fase de adaptação, para que eles se conhecessem melhor. E que essa fase poderia ser difícil no começou e que os dois teriam que cooperar para ter sucesso. Luke concordou e saiu da sala. Ele era pai e tinha uma filha. Era uma surpresa e tanto, mas tinha medo de falhar e se não conseguisse? E se ele for um péssimo pai ? Ou se ele não a amaria o suficiente? Tudo isso passava em sua cabeça, mas teria coragem para poder dar amor e carinho a menina.