as últimas horas

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Faltavam apenas 5 horas até a viajem. Perguntei para minha mãe:
- mãe eu não posso ficar com a vovó?
-é claro que não Nina, sua vó já tem 97 anos, não fala direito, não anda, não cozinha, já não vê como antes, precisa de uma cuidadora. Não inventa moda por favor.
- poxa, mas então, assim eu posso cuidar dela.
- Nina!
- tá bom, foi uma tentativa.
Eu então me levantei e comecei a arrumar minhas coisas.
- essa blusinha eu vou levar, essa também, essa aqui nem ferrando, essa calça sim, essa também, essa não. Esses tênis, esses três chinelos, esse moletom..
Então eu peguei um papel e comecei a fazer a lista do que eu precisa levar.

- calças
- blusas
- moletom
- tênis
- chinelo
- babucho
- repelente
- escova ( dente e cabelo )
- laços de cabelo
- fones
- travesseiro
- coberta
- toalhas
- carregador
- tablete (para assistir durante a viajem)
- livros
- doces ( não esquecer de colocar na fronha do travesseiro para comer no caminho)
- refrigerante
- tintas
- pincel
- cremes
- perfume
Desodorante
[............]

fiz uma lista gigante.
- não posso me esquecer de nada !
- Nina? - disse minha mãe entrando pela porta do quarto.
-oi, está tudo bem? - perguntei
- está sim, queria ver como estão as coisas. Pelo visto você esta alegre né ? Hahaha
- olha, da viajem a melhor parte é fazer as melas, o resto eu já me cansei.
- hahaha, você vai ver ! Eu dei uma pesquisada e o lugar é lindo, tem vários Parques lá, tem tantas coisas legais que não tem aqui! - disse minha mãe passando o braço sobre meu ombro.
- mais não tem meus amigos, não tem um quarto irado no Sotam, não tem uma casa tão legal quanto essa, não tem o mesmo cheiro de lar, como aqui.
- Nossa quanta energia negativa, eu duvido que quando nos mudarmos e eu falar " vamos embora, vamos voltar para nossa antiga casa " você brigaria para ficar.
- eu duvido muito, mas vai saber né ? Hahaha
- bom eu vou terminar de fazer minhas malas porque já são 20:30. Como o tempo voou.
- pois é, nem acredito que vamos nos mudar daqui 2 horas e meia.
Eu comecei a finalizar minhas malas e desci para comer algo.
- Nina, venha até aqui para me ajudar a carregar essa caixa para o carro- disse meu pai
- Estou ocupada deixa aí, depois eu te ajudo
- NINAAAA, eu quero que você me ajude agora !
- Calma, eu só pedi 5 minutos
- nem 2, venha agora
Aquele não era o meu pai, não o mesmo de antes, ele havia mudado muito desde a semana passada.
- tô indo - reclamei
Eu o ajudei e então perguntei:
- o que tem aqui dentro?
- deixe de ser curiosa, não quero que mexa nessa caixa, não olhe para ela, não abra, não respire perto dela.....   - entendeu ?
- nossa
Eu levantei a caixa junto com ele e levamos até o carro.
- pronto, agora faça o que precisa fazer. - disse ele
Eu saí e fui comer. Peguei um pão, carne, queijo, presunto, mostarda tudo que eu podia pegar.
- Nina ? - disse minha mãe descendo as escadas.
- sim mãe ?! - respondi com um pedaço de pão na boca.
- pegou meu celular?
- não, nem vi ele
- putz, acho que eu perdi, liga para ele por favor.
Eu então peguei meu celular e comecei a ligar.
O celular começou a tocar dentro do bolso do meu pai.
- Manuel, por que você está com meu celular?
- e agora eu não posso, está me escondendo algo?
- claro que não, só não entendo por que você não disse que estava com você, era só ter falado " está comigo". Por que você estava saindo sem dizer?
- não sei vitória, que coisa.
Ele então me olhou com uma cara de raiva, eu não entendi, mas fiquei com medo. Vai saber o que ele estava pensando, ou por que ele não disse que estava com ele? O que ele ia fazer?
- pegaram tudo? - perguntou mamãe
- calma, preciso pegar mais uma coisa ! - disse correndo para meu quarto.
- não demora, você tem 20 minutos no Máximo.
- tá bom
- preciso deixar aqui marcado. Vou fazer um risco na parede, assim os próximos moradores não poderiam me excluir desse lugar, e eu vou deixar uma carta debaixo do colchão, para quando eu voltar, eu dizer que algo que me pertence ficou por aqui e eu vim buscar. Assim eu poderei relembrar da minha casa.
Assim eu comecei, escrevi uma carta, e fiz um risco bem grande na parede com minhas próprias unhas Fazendo um N disfarçado por dois riscos.
- Nina !  Vamos ! Se não vamos chegar lá só 10 horas da manhã
- já tô indo mãe.
Então eu peguei minha coisas dei uma olhada em meu quarto
- bom, aqui que termina tudo o que eu sempre quis que fosse para sempre. Vou sentir falta da minha cama confortável, da minha parede descascada, minha tv lá no teto, do meu quarto inteiro.
Começou a escorrer umas lágrimas, minha mãe apareceu do meu lado e me abraçou
- pelo menos vão ter novos donos que vão cuidar com muito amor.
- duvido
- dívida no carro, vamos
Eu então sai meio triste de cabeça baixa. Meu pai já estava buzinando impaciente.
- quanta demora! O que estavam fazendo?
- calma Manuel estávamos descendo as escadas.
- é pai, relaxa um pouco.
Ele então tirou o carro da garagem e então saímos.

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